sábado, 20 de novembro de 2010

A MÍDIA SEGUE "ESPANCANDO" AS UPPs,

JORNAL EXTRA
BLOG CASOS DE POLÍCIA E SEGURANÇA
Guilherme Amado
SEM TIROS, MAS COM DROGAS
Bandidos perderam controle do morro, mas consumo e tráfico existem.
O cheiro da maconha se espalha fácil ao vento encanado pelas vielas, e é sentido de longe. No último dia 11, não foi diferente. “Deve vir de alguma casa”, pensei. Foi só cruzar o beco à minha frente para descobrir a origem. Três jovens, apoiados num corrimão da favela, dividiam um baseado. Quando viram o crachá de repórter, fizeram o pequeno cigarro desaparecer num passe de mágica. Deram bom dia, eu respondi. Passei por eles. A cena poderia ter ocorrido nas praias, boates, universidades e tantos outros cantos do Rio. Mas eu estava no Morro Santa Marta.
Ainda existe tráfico na favela de Botafogo, e em todas as outras comunidades pacificadas. Do soldado da UPP ao governador Sérgio Cabral, todos admitem e alegam que, embora haja repressäo, vai sempre existir consumo enquanto houver dependentes. A lei da oferta e da procura é soberana. Segundo a PM, no Santa Marta prevalece o tipo de tráfico do “estica”, quando a droga é levada até as ruas de Botafogo, para ser entregue a usuários de fora. Lá dentro, o esquema é diferente.
‘Na encolha’
— Compramos aqui mesmo, mas na encolha. Tem policial da UPP que dá tapa se desconfia que a gente fumou — conta Y., jovem usuário do Santa Marta.
Mas o tráfico de drogas, atualmente, está longe de ser a maior preocupação dos moradores. Talvez nunca tenha sido. Recolhidas as armas, cessados os confrontos, restabelecida a lei, a criminalidade que tirava o sono da favela, hoje, é quase equivalente à do resto de Botafogo. Furtos e roubos lideram as reclamações, ao lado de uma onda de medo em torno dos estupros.
Pacificação faz outros crimes aparecerem
A comparação entre os registros de ocorrência de 2008 — quando a favela ainda era dominada pelo tráfico — e 2009 e 2010 — tempos de UPP — mostra que houve forte redução em quase todos os crimes. Os homicídios foram zerados, e os roubos também despencaram.
O ponto fora da curva são os crimes que tinham baixa notificação, ou seja, não eram comunicados à polícia na época em que os bandidos dominavam o morro. Exemplo disso são os casos de violência contra a mulher. Com o fim do poder do tráfico, bater em mulher virou assunto de polícia.
Os estupros também caíram. Mas não no imaginário da favela. Recentemente, um misterioso caso envolvendo a suposta tentativa de estupro de um garoto criou uma onda de medo Santa Marta afora.
— Tem tarado no morro. Não deixo mais minha filha ir para a escola sozinha, de jeito nenhum — explica, apreensiva, a dona de casa Maria Lúcia dos Santos.
Comandante da UPP, a major Pricilla Azevedo lembra que ocorrem casos de pedofilia por toda a cidade:
— Isso independe de UPP. Existe há anos e, infelizmente, em locais carentes. Onde as mães precisam da ajuda de Deus para criar seus filhos, não há a fiscalização, e isso acontece.
— No tempo do tráfico, era impossível alguém roubar alguma coisa aqui dentro. Os meninos (traficantes) não deixavam. Agora, as roupas do meu mais novo, volta e meia, somem do varal — conta a dona de casa Vânia Rocha.
COMENTO:
Imaginem se as eleições fossem realizadas no final de dezembro?
Ou se o espancamento das UPPs tivesse começado na campanha eleitoral?
Quem seria o próximo governador do Rio?
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

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