Policial Militar mata Policial Militar em veículo roubado, estampa a mídia.
O intuito de defender a corporação nos leva a declarar de pronto que este é um ato isolado e não representa a Polícia Militar, todavia, a frequência com que a mídia do Rio de Janeiro divulga envolvimento de Policiais Militares e de Policiais Civis com fatos criminosos, somada a cifra negra existentes no tocante à prática delituosa dos policiais, nos direciona a uma conclusão lógica, as polícias estão gravemente doentes no Rio, as bandas podres representam uma parcela significativa das instituições policiais.
O estágio de degradação atual das Polícias Militar e Civil do Rio é o resultado de anos de descaso com o recrutamento, a seleção, a formação e o controle interno, um descaso que só tem aumentado.
Na seleção, recentemente, a Polícia Militar diminuiu significativamente o grau de dificuldade das provas de ingresso para o Curso de Formação de Soldados (CFSd), com o claro objetivo de aumentar o número de aprovados, para aumentar o efetivo disponível para atender os interesses políticos de implantar UPPs e transferir traficantes.
No tocante à formação, a Polícia Militar promoveu a terrível descentralização do CFSd, retornando a realizar cursos de formação nos batalhões, fora do Centro de Formação de Praças (CFAP), experiência já vivenciada no passado e que nunca deu certo. O objetivo da mudança foi o mesmo da facilitação nas provas, aumentar o efetivo, formando mais Policiais Militares em menor tempo, para atender os interesses políticos.
Na área da formação ainda podemos citar a absoluta falta de uma formação continuada, via de regra, os Policiais Militares tem que se “virar” nas ruas com a aprendizagem adquirida nos curso de formação, inexiste qualquer manutenção e/ou atualização destes conhecimentos. Não é raro encontrar nas ruas Policiais Militares que estão há anos sem participarem de uma instrução de armamento e tiro. Basta ouvir os Policiais Militares para conhecer esse completo absurdo.
Há alguns anos afirmávamos que “A POLÍCIA MILITAR SELECIONA E FORMA OS MELHORES DENTRE OS PIORES”, ou seja, a PMERJ aproveitava os que não conseguiam empregos melhores e optavam pela tentativa de conseguir um emprego público, mesmo recebendo salários miseráveis. Hoje, podemos ampliar a frase, afirmando que “A POLÍCIA MILITAR SELECIONA E FORMA OS MELHORES DENTRE OS PIORES E FAZ ISSO RAPIDAMENTE”.
Além disso, a gestão da modernidade acabou com a proatividade da Corregedoria Interna, que voltou a ser apenas reativa, só agindo após os fatos terem ocorrido. Em 2005, a Polícia Militar conseguiu implantar em todas as quatro Delegacias de Polícia Judiciária Militar (DPJM), as equipes de supervisão correcional, comandadas por Oficiais, que em trajes civis e usando viaturas descaracterizadas, fiscalizavam a atividade policial nas ruas do Rio de Janeiro. Soma-se a isso a não implementação do Gabinete Geral de Assuntos Internos (GGAI), apesar de criado oficialmente e o abandono do projeto de criar mais três DPJMs, oriundo do comando do Coronel de Polícia Ubiratan.
Eis a realidade.
O jornal O Globo publica nesta sexta-feira, o artigo “Secretário de Segurança repudia atitudes de policiais”, assinado pelos ótimos jornalistas Vera Araújo e Gustavo Goulart, mas que contém uma conclusão equivocada.
Leiam:
“(...) Enquanto os modelos de formação e de atuação de PMs à moda antiga continuam a produzir criminosos dentro da corporação, o ensinamento dado a novos policiais adequados aos trabalhos nas Unidades de Polícia (UPP) tem surtido efeito (...).”
Os jornalistas usam a pequena estatística dos desvios de conduta dos PMs que integram as UPPs para justificarem tal afirmação, pois apenas cinco foram afastados em dois anos.
Respeitosamente, penso que estejam errados, pois na realidade a diferença não reside na melhor formação e sim na exposição às oportunidades, muito menores nas UPPs do que nas “pista”, onde elas ocorrem a todo instante e com enorme freqüência. Na “pista” existe um corrupto ativo em cada esquina, pronto para cooptar um policial para que seja o passivo nesta relação, citando um exemplo.
Além disso, o modelo antigo de formação na PMERJ não “produz criminosos”, como escreveram, isso é um equívoco, inclusive também não existe modelo novo; muito menos o modo antigo de atuação gera os criminosos, na verdade o que produz criminosos é o abandono da educação pública praticada pelos governantes, pois não custa lembrar que sem educação de qualidade o homem encontra enorme dificuldade para construir valores positivos, sobretudo em um Brasil no qual os bons exemplos são raríssimos no andar de cima.
E, não custa lembrar, que apesar de ser o segundo estado em arrecadação no Brasil, o Estado do Rio de Janeiro é o penúltimo na educação pública. Portanto, sem educação de qualidade, aumentam as chances de surgir polícias sem qualidade e de surgir criminosos travestidos como policiais, como ocorre no Rio.
A PMERJ não produz criminosos, importa da sociedade.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO
2 comentários:
Pául eles são piadistas. O livro "Sangue Azul, morte e corrupçao na PMERJ" desnudou a verdade nua e crua de tudo que acontece na PMERJ. Nenhuma daquelas situações foi vivenciada pela "polícia cidadã, ou policia social" do sr. Mariano Beltrame.
Todo dia me pergunto será que estes aspiras sabem atirar. Quem garante que em caso de uma UPP ser atacada eles não vão sair com o rabo entre as pernas e deixar os vagabundos tomar conta do morro. Sim, falo isso, pois os policiais que atuam no Dona Marta foram treinados para atuar como agentes de trânsito e o Beltrame na ânsia de botar em pratica o seu projeto eleitoreiro os desviou para o patrulhamento da favela.
Basta pegar os jornais da época..que terá confirmação de tudo que está sendo citado por mim.
Caro Coronel Paul, meu candidato a Dep Federal. Continue assim meu chefe, diga as verdades que muitos querem calar, pois as mesmas devem ser ditas. Parabéns e que Deus continue te abençoando agora e sempre.
Cláudius Elias
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