JORNAL DO BRASIL:
Rio
Hospital da PM tem janelas substituídas por paredes para evitar tiros.
Thiago Feres, Jornal do Brasil RIO - O Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Central da Polícia Militar, no Estácio, está murado. As janelas da unidade mostram que a luz do sol deu espaço a uma parede de tijolos que, segundo a PM, faz parte de “reformas”. Os funcionários, no entanto, têm outra versão: afirmam que foi a única maneira encontrada para proteger pacientes e equipe das balas perdidas que constantemente atingem o lugar, causando pânico em quem precisa circular pelo prédio central.
Localizado na Rua Estácio de Sá, número 20, o hospital foi construído em 1943 com a fachada principal voltada para o Morro de São Carlos, também no Estácio (Zona Norte). Com o avanço da criminalidade e a utilização de armas de longo alcance, a partir da década de 80, o local tornou-se alvo dos traficantes. O caso mais recente ocorreu no último domingo, quando um projétil de fuzil atingiu o quinto andar da unidade, durante um tiroteio entre bandidos e policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Funcionários do hospital afirmam que o problema é frequente e dizem que só após a construção do paredão de tijolos no CTI passaram a se sentir mais seguros.
– É muito comum isso acontecer por aqui. Não é raro eu chegar e uma amiga me contar algum caso de tiro nas paredes ou janelas – conta uma funcionária da limpeza do hospital, que pede para não ser identificada. – Ainda bem que eu nunca vivenciei uma situação dessas, ficaria desesperada. O paredão torna o segundo andar mais seguro.
Em 2004, durante um confronto entre criminosos rivais, tiros atingiram o quarto e o quinto andares do hospital. Balas já perfuraram janelas e fizeram buracos nas pilastras da enfermaria. A Polícia Militar não sabe informar quantas vezes o local já foi alvo de balas perdidas. Quem precisa utilizar o serviço sente medo.
– Estou aqui com o meu filho com a perna quebrada, mas sempre que vejo essa comunidade enorme na minha frente fico receosa – conta Sandra Passo, 62, no setor de ortopedia. Acho que a PM poderia mudar o hospital de lugar.
A PM afirma que não faz planos para transferir a unidade.
Atualmente, o hospital é referência no atendimento de baleados e conta com 400 oficiais de saúde, 600 praças e funcionários civis em seus quadros. Cardiologia, Clínica Médica, Oftamologia, Ginecologia e Urologia são algumas das especialidades do hospital, que tem 257 leitos.
PM nega proteção
Mesmo após a afirmação dos funcionários, o comando da Polícia Militar negou que o muro tenha o objetivo de evitar balas perdidas.
– Atualmente, isso não existe. Porém, se fosse preciso selar as janelas, nós selaríamos. Afinal de contas, são estratégias que foram utilizadas antes do modelo de pacificação para a violência – afirmou o comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte.
A assessoria de imprensa da corporação alega que os tijolos fazem parte de obras de reparo realizadas no segundo andar. Os trabalhos, no entanto, não foram especificados.
Moradores da Zona Sul utilizaram o recurso
Rio
Hospital da PM tem janelas substituídas por paredes para evitar tiros.
Thiago Feres, Jornal do Brasil RIO - O Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Central da Polícia Militar, no Estácio, está murado. As janelas da unidade mostram que a luz do sol deu espaço a uma parede de tijolos que, segundo a PM, faz parte de “reformas”. Os funcionários, no entanto, têm outra versão: afirmam que foi a única maneira encontrada para proteger pacientes e equipe das balas perdidas que constantemente atingem o lugar, causando pânico em quem precisa circular pelo prédio central.
Localizado na Rua Estácio de Sá, número 20, o hospital foi construído em 1943 com a fachada principal voltada para o Morro de São Carlos, também no Estácio (Zona Norte). Com o avanço da criminalidade e a utilização de armas de longo alcance, a partir da década de 80, o local tornou-se alvo dos traficantes. O caso mais recente ocorreu no último domingo, quando um projétil de fuzil atingiu o quinto andar da unidade, durante um tiroteio entre bandidos e policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Funcionários do hospital afirmam que o problema é frequente e dizem que só após a construção do paredão de tijolos no CTI passaram a se sentir mais seguros.
– É muito comum isso acontecer por aqui. Não é raro eu chegar e uma amiga me contar algum caso de tiro nas paredes ou janelas – conta uma funcionária da limpeza do hospital, que pede para não ser identificada. – Ainda bem que eu nunca vivenciei uma situação dessas, ficaria desesperada. O paredão torna o segundo andar mais seguro.
