quinta-feira, 20 de maio de 2010

RIO DE JANEIRO: O GOVERNO APERTA OS GATILHOS.



O DIA:
Bope mata inocente 'armado' com furadeira
Cabo da tropa de elite confunde ferramenta com submetralhadora e atinge trabalhador no Andaraí
Amanda Pinheiro.Rio - Ao confundir uma máquina de furar com submetralhadora, policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope) matou, ontem de manhã, o supervisor de supermercado Hélio Barreira Ribeiro, de 46 anos. Ele foi atingido com tiro de fuzil que perfurou seu pulmão quando pregava a cortina no terraço de sua casa, no Andaraí. Há 12 anos na corporação e há dez na tropa de elite, o cabo Leonardo Albarello foi indiciado por homicídio doloso (com intenção), mas vai responder pelo crime em liberdade por ter se apresentado à 20ª DP (Vila Isabel).A família de Hélio disse que, logo após o disparo, os policiais comemoraram ter acertado a vítima e seguiram até o terraço. A mulher do supervisor, Regina Ribeiro, que ajudava o marido a colocar a cortina, contou que foi xingada pelos PMs e obrigada a deitar no chão, com um fuzil apontado em sua direção. Mas ao verem a furadeira, os ‘caveiras’ perceberam o erro e levaram o baleado para o Hospital do Andaraí. Segundo vizinhos, ele já estava morto quando foi socorrido. A PM alega que Hélio ainda apresentava sinais vitais.
Eram 11h quando o casal, que mora na Rua Ferreira Pontes, acesso ao Morro do Andaraí, pregava lonas na fachada da casa, que serviriam de cortina para impedir a entrada do sol onde a família costumava se reunir para assistir TV. A cerca de 30 metros dali, uma equipe do Bope checava denúncia de que traficantes do Morro do Borel, na Tijuca — ocupado desde o dia 5 também pelo Bope — estariam coagindo moradores de uma vila. Horas antes, em outro acesso à favela, dois rapazes morreram em troca de tiros com policiais do 6º BPM (Tijuca).
Comemoração
Regina contou que, antes de subir na escada para furar a madeira onde pregaria a cortina, Hélio ainda disse: “Só falta eles acharem que estou com uma arma na mão”. A brincadeira virou tragédia. O tiro de fuzil 7.62 atingiu o braço esquerdo de Hélio, mas atravessou o pulmão e ainda acertou a cobertura do terraço. “Eles pegaram meu pai e jogaram no carro como se fosse um peso morto. E ainda comemoraram o tiro, dizendo que haviam acertado em um homem que estava com uma arma. Agora não precisa admitir que foi um erro”, revoltou-se Felipe Ribeiro, 23 anos, filho mais velho do supervisor.
O comandante do Bope, tenente-coronel Paulo Henrique Moraes, disse que o cabo agiu corretamente e de acordo com o treinamento aplicado aos ‘caveiras’. Segundo ele, o policial teria mandado Hélio baixar o que pensava ser uma arma, antes de atirar, mas a vítima teria feito movimento brusco, como se fosse ‘disparar’ na direção dos policiais. Paulo Henrique frisou que Leonardo assumiu ter cometido o erro e está muito abalado. O fuzil utilizado pelo policial foi apreendido e encaminhado para perícia.
Policial fará avaliação psicológica
O tenente-coronel Paulo Henrique informou que, até o caso ir para a Justiça, o cabo Leonardo Albarello passará por uma avaliação psicológica para saber se terá condições de voltar a atuar em operações do Bope na rua ou se ficará restrito a serviços internos. Depois de prestar depoimento por mais de duas horas, o policial deixou a 20ª DP escoltado pelos colegas.
A delegada Leila Goulart, responsável pelo caso, disse que chamará vizinhos de Hélio, que presenciaram a ação do Bope, para prestar depoimento, e não descartou a possibilidade de fazer a reconstituição do crime. “O próximo passo é buscar mais testemunhas, além da esposa da vítima. Também poderemos convocar o policial novamente. Por enquanto, o inquérito vai apurar um homicídio doloso (com intenção), porque, embora tenha sido um erro admitido pelo policial, houve mesmo a intenção de matar”, explicou a delegada.
Viúva para PM: ‘Você matou meu marido’
A mulher do supervisor disse que foi humilhada pelo policial que atirou em seu marido. “Fiquei frente a frente com ele, que já estava em cima da laje em frente ao meu terraço. Comecei a gritar: ‘Você matou meu marido!’. E ele, do outro lado da rua, me mandou deitar no chão, me xingou e apontou a arma em minha direção, me ameaçando”, acusou Regina.
À tarde, peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli estiveram no local de onde o cabo atirou e no terraço da casa da família Ribeiro. A furadeira foi levada pelos policiais para a delegacia.
Em entrevista coletiva, o comandante do Bope, Paulo Henrique Moraes, mostrou as fotos de uma máquina de furar, segundo ele, idêntica à que Hélio usava, e de uma submetralhadora. Depois, perguntou aos jornalistas se não seria possível confundi-las. Em nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública informou que o governo vai oferecer assistência psicológica à família, cuidar do enterro de Hélio e iniciar os procedimentos legais para que a mulher e os dois filhos da vítima recebam pensão.
Deputado denuncia execução de dois jovens
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, deputado estadual Marcelo Freixo, disse ter recebido denúncias de que os dois jovens mortos no Andaraí — Jonamir Duarte dos Santos, 21 anos, e Adriano do Sacramento Silva, 24 —, pouco antes de Hélio Ribeiro, teriam sido executados por policiais do 6º BPM. Os dois teriam sido baleados depois de rendidos e desarmados.
A assessoria de imprensa da PM informou que Jonamir e Adriano eram criminosos e foram mortos em confronto durante operação em que os policiais apreenderam uma pistola, uma granada e crack.
