sexta-feira, 25 de junho de 2010

UPPs: O MEDO TOMA CONTA DO ASFALTO.

JORNAL DO BRASIL:
O medo toma conta do asfalto

José Luiz de Pinho e Caio de Menezes, Jornal do Brasil
RIO DE JANEIRO - A implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em nove comunidades do Rio deixou boa parte da raia miúda do tráfico sem fonte de renda. Enquanto o primeiro escalão foi acolhido por bandidos de outras favelas, a saída para muitos foi descer para praticar pequenos furtos no asfalto, assaltando transeuntes e motoristas desavisados nos sinais.
Segunda-feira, 21 jovens foram detidos na Tijuca (Zona Norte), onde a UPP do Borel foi recentemente implantada. A maioria era do bairro e tinha ficha na polícia por sequestro, homicídio, tráfico, assalto e furto. Segundo denúncias, eles atuavam em sinais de trânsito, limpando parabrisas e extorquindo ou roubando motoristas.
Sem armas
Um policial da 18ª DP informou que nenhum dos detidos usava arma.
– Para evitar o flagrante, eles apontam o dedo indicador por baixo da blusa. Com medo, a vítima acaba entregando tudo – explicou o policial.
No domingo, quatro membros de uma gangue que assalta usando bicicletas foram presos por policiais do 23º BPM (Leblon) no Arpoador. Todos são do Morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, onde também foi implantada uma UPP.
– Eles andam desarmados e atacam crianças e pessoas de idade, porque não reagem – disse o comandante do 23º BPM (Leblon), tenente-coronel Rogério Leitão.
Na Barra, adolescentes da Cidade de Deus costumam se reunir em grupos para roubar.
– Vi um bando cercar um carro às 15h de um dia de semana na Avenida Ayrton Sena. Um dos garotos quebrou o vidro e roubou uma bolsa – conta Francisca, moradora da Barra.
Especialista em antropologia urbana e da violência da Uerj, Alba Zaluar diz que as UPPs desmobilizaram o tráfico.
– Mas a criminalidade vive em alta rotatividade nas áreas onde há maior contenção da polícia.
O comandante do 6º BPM (Tijuca), tenente-coronel Luiz Octávio Lopes da Rocha Lima, enfatiza.
– Reforçamos o policiamento no asfalto para reduzir os crimes.
Roubos de pequeno valor não são registrados
A diminuição da incidência de roubos a transeuntes apontada pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) contrasta com a sensação de insegurança ainda vivida por moradores de vários bairros. O motivo é simples: os pequenos roubos quase nunca são registrados nas delegacias.
O professor de gestão de políticas públicas de segurança e ex-capitão do Bope, Paulo Storani, duvida dos números do ISP, que nos primeiros quatro meses de 2009 indicaram 15.288 roubos a transeuntes e no mesmo período deste ano mostram uma diminuição de 2.034 ocorrências.
– Perto de 40% das pessoas não registram que foram roubadas – disse ele.
“Sem registro, não há crime”, decretou, por e-mail, a secretaria de Segurança Pública.
A professora da Escola de Serviço Social da UFRJ, Paula Ferreira Poncioni, explica o fenômeno:
– As instituições de segurança estão em crise. Não têm credibilidade, muito por conta da impunidade. A vítima questiona se vale a pena dar queixa e acaba não indo.
O presidente da Associação de Moradores e Amigos do Méier, Aníbal Antunes, afirma que, no bairro, o medo e a preocupação dos transeuntes são constantes.
– Quando anoitece é pior. Mas, na Praça Agripino Griecco e nas proximidades do viaduto Castro Alves não importa a hora do dia, o risco sempre existe – disse.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

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