quinta-feira, 25 de novembro de 2010

ATAQUE DOS TRAFICANTES: UMA VERSÃO.

Salvo melhor juízo, pois na política o termo inimigo é relativo e conjuntural, Garotinho e Sérgio Cabral são inimigos políticos, portanto a opinião de um sobre o outro deve ser avaliada com cautela.
Feita esta ressalva, Garotinho publicou no seu blog pessoal uma nova versão sobre a onda de ataques que os traficantes de drogas estão desencadeando no Rio de Janeiro.
"BLOG DO GAROTINHO:
24/11/2010 19:43
Denúncia exclusiva: Guerra do tráfico é reação ao apoio do governo Cabral às milícias (leia)".
O título resume bem o conteúdo do artigo que atribui as ações dos traficantes não a uma reação a instalação das UPPs, mas sim ao avanço das milícias que tem tomado muitos territórios dos traficantes.
Verdade ou mentira, o fato de ter ouvido Oficiais da PM e Delegados, Garotinho apresenta fundamentos robustos para sustentar a sua denúncia.
Alguns são fatos inquestionáveis:
- Na verdade, o tráfico tem perdido muito mais territórios para as milícias do que para as UPPs.
- Nas comunidades com as UPPs, a venda de drogas continua, portanto, o prejuízo dos traficantes é parcial.
- A transferência dos presos para presídios federais não impediu que continuem comandando o tráfico.
-
No governo Cabral a milícia cresceu, isso é fato.
Algumas colocações representam possibilidades:
- Por que só agora, quase dois anos após o início das UPPs, os traficantes resolveram ficar desesperados e atacar.
- O tal bilhetinho soa meio fajuto, não resta dúvida.
Diante do exposto, não devemos atribuir a denúncia apenas a uma vingança política de um inimigo.
Contra tal denúncia, o governo Cabral pode argumentar que prendeu vários milicianos, o que também é fato, todavia em quatro anos de governo, Cabral só tomou um território das milícias, a diminuta comunidade do Batan.
E, como eu já expliquei no blog "Banda Podre - A Máfia das Polícias", nem sempre o combate tem uma boa intenção, por assim dizer.
Exemplificando: um comandante de batalhão ou um delegado podem combater apenas as comunidades dominadas por traficantes de uma facção na sua área de atuação, recebendo dinheiro da(s) outra(s) facções para fazer essa repressão seletiva.
No caso das milícias, prender alguns milicianos, permitindo que outros assumam o controle da atividade, pode ser avaliado de mais de uma forma.
Aliás, as UPPs foram instaladas em comunidades dominadas por todas as facções ou se concentraram em apenas uma delas?
Esse dado também deve ser avaliado nesta partida de xadrez.
Penso que não devemos acreditar fielmente no artigo de Garotinho, mas não podemos ignorá-lo, devemos considerar as suas argumentações nas nossas análises, pois podem ser a expressão da verdade.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

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