Freixo deverá se encontrar com parentes dos rapazes e também do supervisor de supermercado. “O governador será mais covarde se puser a culpa na polícia. Ele tem que assumir a responsabilidade por essa concepção de segurança pública. O que vigora é uma política de barbárie e esse caso no Andaraí não é uma exceção”, atacou, afirmando que os jovens foram vítimas de uma execução sumária. “Depois, um policial matou o homem com uma furadeira na mão. Isso aconteceu porque o lugar é uma favela. Não adianta agora o governador vir a público e se desculpar, dizer que o policial é um débil mental, porque cinco minutos antes era herói”.
JORNAL DO BRASIL: Cabo do Bope mata inocente no Andaraí
Luiz Urjais, Jornal do Brasil
RIO DE JANEIRO - Uma furadeira foi confundida com uma metralhadora Uzi nesta quarta-feira no Morro do Andaraí (Zona Norte) e isso custou a vida do fiscal de supermercado Hélio Ribeiro, de 46 anos. Ele foi baleado no peito pelo cabo do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) Leonardo Albarello quando pregava uma lona na janela de casa.
A Secretaria estadual de Segurança divulgou nota lamentando o ocorrido, e disse que Hélio foi confundido com um traficante armado. O cabo responsável pelo disparo está há dez anos na tropa de elite e responderá por homicídio doloso (com intenção de matar) em liberdade, por ter se apresentado de forma espontânea à 20° DP (Vila Isabel).
Comandante do Bope, o tenente-coronel Paulo Henrique afirmou que, diante do contexto de violência da favela, o policial pode ter “agido conscientemente” ao achar que estava numa situação de risco.
Durante coletiva de imprensa, concedida na tarde desta quarta-feira, o tenente-coronel exibiu reproduções de uma furadeira e de uma pistola Uzi, para mostrar a semelhança entre ambas. Ele disse que o cabo passará por uma avaliação psicológica e ficará afastado das operações de rua.
A mulher de Hélio Ribeiro disse que o marido viu os policiais, mas decidiu continuar a fazer o serviço.
– Ele ainda brincou, dizendo que só faltava acharem que aquilo era uma arma. Logo depois, ouvimos o barulho do tiro.
A presidente da Associação de Moradores Amigos do Morro do Andaraí, Daniela Alves, afirmou que, na sexta-feira, entrará com ação no Ministério Público, questionando a ação da Polícia Militar no morro, que, segundo ela, é violenta com os moradores.
– Somos a favor da ronda policial na favela – frisa Daniela. – O que não aceitamos é a maneira como eles abordam as pessoas. Podem muito bem realizar seu trabalho sem ferir ninguém. Ao invés de violência, tragam projetos sociais.
Além de Hélio, os policiais do Bope mataram dois homens que seriam traficantes, em confronto que teria ocorrido na Rua Sá Viana. De acordo com a 20º DP, Adriano do Sacramento da Silva, 24, tinha ficha com três antecedentes criminais, e Jhonamir Duarte dos Santos, 21, ficha limpa.
O Morro do Andaraí é uma das áreas da grande Tijuca que receberá, este ano, uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
O ESTADO DE SÃO PAULO: Bope confunde furadeira com arma e mata fiscal Morador consertava toldo quando tomou tiro de fuzil; policial responderá por homicídio doloso
Bruno Boghossian, Pedro Dantas e Talita Figueiredo - O Estado de S.Paulo
RIO
Um homem que segurava uma furadeira foi confundido com um traficante armado e acabou morto com um tiro de fuzil por um cabo do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio. O fiscal de supermercados Hélio Ribeiro, de 46 anos, instalava um toldo no terraço de casa durante uma incursão policial em um dos acessos ao Morro do Andaraí, na zona norte da capital fluminense.
O cabo cuja identidade não foi confirmada se apresentou espontaneamente à 20.ª Delegacia, em Vila Isabel, e vai responder em liberdade por homicídio doloso (com intenção).
Segundo a família da vítima, o disparo foi feito de uma vila de casas vizinha ao apartamento de Ribeiro. A viúva, Regina Célia, disse que o marido foi atingido de frente e, em seguida, os policiais apontaram os fuzis para ela e ordenaram, gritando, que se deitasse no chão. Hélio segurava uma furadeira elétrica com fio que media cerca de 24 centímetros, de acordo com o modelo informado à Polícia Civil.
Ocupação.
A Secretaria de Estado de Segurança informou que homens do Bope que ocupam o Morro do Borel, também na zona norte, foram chamados para investigar denúncias no Andaraí, onde uma equipe do 6.º Batalhão (Tijuca) fora recebida a tiros momentos antes. O comandante do batalhão, tenente-coronel Paulo Henrique de Moraes, classificou a ação como um "erro", mas disse que o policial pode ter disparado porque, "na avaliação dele, tudo indicava que era uma arma" e era necessário "proteger a equipe".
Na avaliação de policiais, em uma operação "de busca e captura" em favelas, como a realizada ontem no Morro do Andaraí para prender traficantes que fugiram do Morro do Borel após a ocupação do Bope, as decisões acontecem em frações de segundos. "Se a furadeira fosse uma arma e o cabo não atirasse, o policial é que estaria morto", disse um oficial.
O comandante do batalhão disse que o cabo será submetido a tratamento psicológico e afastado de operações nas ruas. A corporação informou que o agente está há dez anos na tropa e nunca teve desvios de conduta.
A delegada responsável pela investigação, Leila Goulart, disse que o cabo admitiu ter confundido a furadeira com uma arma. "O inquérito investiga o homicídio como doloso porque ele teve a intenção de atirar, mas houve um erro."
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL

