sexta-feira, 4 de junho de 2010

POR QUE NINGUÉM PERGUNTA AO SECRETÁRIO BELTRAME QUANTAS UPPs PRECISAM SER INSTALADAS NO RIO DE JANEIRO?

SITE R7
Favelas sem previsão de ganhar postos
pacificadores são alvo do tráfico no Rio
Comunidades na zona norte estão na iminência de serem atacadas, diz polícia
Mario Hugo Monken, do R7, no Rio
Os morros do Urubu e da Serrinha, nos bairros de Pilares e Madureira, na zona norte do Rio de Janeiro, são hoje os principais alvos de ataque da facção criminosa que controla os complexos do Alemão e da Penha, segundo relatos de policiais civis ao R7. Sem estarem cotadas para abrigar UPPs (Unidades de Polícias Pacificadoras) nos próximos meses, as duas comunidades são vistas pelo grupo como ideais para abrigar fugitivos de favelas com UPPs e traficantes que estão sem morro e, hoje, se escondem no Alemão e na Penha.
A Serrinha, em Madureira, vive sob tensão desde janeiro passado quando um bonde de traficantes em 20 carros tentou invadir a favela, resultando na morte de quatro pessoas inocentes. Um investigador da delegacia do bairro (29ª DP) disse que, desde então, quase toda semana chegam informes sobre novos ataques à comunidade.
Segundo ele, a última ameaça veio na noite de segunda-feira (31) e dizia que um bonde partiria do complexo de Manguinhos, na zona norte. De acordo com o inspetor, as polícias Civil e Militar foram acionadas e o ataque não se confirmou. O morro é histórico por sempre ter abrigado muitos componentes da escola de samba Império Serrano, uma das mais tradicionais do Rio.
Dominada por uma quadrilha rival, a Serrinha, de acordo com um policial da Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), abrigaria os fugitivos do Dona Marta, em Botafogo, na zona sul, primeira favela a ganhar uma UPP e o seu antigo chefe, o traficante Claudinho CL. Para invadi-la, o grupo conta com a ajuda do criminoso conhecido como Parazão, que é criado na Serrinha, mas foi expulso por mudar de facção.
Mercado para o tráfico
Para dois policiais ouvidos pelo R7, a Serrinha é considerada estratégica para a facção. Um dos motivos é que Madureira fica próximo de Jacarepaguá, na zona oeste, onde quase todas as favelas são controladas por milícias e a única que não, a Cidade de Deus, está ocupada por uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). Com isso, a Serrinha poderia atrair os usuários de drogas de Jacarepaguá.
Um policial da delegacia do bairro diz que Madureira é um lugar de comércio forte, muito movimentado e onde circulam muitos dependentes químicos.
Outro motivo para os traficantes dominarem a Serrinha é o fato de a comunidade ficar no mesmo maciço do morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, dominado pela facção desde o ano passado, o que facilitaria fugas, esconderijos e a circulação de armas e drogas.
O agente da 29ª DP afirmou que, diante da ameaça de invasão, os traficantes que controlam hoje a Serrinha montaram um grande cerco de proteção.
- Por baixo, a favela tem no mínimo uns cem homens e uns 40 fuzis.
O morro do Urubu também vive sob ameaça de invasão. No dia 16 de abril, um grupo de traficantes em pelo menos quatro carros saiu do complexo do Alemão e tentou atacar a favela, mas bateu de frente com policiais militares no caminho. Houve intenso tiroteio na estrada do Itararé e um PM que passava pelo local morreu atingido por bala perdida. Atualmente o Urubu é controlado pela facção ligada a traficantes da Rocinha, na zona sul.
O ataque, que fracassou, foi ordenado pelo traficante conhecido como Fabiano Atanásio da Silva, o FB, que comanda a Vila Cruzeiro, na Penha. Ele é criado no Urubu e vem tentando retomá-lo. Apesar de estar à frente na comunidade, ele não é o dono das bocas de fumo e trabalha para os criminosos conhecidos como Elias Maluco e Marcinho VP, que estão presos.
Segundo um agente da delegacia de Brás de Pina (38ª DP), depois da tentativa de retomada, FB fez mais uma investida, mas não conseguiu conquistar o morro. Na comunidade do Urubu do site de relacionamentos Orkut, os internautas falam sobre a guerra na favela. Um deles diz que um traficante ligado a FB está no Urubu e vai aplicar um golpe para mudar a facção.
Plano das UPPs
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a previsão é de que, até o final do ano, o Rio tenha pelo menos 15 UPPs. Segundo a pasta, o Urubu e a Serrinha não estariam nesta lista, mas podem ser incluídas no projeto de 40 UPPs até 2016.
Atualmente, a cidade possui sete UPPs, que são postos permanentes de policiamento em favelas que têm como objetivo impedir que traficantes circulem com armas pesadas (como fuzis). Na zona sul, estão ocupadas a Ladeira dos Tabajaras e os morros Pavão-Pavãozinho, Chapéu Mangueira e Dona Marta. No centro, o morro da Providência já foi pacificado e, na zona oeste, a Cidade de Deus e o Batan possuem UPPs.
A zona norte ganhará sua primeira UPP na próxima segunda-feira (7) no morro do Borel, na Tijuca.
As UPPs são festejadas pela população das comunidades atendidas com muita justiça, pois a OCUPAÇÃO, apregoada há muito tempo por todos nós, trouxe a tranquilidade.
O governo as transformou em propaganda eleitoral, com o apoio da mídia chapa branca.
A festa é grande, mas muitas perguntas precisam ser feitas ao secretário Beltrame:
- Quando as grandes comunidades serão ocupadas pelas UPPs?
- Quantas UPPs serão necessárias para PACIFICAR todo o estado do Rio de Janeiro?
- Qual o efetivo necessário de Policiais Militares para a PACIFICAÇÃO COMPLETA do Rio?
- Qual o prazo para essa PACIFICAÇÃO COMPLETA?
- Como o governo pagará salários dignos aos Policiais Militares aumentando em muito o efetivo da PMERJ?
- Como funcionará o já precário sistema de saúde da PMERJ, com o grande número de usuários que ingressam a cada concurso?
Eis alguns dos questionamentos que precisam ser respondidos. Enquanto isso não for esclarecido, as UPPs não passaram de um projeto eleitoreiro, que atenderá uma pequena parcela da população e que está promovendo uma nova distribuição dos traficantes de drogas no município do Rio de Janeiro.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

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