segunda-feira, 25 de maio de 2009

RIO DE JANEIRO - UMA POPULAÇÃO ACUADA PELO MEDO CONCRETO.

O DIA:
Passageiros na rota do medo nos ônibus do Rio.
Assaltantes promovem uma média de 23 roubos dentro de coletivos a cada dia.
POR FRANCISCO EDSON ALVES, RIO DE JANEIRO

Rio - A violência pega carona nos ônibus do Rio. Nos últimos sete meses, pelo menos oito pessoas morreram em tiroteios dentro de coletivos na Região Metropolitana do Rio. Levantamento da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do estado (Fetranspor) mostra que, entre 2005 e janeiro deste ano, houve 33.097 roubos a passageiros, motoristas e trocadores — média de 689 ataques por mês ou 23 por dia, fora os casos que não chegam às delegacias.
Veja imagens da ação de criminoso durante assalto a ônibus no Centro
Último mês em que o Instituto de Segurança Pública (ISP) divulgou estatísticas, janeiro registrou 829 roubos em ônibus. Foram 60 ocorrências a mais do que em dezembro. Na tentativa de frear o ímpeto dos ladrões, as cerca de 210 viações do estado já gastaram mais de R$ 20 milhões com a instalação de câmeras e GPS (rastreamento via satélite).
Vítima de quatro assaltos — dois como passageira e dois trabalhando —, F., 36 anos, cobradora de um ônibus que trafega pela Zona Norte, conta que já viu de tudo. “Já presenciei assassinatos covardes e rezo muito para Deus me proteger”, diz ela, que costuma esconder dinheiro e documentos na calcinha. “Ser assaltado em ônibus é aterrorizante, principalmente quando o bandido é menor e está sob efeito de drogas ou alguém reage”, ressalta o estudante de Fisioterapia T., 23, que todos os dias viaja de Campo Grande ao Centro. “Minhas meias viram bolsos”, completa.
Cobradora, F. foi vítima de quatro assaltos, dois como passageira: ‘Rezo muito para Deus me proteger’
Enquanto a polícia não consegue estacionar as ocorrências, às famílias das vítimas só resta a dor. É o caso dos parentes do cobrador da Paranapuan, Ubiraci Siquare dos Santos, 29 anos, morto com tiro no rosto por um dos cinco homens que saquearam ônibus na Ilha do Fundão, no dia 5. “A revolta é maior porque testemunhas contaram que PMs de um posto na saída do Fundão não prestaram socorro e muito menos foram atrás dos acusados”, desabafa A., parente de Ubiraci.
>>Você já foi vítima de bandidos dentro de ônibus? Relate sua história!
Segundo o setor de relações públicas da PM, o Grupamento Transportado em Ônibus Urbano (GPTOU), que possui cerca de 100 homens, foi criado ano passado para combater as quadrilhas que agem nos ônibus.
Embora o efetivo seja pequeno para cuidar das 2,3mil linhas no estado, o comando da corporação alega que vem conseguindo “bons resultados”. Desde janeiro, conforme a PM, foram apreendidas 19 armas, 13 quilos de maconha, dois quilos de cocaína, 112 pedras de crack , duas granadas e dezenas de celulares roubados. Cinquenta e sete ladrões foram presos.
O investimento das empresas é alto. Atualmente, segundo a Fetranspor, metade da frota — o equivalente a 10 mil ônibus — já conta com câmeras, capazes de captar imagens dentro e fora dos veículos. Setecentos já possuem GPS, mas até 31 de agosto todos contarão com rastreadores, obedecendo Portaria 917, publicada em 23 de dezembro de 2008 no Diário Oficial do Estado.
“As empresas não estão preocupadas apenas com o conforto, mas, sobretudo, com a segurança de seus clientes”, afirma Lélis Teixeira, presidente da Fetranspor. Ele lembra que as câmeras, colocadas espontaneamente pelas viações, têm ajudado a inibir as ações das quadrilhas e colaborado com a polícia na identificação dos criminosos.
Uma prova da importância das câmeras ocorreu justamente no caso do assassinato do trocador Ubiraci. Flagrado pelas câmeras, Itamar Willian de Souza Rodrigues, o Careca, 19 anos, se entregou à polícia dias depois. “Sem dúvida, as imagens nos ajudaram e vão nos ajudar muito no esclarecimento deste crime”, comentou a delegada da 21ª DP (Bonsucesso), Valéria de Castro. Há uma semana, câmeras de um ônibus da Viação Nossa Senhora do Amparo, também registraram a ação de um bandido no Centro, altura do Castelo.
Para o presidente do Sindicato dos Rodoviários do Rio, Antônio Branco, hoje não há mais distinção de perigo entre regiões. “Há risco em qualquer linha, a qualquer hora”.
Violência afasta 6,5 mil rodoviários
Como O DIA mostrou em 29 de março, a violência faz com que um em cada cinco motoristas e cobradores, segundo os sindicatos da categoria, peçam licença para se tratar de distúrbios psicológicos. Na Região Metropolitana, 6,5 mil profissionais — 2 mil só na capital — estão afastados do trabalho.
“Cansei de ver passageiros sendo assaltados e não poder fazer nada. Agora, vejo um ônibus e começo a tremer e a suar frio”, conta o motorista Orlando Mendonça, 57 anos, há cinco meses longe dos volantes da Viação Ingá, em Niterói, para se tratar de alto grau de estresse, que resultou até em herpes facial.
Psicólogo do Sindicato dos Rodoviários de Niterói e São Gonçalo, Geremias Barbosa diz que vítimas de violência desenvolvem vários tipos de doenças. “As cardíacas, comportamentais e urológicas, além de transtornos do sono, depressão e agressividade, são as mais frequentes. O afastamento deve ser imediato para paciente não colocar sua vida e a dos outros em perigo”, observa.
DICAS DE SEGURANÇA
Se o ônibus foi invadido por ladrões, mantenha a calma e nunca reaja.
Não encare diretamente os assaltantes e nem tente dialogar com eles.
Evite ficar sozinho em pontos de ônibus isolados, especialmente à noite.
Em ônibus com poucos passageiros, sente-se próximo ao motorista.
Separe antes o valor da passagem, para não mostrar seu dinheiro.
Coloque a carteira, a bolsa, mochila, pacotes ou sacolas na frente do seu corpo.
Evite fazer ou receber ligações de celular enquanto estiver embarcado.
Se o veículo estiver cheio e você em pé, não guarde dinheiro no bolso de trás".

JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO

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