BOMBEIROS MILITARES - MOBILIZAÇÃO - ALGUMAS IDEIAIS.

Em 2007, jovens Oficiais e Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros me ensinaram a maior lição dentre as que consegui aprender ao longo da minha vida castrense, um ensinamento que subvertieu alguns valores que me foram impostos ao longo de décadas e que estavam completamente ultrapassados no alvorecer do terceiro milênio, como eles demonstraram de forma inquestionável.
O grupo foi conhecido como os 40 da Evaristo, embora reunisse um número bem maior de integrantes. A denominação foi de autoria do jornalista Gustavo de Almeida, na época pertencente aos quadros do Jornal do Brasil e atualmente trabalhando na assessoria de imprensa da PMERJ. Salvo melhor juízo, ele atribuiu esse nome após a realização de uma reunião de representantes desse grupo com o último Comandante Geral da Polícia Militar, Coronel de Polícia Ubiratan de Oliveira Angelo, realizada no Quartel General, situado na Rua Evaristo da Veiga. Daí os 40 da Evaristo.
Eles me ensinaram que diante da gravidade da situação vivenciada na PMERJ e no CBMERJ, sobretudo com relação aos desvios de conduta e ao descaso político com as Instituições e com os Bombeiros e Policiais Militares, as vias normais de reclamação, por assim dizer, próprias do militarismo (relatórios, participações, etc), não tinham mais qualquer efeito prático. Era importante lutar pela cidadania plena dos militares estaduais e para isso era indispensável levar as nossas demandas para as ruas, ordeira e pacificamente, para informar à população e forçar os políticos a reconhecer o nosso valor, o valor dos que arriscam a vida em defesa da população, isso diariamente.
Confesso que não foi fácil a adaptação, era inimaginável vivenciar Coronéis de Polícia que tiveram o início profissional no período dos governos militares, participando de passeatas, carregando faixas e cartazes em atos públicos. Lembro que ouvi isso várias vezes de companheiros:
- Paúl, não leve a mal, mas em passeata eu não vou.
Venci todas essas barreiras e aprendi tão bem a lição que inúmeras vezes fiquei sozinho na rua falando ao megafone, panfletando, exibindo faixas, conversando com a população, tendo como companheiro unicamente o Excluído Fardado (conheça o boneco).
Na posse do atual ocupante da cadeira 1 da PMERJ eu fiz isso, em frente ao Quartel General, embaixo do salão nobre, onde Sérgio Cabral, Beltrame e outros faziam mais um troca de comando às escondidas. Logo soube que alguns Coronéis que estavam na solenidade tinham me comparado ao profeta Gentileza, aguns chegaram até as janelas para me ver.
Logo me vi em outras mobilizações cívico-democráticas na luta por interesses de outros grupos, gostei de exercer a cidadania.
O Coronel se transformou em um cidadão brasileiro pleno, mas para alguns o Coronel se transformou em um sindicalista, um candidato, pensem o que quiserem.
Esse novo Paúl, não teve qualquer dificuldade em se "infiltrar" na mobilização dos Bombeiros Militares, iniciada no dia 17 ABR 2011, o que certamente está provocando cólicas nos Oficiais do CBMERJ que não tem a coragem de ombrear com a tropa, o que é uma obrigação e não uma opção, devo lembrar.
O líder militar entre o governo e a tropa, fica ao lado da tropa, não existe alternativa.
Feita essa longa introdução, penso que tenho o direito de continuar dando os meus palpites como integrante da mobilização, os quais devem continuar sendo vistos efetivamente apenas como ideias dentre um universo delas, a serem avaliadas pelos mobilizados.
Eis algumas:
PROPAGANDA É A ALMA DO NEGÓCIO.
1) O governo estadual não quer negociar, fechou todas as portas, isso é um fato. Tal realidade exige que a mobilização ganhe uma dimensão muito maior que a atual para pressionar o governo, as centenas precisam virar milhares, para que possamos alcançar o sucesso.
2) É vital estabelecermos dois lados claramente definidos, sobretudo para a população do Rio de Janeiro: o governo intransigente e os heróis do Rio de Janeiro (Bombeiros e Policiais Militares).
