CRISE NA PM: REQUENTANDO O ALMOÇO.

JORNAL O GLOBO:

Segurança.

Oficiais da PM terão desempenho avaliado a cada 6 meses, podendo ir para a reserva.

Sérgio Ramalho (sergio.ramalho@oglobo.com.br)

RIO - Antiguidade não é mais posto, pelo menos na Polícia Militar idealizada pelo novo "zero um" da corporação. O recém-nomeado comandante, coronel Erir Costa Filho, vai implantar uma nova metodologia para avaliar comandantes de batalhões e seus oficiais subordinados. A cada seis meses eles receberão conceitos como excelente, muito bom, bom, regular e insuficiente em suas fichas funcionais. No boletim da meritocracia, quem levar o conceito mais baixo duas vezes será submetido ao Conselho de Justificação, que julga oficiais, e pode acabar no banco de reserva da PM. A medida tem objetivo didático, pois vai exigir mais empenho dos que ocupam o topo da pirâmide hierárquica da corporação, gerando um efeito cascata sobre a tropa.

- A pró-atividade vai ter que vir de cima para baixo. Os líderes têm que dar o exemplo - frisou o comandante (leiam).

A crise na Polícia Militar é gravíssima como tenho explicitado nesse espaço democrático diariamente - inclusive voltarei ao assunto no próximo artigo -, o que dificulta sobremaneira o implemento de medidas saneadoras. Em 2007, quando os Coronéis Barbonos denunciaram por escrito a crise e deram publicidade ao estado caótico institucional, o quadro já era muito grave, situação que se agravou sobremaneira nos últimos anos.

As dificuldades são tantas e tão amplas que tarefas que poderiam ser simples para um novo comando, acabam se tornando complexas ou impossíveis.

Prezado leitor, se você perguntar aos jovens Coronéis de Polícia quem eles escolheriam para ser o seu Chefe do Estado Maior, caso fossem escolhidos para a função de Comandante Geral, receberá uma resposta imediata da maioria deles, indicando o nome de sua preferência.

O direito de escolher o zero dois, o segundo homem da PMERJ, é fundamental para o sucesso de qualquer Comandante Geral, pois a interação entre eles precisa ser muito grande.

Na PMERJ dos nossos tristes dias, a crise é tão grande, que nem escolher o zero dois o atual comandante pode, tendo que aceitar o imposto por Beltrame, uma violência contra o novo comando.

Tal fato é mais uma prova da completa subserviência política da Polícia Militar ao poder político e de como é confusa e equivocada a gestão da segurança pública no Rio de Janeiro.

Se não bastasse tal absurdo, a crise gera outros problemas, como o ocorrido na Corregedoria Interna, diante da recusa do Coronel escolhido pelo novo comando em aceitar a função, como a mídia anunciou.

Isso fez que o novo comando usasse um plano B para nomear o Corregedor.

As dificuldades são tantas que criar algo novo para a mídia acaba também sendo muito difícil e isso que tem feito que ao invés de servir um prato novo no jantar, a PM esteja requentando o almoço.

Primeiro, anunciaram a proatividade na Corregedoria Interna, algo implantado em 2003.

Hoje anunciam a avaliação semestral dos Oficiais, algo que sempre existiu na Polícia Militar.

A novidade real é o fato dos comandantes, chefes e diretores terem que justificar a solicitação de transferência de Oficiais, isso é novo.

A crise na PM é muito grave e a tendência é piorar, pois os principais alimentadores do processo estão fora da Corporação, o secretário de segurança e o governador, sendo que eles fazem o que querem diante de uma Polícia Militar de que está de joelhos diante dos políticos.

JUNTOS SOMOS FORTES!

PAULO RICARDO PAÚL

PROFESSOR E CORONEL

Ex-CORREGEDOR INTERNO