Em 2004, durante um confronto entre criminosos rivais, tiros atingiram o quarto e o quinto andares do hospital. Balas já perfuraram janelas e fizeram buracos nas pilastras da enfermaria. A Polícia Militar não sabe informar quantas vezes o local já foi alvo de balas perdidas. Quem precisa utilizar o serviço sente medo.
– Estou aqui com o meu filho com a perna quebrada, mas sempre que vejo essa comunidade enorme na minha frente fico receosa – conta Sandra Passo, 62, no setor de ortopedia. Acho que a PM poderia mudar o hospital de lugar.
A PM afirma que não faz planos para transferir a unidade.
Atualmente, o hospital é referência no atendimento de baleados e conta com 400 oficiais de saúde, 600 praças e funcionários civis em seus quadros. Cardiologia, Clínica Médica, Oftamologia, Ginecologia e Urologia são algumas das especialidades do hospital, que tem 257 leitos.
PM nega proteção
Mesmo após a afirmação dos funcionários, o comando da Polícia Militar negou que o muro tenha o objetivo de evitar balas perdidas.
– Atualmente, isso não existe. Porém, se fosse preciso selar as janelas, nós selaríamos. Afinal de contas, são estratégias que foram utilizadas antes do modelo de pacificação para a violência – afirmou o comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte.
A assessoria de imprensa da corporação alega que os tijolos fazem parte de obras de reparo realizadas no segundo andar. Os trabalhos, no entanto, não foram especificados.
Moradores da Zona Sul utilizaram o recurso
Antes da pacificação dos morros Chapéu Mangueira e Babilônia, no Leme (Zona Sul), em junho deste ano, prédios próximos as duas comunidades foram atingidos inúmeras vezes por disparos provenientes de confrontos nas favelas.
A violência provocou um aumento na procura por blindagens por parte dos moradores. O preço pelo serviço varia entre R$ 10 mil e R$ 25 mil para apenas uma janela. As empresas cobram R$ 2.800 por metro quadrado. Além de trocar o vidro, é preciso também mudar a moldura. O alto custo fez com que algumas pessoas apelassem para a improvisação, com tijolos, massa corrida e cimento.
– Com a chegada da polícia aos morros do Leme, ficamos livres de tiros, apesar de a violência continuar – diz Renato Arruda, 58, morador do bairro.
Em Ipanema, moradores do final da Rua Alberto de Campo, (Zona Sul), também optaram, em junho do ano passado, pela construção de verdadeiros "bunkers".
O medo da população fez com que paredes de concreto fossem erguidas no lugar das janelas de prédios próximos aos morros Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, onde até metralhadora dinamarquesa com alta capacidade de destruição já foi apreendida.
A violência provocou um aumento na procura por blindagens por parte dos moradores. O preço pelo serviço varia entre R$ 10 mil e R$ 25 mil para apenas uma janela. As empresas cobram R$ 2.800 por metro quadrado. Além de trocar o vidro, é preciso também mudar a moldura. O alto custo fez com que algumas pessoas apelassem para a improvisação, com tijolos, massa corrida e cimento.
– Com a chegada da polícia aos morros do Leme, ficamos livres de tiros, apesar de a violência continuar – diz Renato Arruda, 58, morador do bairro.
Em Ipanema, moradores do final da Rua Alberto de Campo, (Zona Sul), também optaram, em junho do ano passado, pela construção de verdadeiros "bunkers".
O medo da população fez com que paredes de concreto fossem erguidas no lugar das janelas de prédios próximos aos morros Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, onde até metralhadora dinamarquesa com alta capacidade de destruição já foi apreendida.
Em três edifícios próximos ás comunidades, dezenas de moradores concretaram as janelas, situação que deve mudar com a inauguração da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), na quarta-feira.
– Já vi gente se mudar daqui por causa dos tiroteios. Espero que tudo seja diferente a partir de agora, com a chegada da polícia – conta o porteiro Antônio de Jesus, que trabalha em um dos prédios da Rua Sá Ferreira, via que dá acessos às duas favelas.
– Já vi gente se mudar daqui por causa dos tiroteios. Espero que tudo seja diferente a partir de agora, com a chegada da polícia – conta o porteiro Antônio de Jesus, que trabalha em um dos prédios da Rua Sá Ferreira, via que dá acessos às duas favelas.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO
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