sábado, 11 de abril de 2009

O GLOBO - BLOG REPÓRTER DE CRIME - JORGE ANTÔNIO BARROS.


O presidente do STF, Gilmar Mendes, está de parabéns. Conseguiu impor sua campanha contra as ações da Polícia Federal, que tem provocado arrepios nos corruptos deste país. Na próxima segunda-feira, ele e chefes dos outros poderes assinam o chamado Pacto Republicano, que pretende impor uma nova ética policial à ação de agentes responsáveis pela investigação e repressão. O pacto será assinado por Mendes, o presidente Lula, e os presidentes da Câmara, deputado Michel Temer; e do Senado, José Sarney.
Não creio que fosse necessária tanta pompa e circunstância para se enquadrar as polícias dentro da lei e do estado de direito democrático. Está tudo previsto no Código Penal. O problema é a falta de corregedorias eficientes e menos corporativas para coibir os abusos praticados pelos agentes da lei neste país. Onde está por exemplo a corregedoria da PM, que não deu uma palavra sobre o fato de o segundo homem da instituição receber o infame auxílio-moradia? Isso também é caso para corregedoria.
Sua excelência, o presidente do STF está preocupadíssimo se são algemados ou não os figurões que são presos pela Polícia Federal, fotografados de cueca ou pijama e se os bambambans do colarinho branco estão sendo ou não alvos de vigilância policial abusiva. Tem toda razão. Mas é preciso também que o tal pacto se preocupe com o altíssimo nível de letalidade das polícias do Rio, por exemplo. Sobre isso não vejo nenhuma autoridade em Brasília esboçar qualquer reação. Que o governo federal dê condições à Secretaria de Direitos Humanos da própria presidência para que arrume tempo para averiguar as denúncias de violações desses mesmos direitos por agentes da lei, em estados como o Rio de Janeiro e do sertão nordestino, onde proliferam cabras marcados para morrer.
Embora a essa altura ninguém tenha mais dúvida de que a assustada teoria do estado policial está por trás desse pacto que será assinado em Brasília, também deixo claro que a República precisa de fato ser protegida dos abusos da polícia. Mas que seja de fato a República Federativa do Brasil, de todo o povo brasileiro. E não de uma minoria de apaniguados pelos poderes da nação.

PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO

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