domingo, 26 de dezembro de 2010

RIO DE JANEIRO: VÍTIMAS DE ENCHENTES PRATICAMENTE ABANDONADAS PELO GOVERNO.

JORNAL EXTRA
Enviado por Matheus Vieira.
"Vítimas de enchentes em Niterói vão passar o fim de ano em abrigos
25.12.2010
Então é Natal, e pouco foi feitoA guirlanda, a árvore de enfeite e o pisca-pisca vão ficar dentro de um caixote de papelão. A família não está se programando para saber quem vai levar o prato principal ou a sobremesa. Miriam Carla da Silva, de 33 anos, é uma chefe de família do Morro do Bumba, em Niterói, que, como outras, desistiu de comemorar o Natal.
Entre casas e pertences destruídos pelos deslizamentos, pelo menos 46 pessoas perderam a vida na tragédia do Bumba, em abril. Entre elas, duas primas de Miriam.
— Não tem clima para Natal. Vai ser muito difícil. Antes, a gente se juntava para a ceia, era muito alegre — lamenta a dona de casa.
A Defesa Civil interditou a casa de Miriam, alvo dos deslizamentos de terra. Ela não aguentou as condições precárias do abrigo para onde foi mandada, e voltou para o Bumba com os dois filhos. Com as parcelas de R$ 400 — sempre atrasadas — do aluguel social, não consegue pagar um imóvel em Niterói, e aproveita para fazer reparos na antiga casa. Entre os planos futuros está construir uma contenção, para que as chuvas não causem o mesmo estrago.
— Quando chove, a gente dorme fora de casa. Mas não tenho para onde ir, não vou passar o Natal na rua — diz.
Sem Natal no abrigo
Desalojada do Morro do Céu, após perder seu imóvel, a dona de casa Luciana da Hora Santos, de 27 anos, pegou as quatro filhas — com 7, 5, 3 e 1 ano de idade — e foi para um dos dois abrigos providenciados pela Prefeitura de Niterói, o 3Batalhão de Infantaria (BI), em São Gonçalo, que recebe 200 pessoas. O outro é o 4 Grupo de Companhias de Administração Militar, no Barreto, que abriga 300 moradores. Este ano, não vai ter Natal para elas.
— Não tem clima. Isso aqui não é lar para ninguém. Sou desabrigada toda vez que chove, porque o esgoto entra no meu quarto. Na última chuva, no início do mês, perdi quase todas as minhas roupas — lamenta Luciana, que está no 3 BI há sete meses: — Não esperava entrar o ano de 2011 dentro de um abrigo. Na verdade, nunca imaginei que fosse morar em um abrigo algum dia.
Mesmo com as condições precárias do local, as crianças esperam ansiosas pela visita de Papai Noel.
— Minha filha quer uma bicicleta, e eu já tive de dizer para ela que, este ano, Papai Noel não vem. O melhor presente para a gente seria uma casa — conta Luciana.
No que depender das previsões da Prefeitura de Niterói, o cenário não é muito animador para Luciana. Apenas um condomínio, com 93 apartamentos, em Várzea das Moças, atende aos desabrigados das enchentes. As outras unidades habitacionais, como uma de 180 apartamentos no bairro Viçoso Jardim, que devem atender 2.510 vítimas das chuvas de abril, só estão previstas para abril de 2012. Pelo menos mais um Natal a família vai passar dentro do abrigo.
Esperança de que dias melhores virão
Com a ajuda de parentes e vizinhos, Jupira Dias da Silva, de 41 anos, retirou todo o barro que invadiu os cômodos e está fazendo reparos em sua casa, localizada no Morro do Chapadão, em Niterói. O lugar, interditado pela Defesa Civil, vai ser o ponto de encontro da família da dona de casa neste Natal.
Mesmo com dificuldades e medo de que novos deslizamentos atinjam a comunidade, Jupira se agarra à fé e vai fazer da data um momento para agradecer.
— Nós nascemos de novo, é como se estivéssemos engatinhando. Apesar dos pesares, é um milagre estarmos aqui, vivos — diz a dona de casa, enquanto monta uma pequena árvore de Natal, na mesa da sala, e o pisca-pisca, na fachada.
Assim como Jupira, outros moradores do Chapadão estão preparando seus enfeites. Mas, quando chove, a esperança dá lugar à apreensão.
— Todo mundo vem para o lado de fora. Às vezes, durmo na casa da minha tia, em Maria Paula — conta Jupira.
Com devoção em Nossa Senhora das Graças, ela espera uma graça nesta data.
— Uma casa para a minha família. É tudo o que quero — diz ela, que mantém uma imagem da santa na parede da sala, como se abençoasse a todos ali".
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

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