3) Um maior número de mobilizados só será alcançado com uma divulgação muito forte da luta por cidadania, portanto, a propaganda deve ser encarada como prioridade absoluta. Nesses dias que antecedem o próximo ato (10 MAI 2011), temos que panfletar nas cercanias (não no interior, onde a divulgação deve ser verbal) dos quartéis da PMERJ e do CBMERJ de todo o estado. Ter pelo menos um mobilizado em cada quartel das Corporações, o qual será o divulgador interna corporis, conversando com a tropa, lembrando que isso não é nem transgressão disciplinar e nem crime. Temos que alcançar um grau de divulgação tão grande de modo que no dia 09 MAI 2011, todos os PMs e BMs do RJ saibam que será realizado um ato no dia seguinte será realizado às 14:00 horas, na ALERJ. Não podemos esquecer de divulgar nas cercanias das Diretorias de Inativos e Pensionistas.
4) Levar familiares e amigos para os atos também é extremamente importante. A família BM e PM precisam estar presentes.
5) Não podemos esquecer os conjuntos habitacionais de PMs e BMs espalhados pelo Rio de Janeiro.
6) Além dessa divulgação para o nosso público, temos que alcançar a população, o que podemos fazer com panfletagens nos principais centros de movimentação popular e através da internet, usando os sites, os blogs e as redes sociais, além dos emails. Cuidado para não achar que a divulgação pela internet é suficiente, isso é uma falácia. A mídia está somando forças com o governo, mas não podemos deixar de aproveitar o espaço dela, encaminhando emails (fale conosco, carta dos leitores, etc), assim como, postando comentários nos artigos online, não importanto o tema da matéria.
7) As associações classistas podem ajudar muito colocando uma matéria paga nos jornais sobre o ato do dia 10 MAI 2011.
Divulgar é imprescindível, temos que lotar a ALERJ.
PAU QUE DÁ EM CHICO, DÁ EM FRANCISCO.
1) Temos que adotar procedimentos junto ao Ministério Público, CGU e Poder Judiciário. Ontem, algumas entidades classistas colocaram os departamentos jurídicos à disposição dos mobilizados, podemos usá-los.
Urge que formalizemos junto ao MP e à CGU comunicações sobre:
- A ação de Oficial (ais) do CBMERJ para impedir a decolagem do avião no dia 17 ABR 2011, assim como, pela apreensão arbitrária da faixa. O ideal é fazer um Registro de Ocorrência da DP sobre a aprrensão da faixa.
- As represálias adotadas pelo comando geral após um ato de cidadania, pacífico e ordeiro, realizado no dia 17 ABR 2011, como a imprensa noticiou. A instauração do IPM, as transferências, os memorandos, redução de escalas, etc, tudo feito logo após o ato. Temos que destacar que a alegada "necessidade de serviço", não consegue prosperar diante da transferência de Guarda Vidas para quartéis de fogo, o que inclusive desfalcou a orla da Zona Sul, como as escalas podem comprovar (postos cobertos com apenas um BM), colocando em risco à população.
- As ameças feitas contra a tropa durante reunião no GMAR da Barra da Tijuca (anexando CD com a gravação).
Tais formalizações são indispensáveis, não podemos esperar mais.
2) Recorrer ao Poder Judiciário para trancar os IPMs e a sindicância da CGU, bem como, para impetrar mandados de segurança e HCs preventivos, devem ser ações também inadiáveis.
3) Considero de suma importância a formalização das denúncias que circulam em todas as mobilizações, as quais podem até serem feitas de forma anônima: Disque denúncia, Corregedorias Internas, CGU, Ouvidoria de Polícia, ALERJ, etc. Nada adianta ficarmos conversando que fulano está há décadas fazendo compras para o corpo de Bombeiros, mesmo na inatividade; que existe um mercadinho que fornece notas frias para o CBMERJ e para a PMERJ ou que beltrano quando era do quartel tal fazia isso e aquilo. Isso é inócuo. As denúncias precisam ser organizadas e encaminhadas.
CONSTRUÇÃO DE PROVAS.
Filmem todas as mobilizações e cada mobilizado, isso é de suma importância para a comprovação de que os atos tem sido ordeiros e pacíficos, bem como para comprovar que os mobilizados são centenas, logo milhares e não meia dúzia de insatisfeitos.
Penso que essas sejam algumas ideias que merecem uma avaliação dos mobilizados.
Obviamente, estou à disposição para o desenvolviemnto de qualquer uma dessas propostas, necessitando apenas dos subsídios. Aliás, pelo menos uma das denúncias eu já formalizei no Ministério Público com os elementos que recebi, o denominado "mensalinho", mas ela pode ser melhor robustecida.
E por falar em cidadania, no dia 10 MAI 2011, será um grande prazer abraçar na ALERJ alguns Coronéis Barbonos e 40 da Evaristo...
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO