domingo, 7 de novembro de 2010

QUAL O TAMANHO DA "CULPA" DA MÍDIA FLUMINENSE?

Ao longo da campanha eleitoral circulou pela internet uma avalanche de emails contendo protestos sobre o posicionamento da mídia do Rio de Janeiro, acusada de ser “chapa branca” com relação ao governo Sérgio Cabral (PMDB), um anunciante poderoso.
Eu fiz parte deste grupo de críticos considerando o papel social da imprensa, que tem o dever de informar os fatos de relevância ao público, o que inclui as notícias sobre os serviços públicos essenciais. Apesar dessa verdade, não podemos esquecer que a mídia é um comércio, o que acaba determinando um modus operandi com relação aos seus principais clientes.
Penso que seja muito difícil gerenciar dois aspectos que podem ser diametralmente opostos, como a verdade sobre os fatos e o interesse dos clientes, entretanto, não tenho qualquer dúvida, o valor social da mídia deve prevalecer, caso contrário estaremos diante de uma imprensa pautada, limitada, sem liberdade e sem valor social.
No Rio, a mídia foi muito tolerante com o governo Sérgio Cabral (PMDB), principalmente na área da segurança pública e, em especial, com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), principal bandeira da reeleição.
Isso é uma verdade incontestável, os noticiários de rádio, tv, jornais e revistas estão disponíveis para esta constatação a qualquer tempo.
As UPPs tem dois problemas sérios, um facilmente detectado e outro que foi informado a mídia por meio de incontáveis emails.
O menos visível para a vista desarmada é o pertinente ao desrespeito aos Policiais Militares que prestaram o concurso para o Curso de Formação de Soldados/2008. O edital estabelecia o número de vagas para vários municípios do interior, o que fez com que candidatos destes municípios participassem do certame. Após a conclusão do curso o direito foi negado e os Policiais Militares que deveriam estar no Interior, conforme o edital estabelecia, continuam sofrendo no Rio, alguns há mais de 500 quilômetros de suas residências.
A tal problema somou-se outro, pois a Polícia Militar ao invés de cumprir o edital, manteve os PMs no Rio e passou a pagar as passagens de ônibus, algo desnecessário, pois eles deveriam ir para os batalhões do Interior, o que gera uma despesa da ordem de R$ 200 mil por mês, desnecessária. A PMERJ está jogando o dinheiro público no lixo, eis a verdade.
O problema que salta aos olhos é a “criminosa” promoção da transferência dos traficantes de drogas de uma comunidade para outra da mesma facção. Não existe justificativa para a mídia não ter noticiado este fato ao longo da campanha eleitoral.
O problema é tão evidente que não existe a desculpa do “eu não sabia”.
A mídia transformou as UPPs em uma panacéia e ainda divulgou um absurdo, a promessa irrealizável de Cabral de implantar UPPs em todas as comunidades carentes dominadas pelo tráfico de drogas.
Infelizmente, a mídia assinou embaixo de uma propaganda enganosa e omitiu dados importantíssimos para a formação da opinião pública sobre o governo fluminense.
Um resultado claro são os fuzis colocados na nossa cara em qualquer esquina do Rio.
A mídia fluminense não cumpriu o seu papel social na campanha eleitoral de 2010, isso é fato.
Hoje, o jornal O Globo destaca o crescimento das milícias no governo Sérgio Cabral (PMDB) e devemos lamentar que esta notícia tenha demorado tanto a surgir, pois Cabral usou também na sua propaganda o combate aos milicianos.
Prezado leitor, você já percebeu que a mídia noticia quase diariamente que gerentes do tráfico de drogas são presos pelas polícias?
Na verdade, qualquer pé de chinelo vira gerente do tráfico, assim a notícia fica mais atraente.
A notícia que interessa socialmente é a erradicação do tráfico de drogas nas comunidades, algo que não aconteceu nem naquelas onde foram instaladas as UPPs.
Na campanha eleitoral de 2010, a mídia fluminense não cumpriu o seu papel social e os fuzis foram parar na nossa cara.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

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