sexta-feira, 10 de abril de 2009

O "MURO DA CIDADANIA" E A VELHINHA CONTRABANDISTA.


Este artigo será sobre o muro, aquele que irá cercar uma comunidade carente do Rio de Janeiro e que promete se multiplicar para outras comunidades.
O muro que tem gerado tanta controvérsia, alguns apoiando, a maioria criticando.
O “muro da cidadania” conforme o artigo da lavra do secretário municipal Rodrigo Betlhem, publicado nesta quinta-feira, no jornal O Globo (página 7).
Ele faz uma comparação entre os muros erguidos pelos proprietários de condomínios de luxo e o muro imposto pelo Estado aos moradores da comunidade carente, demonstrando uma visão mono ocular.
Obviamente, os ricos buscam a proteção, eles escolheram construir o muro para tal finalidade, enquanto os moradores da comunidade carente não pretendiam tal proteção, que inclusive não é direcionada a eles.
Vamos em frente e antes de falar do muro, pretendo demonstrar um outro exemplo de visão mono ocular, tão comum nos nossos políticos.
Eles olham a parte, não enxergam o todo.
Eles querem enxergar o velhinho boa praça que aponta o jogo dos bichos, mas não querem ver a estrutura criminosa que coloca o velhinho na esquina.
É uma visão seletiva.
Quem não conhece a estória da velhinha, que todo dia cruzava a fronteira pilotando uma lambreta vermelha, com um grande bagageiro.
Ela ia com o bagageiro vazio e voltava com o bagageiro cheio de mercadorias.
O policial que fiscalizava a fronteira, após uma semana de idas e vindas da velhinha, desconfiou e passou a revistar o bagageiro, na ida e na volta, diariamente.
Apesar de fazer isso durante anos, o policial nunca conseguiu flagrar qualquer contrabando. O bagageiro ia sempre vazio e quando voltava estava repleto de mercadorias, devidamente relacionadas em notas fiscais, nenhuma irregularidade.
Certo dia, a velhinha se aproximou com uma novidade, desta vez pilotando uma motocicleta preta, último tipo, parando ao lado do policial, seguindo-se o seguinte diálogo:
- Meu filho, todo dia você me abordava e fiscalizava o bagageiro para tentar encontrar contrabando, não é?
- Sim, minha senhora, eu achava que a senhora era uma grande contrabandista, mas nunca consegui provar.
- Meu filho, você estava certo, eu era uma contrabandista e agora que me aposentei, vou lhe contar o segredo.
- Eu contrabandeava lambretas vermelhas, com grandes bagageiros, cada dia eu passei com uma e você nunca fiscalizou os documentos da lambreta, só o bagageiro. Fique com Deus!
Não podemos ver o muro, apenas como uma solução ambiental, um “muro cidadão”, ou uma afronta à população da comunidade carente, criando uma “ilha de carência”, longe dos olhos nobres da Zona Sul.
O muro tem muito mais a ser esclarecido.
Boatos circulam pela internet no sentido de que o muro custará algo em torno de R$ 40 milhões!
Imaginem, o total do gasto com todos os “muros cidadãos”.
Eu não acredito em boatos, muitos são falsos.
Nem acredito no ditado de que onde há fumaça existe fogo.
R$ 40 milhões, seria muita cidadania...
Imaginem R$ 40 milhões vezes 10!
Eu sei que o muro poderá custar muito menos, porém na dúvida, quem sabe o secretário municipal Rodrigo Bethlem possa esclarecer:
- O custo final do muro?
- Quando foi realizada a licitação?
- E o nome da empresa que ganhou a licitação para construir o muro?
No tocante ao uso do dinheiro público transparência é indispensável.
A transparência pública é uma questão de cidadania.
Vamos aguardar, rezando para que os boatos sejam uma grande mentira.


PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO