domingo, 9 de maio de 2010

RIO DE JANEIRO: O GOVERNO LADO A LADO COM O TRÁFICO DE DROGAS.

Eu sou politicamente incorreto, demonstrei essa virtude (ou defeito) claramente na minha vida profissional e em vários artigos escritos no nosso espaço democrático. Se fosse politicamente correto, as vésperas de um novo governo no Rio, talvez fosse um dos principais nomes para assumir o comando da Polícia Militar, em substituição ao Coronel de Polícia Ubiratan.
Cidadão fluminense, se o Coronel de Polícia Esteves e o organizador desse blog não fossem politicamente incorretos, iniciando em 2005 uma luta de Coronéis para tentar mudar a tragédia vivenciada pelos integrantes da Polícia Militar - péssimos salários e péssimas condições de trabalho - e para prestar um serviço de qualidade à população fluminense, a Polícia Militar, por exemplo, hoje seria muito diferente. Apenas para citar um fato pontual, muito dos atuais Coronéis continuariam sendo Tenentes Coronéis, isso se ainda estivessem no serviço ativo da PMERJ.
Fico por aqui nessa avaliação, não gosto de avaliar os "SE" e prefiro voltar ao politicamente incorreto.
Salvo melhor juízo, sou uma das raríssimas vozes que criticam as UPPs, que são vendidas pela mídia e por boa parte dos estudiosos como uma solução para os nossos problemas de criminalidade e de violência.
Devo reconhecer, a minha postura é completamente incorreta politicamente, ainda mais para um pré-candidato à Câmara dos Deputados.
Um grande amigo já comentou comigo que a minha postura incorreta causará a perda de muitos votos e ele exemplifica afirmando que como alguém que precisa de votos, ousa escrever que brasileiro não sabe votar, que não vota, dá palpite. Outro amigo diz que erro quando critico fortemente a corrupção policial, alegando que não posso esquecer que corrupto também vota. Todavia, as maiores criticas recentes sobre a minha postura politicamente incorreta são sobre as críticas às UPPs, eis a verdade.
Hoje o jornal O Globo publica matérias sobre as UPPs e o tráfico de drogas, abordando temas que escrevemos repetidas vezes no nosso espaço, desde a implantação da primeira UPP, aconselho a leitura atenta.
Obviamente, não sou "completamente" louco, as UPPs tem um lado positivo, muito positivo, que deve ser reconhecido por todos, inclusive pelos críticos do projeto eleitoreiro.
Cidadão fluminense, imagine a diferença experimentada por um chefe de família, ao sair de casa para trabalhar, levando a filha para a escola e encontrando Policiais Militares pelo caminho e não traficantes de drogas armados de fuzis. A diferença é gigantesca em vários sentidos e o ganho social enorme, ninguém pode duvidar dessa realidade. Portanto, as UPPs merecem aplausos, mas tecnicamente são uma falácia no tocante a SOLUÇÃO dos problemas relacionados com o tráfico de drogas.
As UPPs representam uma grande mudança para os moradores das comunidades atendidas, issom é fato, mas surge a grande pergunta:
- Quantas comunidades poderão ser atendidas?
A UPP usa uma tática conhecida há milhares de anos, a ocupação do território inimigo, não existe nenhuma descoberta mágica, nenhum coelho saiu da cartola. A Polícia Militar age nessa direção desde que as comunidades surgiram, com a implantação dos DPOs, PPCs, GPAE e agora as UPPs, pois a única diferença entre esses tipos de policiamento ostensivo é o efetivo empregado.
Cabral ousou, ninguém pode negar, pois tirou Policiais Militares das ruas - continua tirando - e colocou em algumas (poucas) comunidades carentes, superpovoando de Policiais. No Morro da Providência, por exemplo, a relação é de 1 (um) Policial Militar para 16 (dezesseis) moradores, algo que não existe em enhum lugar do mundo. A ONU, por exemplo, recomenda a relação de 1 (um) Policial para a cada 500 (quinhentos) moradores e no tolerância zero em Nova Iorque, a relação foi de 1(um) Policial para cerca de 200 (duzentos) moradores.
Cidadão, imagine no seu bairro violento, a implantação dessa relação: 1(um) Policial para cada 16 (dezesseis) moradores.
Na frente do meu prédio, existiriam Policiais durante as 24 horas do dia, citando um exemplo.
Obviamente é IMPOSSÍVEL implantar UPPs em todas as comunidades carentes dominadas pelo tráfico, a Polícia Militar nunca terá efetivo suficiente para essa missão.
Cidadão, existem centenas de comunidades dominadas por traficantes de drogas no estado do Rio de Janeiro, Cabral não conseguiu implantar UPPs nem em 5% delas e não conseguirá até o final do governo.
As UPPs não são solução, pois o projeto não pode ser generalizado, teremos raras comunidades atendidas e a maioria esmagadora das comunidades infestada por traficantes de drogas, que migram das ocupadas, pois ninguém é preso.
Nas UPPs o clima será de paz, com as drogas sendo vendidas de forma mais reservada e mais barata para os traficantes, que não precisam mais de soldados armados de fuzis para defender os pontos de venda dos traficantes rivais, o governo faz essa proteção.
E nas outras comunidades?
Acontecerá o que tem acontecido no governo Cabral, a tática do "tiro, porrada e bomba", provocando a morte de Policiais Militares, vendedores de drogas e inocentes.
Eis a verdade.
Eu sou politicamente incorreto:
- As UPPs não a solução para o tráfico de drogas.
As UPPs são excelentes para os moradores do local, o que é muito importante, mas nada mais além disso. Além disso, politicamente é excelente, pois esses felizes moradores poderão ser facilmente convencidos a votar no governo, diante da simples ameaça contida nas palavras:
- Se Cabral não for eleito, a UPP vai acabar.
Isso é uma mentira, mas certamente as UPPs serão modificadas tecnicamente, mediante um planejamento adequado, algo que o politicamente correto não conhece.
Recomendo a leitura das matérias do jornal O Globo, publicadas no próximo artigo.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

4 comentários:

Rose Prado disse...

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto" (Rui Barbosa)

Paulo Ricardo Paúl disse...

Perfeito, Rose. Juntos podemos mudar essa realidade, mudando os políticos do Brasil. Juntos Somos Fortes!

EDIVAL ANCHIETA disse...

não se esqueça paul, que a upps, tbm são acordos com o comitê olimpico. para fazerem o cinturão de segurança. donde se conclui que este projeto tem um prazo de validade embutido.enquanto isso,as outras comunidades....

Paulo Ricardo Paúl disse...

Concordo, Anchieta. Juntos Somos Fortes!