segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

CRIMES SEM SANGUE: QUEM IRÁ COMBATER A CRIMINALIDADE QUE SE ALASTRA PELO BRASIL?

A palavra crime via de regra está associada à violência à pessoa.
São os crimes que chocam a todos nós e a sua proliferação nas metrópoles transformou o medo em nosso companheiro de todo dia.
Infelizmente, o país tem sido destruído por outros crimes, que nos acostumamos a chamar genericamente de corrupção.
Corrupção, a palavra se tornou sinônimo de uma gama de crimes envolvendo dinheiro praticados por governantes, por empresas e por cidadãos brasileiros e que eclodem continuamente.
Essa generalização e a grande cobertura da imprensa fizeram com que o poder legislativo federal, o Congresso Nacional, fosse retratado pela mídia como o paraíso dos corruptos, diante dos escândalos que se sucedem com uma continuidade assustadora, nos últimos anos.
Isso não é lá muito justo, a criminalidade é muito mais abrangente no território nacional.
Por extensão a palavra político acabou ganhando um link para a palavra corrupto, embora devam existir políticos que não sejam corruptos e certamente, existem corruptos que não são políticos.
Corrupção e corrupto são palavras recorrentes, enquanto corruptor quase nunca aparece nos textos midiáticos, o que nos afasta da realidade, tendo em vista que a prática da corrupção é um acordo que agrada aos dois lados, ambos são igualmente criminosos, o que não ocorre na extorsão, caracterizada pela exigência.
Não quero avançar no conceito jurídico, esse preâmbulo teve o objetivo de refrescar na memória a dimensão que ganhou a criminalidade sem sangue no Brasil, o crime sem violência à pessoa, o que pode ser praticado sem sujar o colarinho.
Esse crime é um monstro que cresce indefinidamente no Brasil por vários motivos, inclusive as dificuldades de obter condenações dos seus autores, mas sobretudo pela falta de mecanismos repressores.
Caro leitor, quem reprime essa criminalidade no Brasil, no seu estado ou município?
Certamente, a Polícia Federal foi uma de suas respostas, em face das operações desenvolvidas pela instituição com a presença da televisão, que transmite imagens de famosos sendo acordados e conduzidos presos ainda de pijamas.
Todavia, você já se deu conta como são raras essas operações?
Quantas aconteceram na sua cidade?
E além da Polícia Federal, que instituição combate essa criminalidade?
A Polícia Civil estadual?
Você lembra de quantas operações foram realizadas pela Polícia Civil do seu estado? Quando foi a última?
O Ministério Público?
A instituição apenas atua em conjunto com as polícias nessas investigações, no cumprimento de sua destinação constitucional.
Penso que os Tribunais de Contas também não sejam limitadores dessa tragédia nacional, pelo menos não tenho notícias freqüentes dessa ação inibidora, embora elas surjam vez por outra.
Lembra de outra instituição?
Não? Nem eu.
Isso significa que esses delitos continuarão a prosperar cada vez mais no Brasil, a repressão é muito pequena e as oportunidades para a sua prática são quase infinitas.
Basta o dinheiro público ser empregado para pagar benefícios (bolsas), comprar, alugar ou terceirizar que as possibilidades existem, aliás, o pagamento de salários aos funcionários públicos parece ser a área onde essa criminalidade tem mais dificuldade de fincar suas raízes, pois apenas com a criação de funcionários fantasmas a prática se concretizaria.
Cidadão brasileiro, temos que colocar as nossas mãos nessa lama, caso desejemos limpar o país dessa criminalidade que subtrai o esforço do nosso trabalho.
Não existe outra saída em curto prazo.
Temos que exigir explicações sobre a utilização de cada real do nosso dinheiro, o dinheiro público.
Urge que valorizemos o funcionalismo público e que aumentemos o controle interno das instituições, começando pelas polícias brasileiras, afinal se o policial é facilmente subornado, nada pode funcionar nesse controle, pois ele é a primeira barreira.
No Rio, um Policial Militar recebe cerca de R$ 30,00 por dia, algo que soa impensável, mas que é a mais pura realidade.
Se amigos do presidente, empresários, senadores, juízes, deputados, coronéis, delegados e outros que ganham muito mais se corrompem, imaginem o famélico soldado.
Assim o Brasil caminha de mal a pior, um autêntico paraíso dos criminosos, onde o Congresso Nacional é apenas um compartimento.
Coloque a mão nessa lama, vamos limpar o Brasil.
Logo a lama nos sufocará por inteiro.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

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