terça-feira, 11 de maio de 2010

RELATO DE UM CIDADÃO QUE PRECISOU DA POLÍCIA.

EMAIL RECEBIDO:
Relato de um cidadão indignado que precisou da Polícia.
Sou proprietário de um pequeno mercado em um bairro de periferia no interior do estado de São Paulo e encontrava-me em mais um dia de trabalho de domingo, apesar de cansado, estava tranqüilo, quando à tarde, pouco antes de fechar, entraram dois assaltantes dominaram meus poucos clientes e meu funcionário do caixa (na verdade ajudante geral) e roubaram todo meu caixa, R$ 465,00 (parece pouco, mas para um pequeno comerciante que acordou as 5:30 da manhã e deu duro o dia todo é muito). Na hora pensei em reagir, pois a arma do ladrão parecia de brinquedo e não achava certo eles levarem todo meu dinheiro do dia.
Diante disto fiz igual a todo cidadão desesperado faz, liga para o 190 e chama a policia, daí fiquei indignado, porque o telefonista da PM estava mais preocupado em fazer perguntas do que mandar logo a viatura. Fiz inúmeras ligações e passaram mais de 30 minutos e nada da viatura chegar e o telefonista só dizia “eu vou cadastrar sua ocorrência, senhor, e é só o senhor aguardar.” Eu lá queria saber de “cadastrar ocorrência”, eu queria uma viatura no meu trabalho. Passados exatos 48 minutos chegaram dois policiais em duas motos vieram em minha direção e eu não quis nem saber, já cheguei “soltando os cachorros” em cima dos policiais, quando um deles após me ouvir pacientemente, com muita calma e educação, me interrompeu e perguntou se tinha sido vítima de roubo, eu nem esperei ele terminar de falar e já respondi que sim e depois desta demora não precisava mais da polícia lá e que eles podiam ir embora e paciente policial militar com um semblante triste me respondeu: “tudo bem senhor só que nós precisamos do senhor, porque um dos ladrões que roubou o mercado do senhor deparou com a viatura no momento em que os PM estavam vindo pra cá e baleou um dos nossos amigos e na troca de tiros foi baleado e está no hospital e por isso é necessário que o senhor nos acompanhe para fazer o reconhecimento e a gente conseguiu localizar R$ 465,00 com o outro ladrão que foi preso.”
A partir daí vi como sou uma pessoa medíocre e mesquinha, pois pensava só em mim e no meu dinheiro enquanto uma pessoa que eu nem me conhecia tomava tiro por mim e como sou idiota a ponto de pensar em reagir em um assalto achando que a arma era de brinquedo.
Chegando ao hospital não estava mais preocupado com o meu dinheiro e nem com em reconhecer o ladrão que havia me roubado, estava preocupado com o estado de saúde do PM que havia sido baleado por mim, ou melhor, pela sociedade ingrata e injusta, que não reconhece o trabalho destes nobres profissionais. Fiquei sabendo que o policial estava bem e que iria passar por uma pequena cirurgia para retirar a bala que havia atingido e o ladrão que havia me roubado havia morrido.
Fiquei indignado (agora sim) quando cheguei ao plantão policial e vi pessoas gritando para os policiais na calçada: “assassinos, covardes” e minha indignação aumentou mais ainda quando os jornais do município e da região anunciaram: “policia mata pintor em troca de tiros”, e quando grandes jornais anunciam: “aumentou o número de mortos pela policia militar”. E o policial militar baleado, ninguém fala nada? O pai de família, assim como eu, é ferido ou morto, ninguém comenta?
Daí faço uma pergunta: quem está certo o policial que arrisca a vida para nos proteger, eu que, assim como todo o trabalhador, acordo cedo, inclusive nos finais de semana e dou um duro danado para sustentar a família ou o ladrão?
A partir daí resolvi conhecer melhor o trabalho destes valorosos homens indo ao quartel e conhecendo a sua central telefônica, onde fiquei impressionado com a quantidade ligações e a quantidade de trotes e de relatos que não são problemas de policia, daí vi a importância da quantidade de perguntas que aquele excelente profissional que atende ao telefone me fez.
O pior de tudo e que não acabou ai, porque o policial que acertou o ladrão que baleou seu amigo está sendo processado pela morte do ladrão, foi afastado da rua, teve que mudar com sua família porque deram vários tiros na casa onde morava e ainda teve que ouvir do advogado do ladrão que o bandido era ele. Meu Deus! Desse jeito onde vamos parar?
Agora para me redimir o que me resta a fazer é dizer quanto sou grato aos Policiais pelo seu trabalho, parabenizá-los e dizer sempre quando vejo uma viatura ou ouço uma sirene: “fiquem com DEUS meus grandes amigos e heróis.”
Augusto Silva
(nome fictício, pois tenho medo sofrer represálias do crime)

JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

Um comentário:

Rose Prado disse...

A falta de um policial

"Muito bem, senhor cidadão, eu creio que o senhor já me rotulou. Acredito que me enquadro na categoria em que o senhor me colocou.
Eu sou esteriotipado, padronizado, marcado, corporativista, e sempre bitolado. Infelizmente é reciproca e verdadeira.
Eu não vou porém rotulá-lo. Mas, desde que nascem, seus filhos ouvem que sou o bicho papão, e depois o senhor fica chocado quando eles se indentificam com meu inimigo tradicional... O BANDIDO!
O senhor me acusa de contemplar com os criminosos, até que eu apanhe um de seus filhos em alguma falta.
O senhor é capaz de gastar uma hora para almoçar e interrompe o serviço para tomar muitos cafés por dia, mas me considera um vagabundo se eu paro para tomar uma xicara.
O senhor se orgulha de seu refinamento mas nem pisca quando interrompe minhas refeições com seus problemas.
O senhor fica fulo quando alguém o fecha no trânsito, mas se eu o pegar fazendo a mesma coisa, estarei lhe perseguindo.
O senhor conhece todo o código de trânsito, mas nunca porta todos os documentos obrigatórios.
O senhor acha que é um abuso se me vê dirigindo em alta velocidade para atender uma ocorrência, mas sobe pelas as paredes se eu demorar 10 minutos para atender um chamado seu.
O senhor acha que é parte do meu trabalho se alguéem me fere, mas não diz que truculência da polícia se eu devolvo uma agressão.
O senhor nem cogita ao seu dentista como arrancar um dente, ou ao seu médico como extirpar seu apêndice, mas está sempre me ensinando como aplicar a LEI.
O senhor quer que eu o livre dos que metem o nariz na sua vida, mas não quer que ninguém saiba disso.
È preciso fazer algo para combater o crime, mas fica furioso se é envolvido em um processo apenas como testemunha.
O senhor não vê ultilidade para minha profissão, mas certamente ela se torna valiosa se eu trocar um pneu furado da sua esposa ou conduzir o seu menino no banco detrás da patrulha, ou talvez, salve a vida do seu filho com uma respiração boca-a- boca, ou trabalhe muitas horas extras procurando sua filha que sumiu.

Assim, senhor cidadão, eu sou um policial!"