sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

MANIFESTO RIO DE PAZ PELA REDUÇÃO DE HOMICÍDIOS

Texto extraído do blog "Repórter de Crime - Jorge Antônio Barros:

"MANIFESTO RIO DE PAZ PELA REDUÇÃO DE HOMICÍDIOS"

“Para que o mal triunfe, é necessário apenas que os homens de bem permaneçam inativos” (Edmund Burke)

Entre 1991 e novembro 2007 foram assassinados 115.000 cidadãos fluminenses, segundo levantamento oficial. Cerca de 80% destas vítimas tiveram sua vida interrompida na região metropolitana do Rio de Janeiro. A maioria esmagadora é formada por moradores de comunidades pobres das zonas norte e oeste. E tudo isso num contexto em que não se sabe quantos foram assassinados entre os mais de 4000 desaparecidos deste ano. São números inaceitáveis. Representam o colapso do pacto social no seu item mais fundamental, o direito à vida. Nós, cidadãos cariocas, reconhecemos o erro de havermos permanecido calados. Milhares de conterrâneos tiveram a vida quitada pelo crime e não oferecemos qualquer resistência.
Sendo assim, entendemos que não basta botarmos a culpa no poder público, que agora, mais do que nunca, por estar enfrentando um problema crônico, endêmico e histórico, carece da mobilização de todos nós, homens e mulheres que reconhecem o valor incalculável da vida humana, a fim de que ao lado dos seus governantes o povo fluminense obtenha a maior conquista social de toda a sua história: a vitória da vida sobre a morte.
O Rio de Paz, após ouvir as principais autoridades em segurança pública do nosso estado (meio acadêmico e poder público), vem por meio deste manifesto apresentar as principais medidas que julga necessárias no campo da segurança pública, para que em 2008 comecemos a experimentar a maior queda da taxa de homicídio de toda a nossa história. Não aceitamos em hipótese alguma a assunção de que não há o que se fazer para que o número de homicídios de 2007 não se repita no próximo ano.

MEDIDAS PRINCIPAIS:
- Estabelecer como prioridade central das políticas de segurança a redução dos crimes letais, com metas específicas de diminuição.
- Redefinir a metodologia de intervenção policial em comunidades pobres para um policiamento de tipo comunitário (baseado no modelo GPAE), de modo a reprimir o uso indiscriminado de armas de fogo, reduzir as balas perdidas e afirmar a autoridade da lei.
- Priorizar a investigação dos crimes letais e do uso de armas e munições ilegais a fim de que homicidas sejam julgados e condenados no menor tempo possível. A não apuração dessas mortes estimula a prática do crime.
- Reforçar o policiamento ostensivo.
- Fazer com que a aplicação das sanções da lei seja mais rápida e certa a fim de dissuadir a prática do crime.
- Construir mais presídios e oferecer condições dignas de vida para os presos. Não podemos conviver em pleno século XXI com campos de concentração.
- Determinar metas de redução da letalidade policial, de forma que diminua o número de policiais feridos e mortos assim como o número de cidadãos feridos e mortos em operações policiais
- Monitorar o consumo de munição por unidades de polícia e por policial. Para tanto, contratar marcação de munição por lotes de 50 cartuchos e aprimorar controle de estoques nas unidades.
- Lançar grande programa de formação e reciclagem, segundo doutrina e métodos que levem à qualificação do uso da força, à redução dos riscos para terceiros e para os próprios policiais, bem como à eficiência na resolução de problemas e prevenção de desordens.
- Aumentar o salário básico dos policiais civis e militares, num valor compatível com a importância social destes profissionais e riscos que enfrentam no exercício de sua função. Segurança não tem preço.
- Ampliar programas de apoio à segurança e a seguridade social dos policiais e de suas famílias.
- Reforçar as Corregedorias, conferindo a elas independência em relação às chefias de polícia.
- Valorizar a Ouvidoria, para que amplie sua independência e capacidade investigativa.
- Atualizar os dados da violência apresentados pelo Instituto de Segurança Pública a partir da informatização das chamadas delegacias tradicionais.
- Priorizar a juventude, em políticas de integração educacional, lazer, saúde e de geração de trabalho e renda.
- Restaurar os direitos fundamentais das comunidades pobres (livre expressão, ir e vir e vida).
- Tratar como problema de saúde pública a dependência química de drogas alucinógenas e realizar um amplo trabalho de educação e combate ao uso de drogas.
- Promover ações de interação positiva entre as polícias e as comunidades, particularmente com a infância e a juventude.
- Reivindicar que o governo federal cumpra o seu papel no combate à violência, investindo nas áreas pobres da cidade, disponibilizando recursos para a segurança pública e fazendo a fiscalização das principais vias de acesso à região metropolitana do Rio de Janeiro, no intuito de combater a entrada de drogas e armas.


PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL
CORREGEDOR INTERNO

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