CORONEL DE POLÍCIA

Ex-CORREGEDOR INTERNO

5 comentários:

Anônimo disse...

Por isso a furadeira é verde!!!para nao ser confundido!!!!

Anônimo disse...

ESPERO QUE ESSE CABO FAÇANHUDO DO BOPE SEJA EXCLUIDO DAS FILEIRAS DA POLÍCIA MILITAR E SRJA CONDENADO EINDO PARA O PRESÍDIO COMUM, ONDE SERÁ EXECUTADA A PENA.PRIVATIVA DA LIBERDADE. NA PRISÃO NÃO EXISTE HOMEM DO BOPE NÃO, VAI TER QUE PAGAR PELA COVARDIA QUE FIZERA AO TRABALHADOR.

Anônimo disse...

Ser tropa especial, não é simplesmente fazer um curso duro, colocar uma roupa preta e fazer cara de mau pra todo mundo... , é muito mais que isso! é, acima de qualquer coisa, ser eficiente naquilo a que se propõe o Batalhão de Operações Especiais, e se um "especialista" não consegue diferenciar uma furadeira de uma metralhadora, que "p..." de especial esse cidadão tem ??? Se ele se propõe hoje a brincar de matar, então realmente chegamos ao fundo do poço. A própria instituição deveria avaliar os procedimentos de seus integrantes. Saber que algumas pessoas têm equilíbrio e conduta incompatíveis com essa difícil função. O corporativismo é muito importante para a maior parte das situações de uma tropa em guerra, mas é profundamente terrível e devastador quando um setor tenta acobertar crimes de seus integrantes. É o maior mal do Brasil atualmente.

Gabriela disse...

Tenho muita pena da família deste policial.Terão que se virar em dinheiro, para pagar um bom advogado...Atrás disto tudo,não é o policial que erra,é o conjunto de omissões de um Estado patético que está nos matando...
Que Deus nos proteja

Pequena Centelha disse...

São tão corajosos em falar do que não entendem, mas se escondem atrás do anonimato. Ainda bem que o caso será julgado por Operadores do Direito auxiliado por especialistas e não por leigos que nunca empunharam uma arma para defender o Estado, quiçá sabem o que é uma situação de confronto numa favela do Rio de Janeiro.
Rafael Albarello, 2º Sargento do Exército, Especialista em Armamento.