domingo, 6 de setembro de 2009

LEIA COM ATENÇÃO...

JORNAL BRASIL DE FATO ONLINE:
No Rio, o terrorismo contra a pobreza
Comunidades pobres e organizações de direitos humanos denunciam práticas terroristas nas operações em que blindado militar da PM do Rio é usado para entrar nas favelas
Júlia Gaspar,Rio de Janeiro (RJ)
O medo que as crianças tinham do Bicho Papão caiu em desuso; o monstro da vez é o Caveirão. Mas este não foi extraído de um conto de fadas. É algo bem verdadeiro e assustador até para adultos: trata-se de um carro blindado do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) do Rio de Janeiro que tem o desenho de uma caveira com duas pistolas cruzadas e uma faca enfiada na cabeça, além de uma série de fuzis que eventualmente dão tiros para todos os lados de forma aleatória.
Esse típico veículo de guerra entra nas favelas do Rio de Janeiro todos os dias com um alto-falante que faz ameaças aos moradores: "Sai da rua"; "Vai dormir"; "Vim buscar sua alma". Quem é pego de surpresa, precisa encarar ou pode ser morto na tentativa de se esconder.
Essa conduta da polícia militar carioca está mobilizando movimentos sociais e Organizações Não-Governamentais (ONGs), como a Anistia Internacional, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis, a Justiça Global e a Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência. Juntas, essas entidades preparam um abaixo-assinado que reivindica à governadora do Estado do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus (PMDB), a suspensão do Caveirão, definindo-o como um "instrumento de terrorismo, inconstitucional e contrário aos mais elementares direitos humanos". Além das assinaturas no Brasil, a governadora vai receber de 72 países cartões postais com a foto do Caveirão e um texto em repúdio ao veículo.
Até o momento, a polícia militar possui oito blindados deste tipo - três de uso do Bope e cinco dos comandos regionais. O tenente coronel Aristeu Leonardo Tavares, chefe do setor de Relações Públicas da Polícia Militar do Rio de Janeiro, afirma que a experiência possui resultados tão compensatórios que policiais militares de outro estados buscam implementar o sistema. Ele também diz que o Caveirão é uma das causas da diminuição drástica do número de policiais mortos em serviço. Mas Marcelo Freixo, da ONG Justiça Global, explica que a quantidade de civis mortos pela PM aumentou muito e acusa a polícia do Rio de Janeiro de ser a mais violenta do mundo.
Muitas das mortes causadas por policiais são registradas como "auto de resistência", que significa que supostamente o indivíduo morreu em conflito com a polícia. O professor Ignácio Cano, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), fez uma pesquisa e constatou que, em 70% dos casos registrados como "auto de resistência", os tiros foram dados pelas costas e a curta distância. Como não há ninguém que troque tiros de costas, foram, na realidade, execuções sumárias. Na maioria dos casos, cabe apenas à família provar a inocência do morto, dizendo que não enfrentou a polícia. O confronto fica resumido à palavra do morador do morro versus a palavra do policial.
Terrorismo social
A maioria das vítimas de violência policial é de moradores da favela. E, apesar de os bandidos serem minoria nas favela (no Rio de Janeiro como em outras metrópoles), isso é o suficiente para legitimar, nas políticas de segurança pública, a criminalização de toda uma comunidade. "Ocorre que não está se criminalizando o crime, mas sim a pobreza", afirma Marcelo Freixo.
O ativista também critica o "mandato de busca genérico", instrumento pelo qual um juiz autoriza a polícia a entrar na casa de qualquer pessoa de uma comunidade inteira. Ou seja, toda a favela é suspeita. A justificativa que consta de um desses mandados é mais que preconceituosa: "para contribuir com os incorruptíveis policiais do RJ (...) e combater o lixo genético da sociedade".
O conceito de que bandido e favelado são sinônimos vem desde as músicas cantadas durante o treinamento de membros da divisão de elite do Bope. O relatório "Eles entram atirando", divulgado pela Anistia Internacional, descreve algumas dessas canções:
"O interrogatório é muito fácil de fazer
pega o favelado e dá porrada até doer.
O interrogatório é muito fácil de acabar
pega o favelado e dá porrada até matar".
Outra dessas músicas citadas no documento:
"Bandido favelado
não varre com vassoura
se varre com granada
com fuzil, metralhadora".
Repressão
"A primeira coisa que a polícia faz é acusar as pessoas de traficantes, e a mídia reproduz", diz Deley, morador da Favela de Acari, na capital fluminense. Deley é professor de futebol e conta que estava em aula com seus alunos, quando ouviram que o Caveirão estava subindo o morro, então todos correram, apavorados. Ele lembra também de uma das vezes em que a polícia invadiu a favela, porque os traficantes não tinham pagado a propina dos policiais. E fala que, em represália, os PMs mataram um garoto, prenderam em frente ao Caveirão, rodaram pela área esperando trazerem o dinheiro e ameaçaram colocar mais cinco corpos em cima do blindado. Para Marcelo Freixo, a luta de direitos humanos é pedagógica, é a construção de uma cultura de direitos. Por isso, a campanha contra o Caveirão faz uma crítica à política de segurança pública e leva a sociedade a discutir a realidade em que vive".
Esse texto é de 01/12/2006.
Você o considera atual?
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE DPOLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INETRNO

2 comentários:

CHRISTINA ANTUNES FREITAS disse...

Sr.Cel.Paúl:

Não sei se em todos os lugares, aqueles que operam o "megafone" do caveirão agem desta maneira.
Mas como o teor dessa matéria não é atual, perguntei a uma pessoa que conheço bem e que mora em uma Comunidade que recebe a visita do Caveirão sobre o que eles dizem quando adentram a Comunidade, a mesma falou que, no caso, eles pedem que as crianças saiam das ruas e das lajes e que os moradores procurem ficar dentro de suas casas.
Acredito que existam "caveirantes" Politicamente Corretos, não é?

Abraço fraterno,
CHRISTINA ANTUNES FREITAS

Paulo Ricardo Paúl disse...

Amiga Christina:
É claro!
Eu não tenho dúvida de que a quase totalidade do BOPE seja composta por técnicos.
Infelizmente, idiotas existem em todos os lugares.
Um abraço.