sábado, 17 de setembro de 2011

SOB NOSSO OLHAR, MONTANHAS DE CADÁVERES.

O GLOBO:
Sob nosso olhar, montanha de cadáveres.
Inquérito de 14 anos sobre assassinato fica sem investigação e simboliza arquivamento em massa de ações no país.
Publicada em 16/09/2011 às 23h27m
Chico Otavio (chico@oglobo.com.br)
RIO - Nos corredores da polícia e do Ministério Público do Rio, é possível que ninguém saiba quem foi Edson Paula dos Santos e, muito menos, quem teria motivos para assassiná-lo. Seu caso, contudo, é um símbolo dos inquéritos que aguardam na fila da Meta 2, programa lançado este ano pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) para a conclusão das investigações de homicídios ocorridas no país até 2007.
Desde que Edson foi morto, em fevereiro de 1997, em Madureira, o inquérito sobre o crime recebeu 14 despachos de dez promotores diferentes, concedendo prazos de 90 a 180 dias à polícia. Esses despachos, quase todos no mesmo padrão, somam um total de 1.710 dias de prazo, durante o qual os investigadores não encontraram, sequer, uma só pista sobre os criminosos (leiam).
COMENTO:
No Rio de Janeiro, o nosso sistema policial é péssimo.
A polícia ostensiva e de preservação da ordem pública, agoniza no seu processo autodestrutivo, sendo plenamente incapaz de promover uma sensação de segurança em qualquer lugar do Rio de Janeiro.
Por sua vez, a polícia investigativa caminha na mesma direção, a ineficácia, diante dos seus resultados pífios na sua única missão: investigar.
Não podemos culpar os atuais gestores pelo estágio atual, mas podemos responsabilizá-los por nada fazer na direção da reversão do processo de decadência explícita e contínua. Uma situação de falência múltipla que tem a causa principal plenamente identificada: A SUBSERVIÊNCIA POLÍTICA.
O trabalho policial tem parâmetros claramente definidos, estipulados pela legislação, sendo extremamente técnico, portanto, não pode estar submetido à vontade do governante, o qual nada sabe sobre o tema, via de regra .
Os gestores policiais DEVEM DIZER NÃO aos interesses políticos SEMPRE que tais vontades estejam em desacordo com os interesses públicos, com a lei, com a boa técnica e com os valores institucionais.
DEVEM DIZER NÃO, mas se calam, agarrados às suas cadeiras e aos benefícios que elas proporcionam.
Nenhuma instituição sobrevive sendo gerida por comandantes ou chefes que não defendem os valores institucionais, nenhuma!
No caso da Polícia Militar, a situação atual é gravíssima, bastando uma visita ao Centro de Recrutamento e Seleção de Pessoal (CRSP) e ao Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP - 31 de Voluntários) e uma conversa rápida com candidatos e com alunos do Curs de Formação de Soldados, para se constatar a degradação do nossos processos de recrutamento/seleção e de formação profissional.
O Policial Militar que a PMERJ entrega para a população está muito distante do Policial Militar que ela precisa e merece como patrocinadora do Estado.
O PM do Rio de Janeiro, via de regra, não tem a preocupação de preservar o local de crime e nem de adotar os procedimentos próprios de uma investigação preliminar. O delegado de polícia civil que deveria comparecer a esse local de crime não tem esse hábito e a perícia criminal nem de longe se assemelha a CSI.
No Rio, as polícias são atávicas por excelência.
"Sob nosso olhar, montanha de cadáveres".
A montanha só tende a crescer diante da ineficácia completa das nossas polícias.
Não serão apenas as cobranças do Ministério Público que resolverão os problemas relacionados com a investigação criminal no Rio, embora sejam fundamentais nesse pocesso de mudança, desde que responsabilizem pessoalmente os gestores de cada processo.
Urge que o sistema policial brasileiro sofra uma grande transformação para que possamos obter os resultados que merecemos.
As atuais PMERJ e PCERJ são completamente incapazes de promover os resultados positivos que necessitamos urgentemente, tendo em vista que a impunidade alimenta a criminalidade.
Iremos rediscutir um novo sistema policial para o Brasil, tendo por base a situação do Rio de Janeiro, nesse nosso espaço democrático, como fizemos tempos atrás.
Não faremos uma proposta, queremos a discussão, a troca de opiniões.
O início será na próxima semana e o primeiro tema será o mais importante: O POLICIAL.
Penso que nunca teremos as polícias que merecemos e precisamos enquanto O POLICIAL não for o centro das discussões.
Prezados leitores, todos e todas estão convidados para essa discussão, encaminhem as suas opiniões em forma de comentários ou de emails.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

Um comentário:

Anônimo disse...

A PROMOÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO NA PMERJ - NA CONTRAMÃO DA LEGALIDADE

A Promoção de Praças por Tempo de Serviço deveria acabar na PMERJ, pois foi algo “jogado” na corporação de forma eleitoreira, com fins das cabalar votos... Este Decreto que proliferou uma onda promoções na PM de forma não muito regulamentar, pois não é efetiva através de concursos ou cursos regulares de formação... O que gerou? Uma grande insatisfação por parte da tropa que estudou, prestou concursos internos para subir em sua carreira, mas as promoções através do critério do Tempo de Serviço acarretaram quebra da precedência hierárquica, abalando um dos pilares institucionais vigentes na PMERJ: A HIERARQUIA.

Para ser JUSTA, a Promoção de Praças por Tempo de Serviço deveria considerar o TEMPO NA GRADUAÇÃO, pois assim a mesma beneficiaria também os PMs promovidos por bravura ou por concursos internos para o CFC e o CFS. Quando a PMERJ passar a valorizar o intelecto, vamos mudar a imagem da corporação, que não está acompanhando a evolução dos tempos. Assim como foi feito no Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro através do DECRETO Nº 39.109, DE 04 DE ABRIL DE 2006, será preciso também mudar o interstício dos Sargentos concursados (CFS) da PMERJ, o que valorizará a graduação de Sargento PM. Se não beneficiarmos os bons PMs, a tropa ficará nivelada por baixo.

Por uma Polícia Militar melhor, o Comandante-Geral da PMERJ deveria atentar para a necessidade da REDUÇÃO DO INTERSTÍCIO para as promoções de Terceiro-Sargentos PM concursados (concludentes do CFS) à graduação de Segundo-Sargento PM e às graduações subsequentes, em conformidade com o DECRETO Nº 39.109, DE 04 DE ABRIL DE 2006, situação amparada pelo princípio constitucional da isonomia.