terça-feira, 14 de abril de 2009

CARTA ABERTA AO CORONEL DE EXÉRCITO USTRA.

EMAIL RECEBIDO:
Carta aberta ao Cel Ustra
Ao Cel. Ustra
Recebi seu email convocando para as comemorações de 31 de março e tentando chacoalhar, de forma inábil, os acomodados. Apesar da carapuça não me assentar, não posso deixar de respondê-lo, ressaltando dois pontos:
Em primeiro lugar, a carapuça não me assenta por um simples motivo: eu fiz o que podia. Gastei sola de sapato, gasolina e dinheiro que não tinha para tentar formar uma organização para combater esses vampiros que destroem o Brasil. Bati de porta em porta! Falei com conhecidos, que zombaram de mim. Fui até empresários que me deram com a porta na cara. Portanto, mesmo sem ter sucesso, eu AGI, FUI A CAMPO, dentro e acima de minhas possibilidades.
A razão de meu insucesso é que sou um anônimo, um “joão ninguém”, perdido na multidão. Não tenho títulos, nem uniforme, nem cargo político. Um reles e comum cidadão, que mal tem com que viver.
Já, bater na porta de uma empresa para pedir apoio, com o título de coronel do exército, apresentando uma lista de seguidores também militares, é meio caminho andado. Quer se queira ou não, isso causa impacto. Você pelo menos é recebido e pode tentar vender o peixe. Essa é a diferença. Portanto estou a cavaleiro para cobrar ação e se ela vier sou o primeiro a me alistar.
Em segundo lugar, a INTENÇÃO TÉORICA do coronel é boa ao convidar as pessoas para participarem das comemorações de 31 de março. Moro no interior e se tivesse condições, na certa, estaria nas palestras e atos comemorativos dessa data. É, na pior das hipóteses, uma forma de protesto.
Mas, coronel, na prática a teoria é outra e existem pessoas e pessoas. O brasileiro em geral é cauteloso e manhoso. Quando lhe pediram para se livrar das armas, deu uma banana ao governo e às ONGs entreguistas. Ele sabe que na hora da invasão de sua casa, ninguém virá socorrê-lo e tem que contar é com si mesmo.
Uma passeata e eventos públicos como esses, são afrontas ao governo terrorista que está aí - e o brasileiro manhoso sabe que terrorista é vingativo e faz suas próprias leis – e vai marcar as pessoas que participarem. Se você é funcionário público, se ferra; se trabalha em uma grande ou pequena empresa, sabe que seu emprego não vale nada diante de uma ameaça de devassa nelas feita pela PF ou Ministério Público. Então fica desestimulado de participar. Porém, poderia até criar coragem, se as FFAA sinalizassem que não estão vermelhas.
O coronel fala em apoiar as FFAA.
Apoiar, coronel? Apoiar quem? Quem permite um pedaço rico da nação ser desmembrado de seu território e ainda elogiar o fato, como o ministro da Marinha elogiou o END? Quem permite ser achincalhado a todo o momento por um ministro civil de má índole? Quem permite que um estatuto destruidor, lhe estilhace o poder, a harmonia e a união?
É dever do cidadão civil patriota lutar por sua pátria, quando o CONTINGENTE MILITAR, criado e mantido por ele, já começou a luta e precisa de reforço. Dever patriótico não é dever obrigatório de fato. É um dever moral.
Dever obrigatório de fato é inerente à função e os militares são PAGOS para defender com armas a pátria, em caso de ameaça à integridade nacional, o mais eminente dos perigos.
Quem não cumpre seu dever não pode exigir direitos. O dever cívico moral pode não ser cumprido por alguns civis, sem que haja falta. Já o dever de fato, aquele pelo qual se é pago, exige-se que seja cumprido.
Uma instituição que não defende os seus – o coronel sabe muito bem da defesa que tem obtido dela, na perseguição que sofre dos terroristas - e que não cumpre o seu dever de fato, vai proteger, de que maneira, os civis que forem afrontar o terrorismo no mando?
O povo manhoso, não reclama, fica calado, obedece, mas não deixa de perceber o estado das coisas. Ele vê os sinais e sabe que as FFAA estão escarlates e doutrinadas pelo outro lado. Para quê afrontá-las, com passeatas de derrotados? Será que o povo é o covarde nessa história? Quem está ganhando o quê com ela?
Essa é a prática, caro coronel. É a realidade. Enquanto nossa passeata anda, os ministros militares assinam o END. Enquanto o coronel chama os civis para a luta – reduzida a uma simples caminhada - os soldadinhos da força nacional e da PF estão arrombando os portões dos arrozeiros de Roraima para expulsá-los de suas legítimas terras produtivas, com violência, na chibata, na ponta de baionetas. Enquanto o coronel repreende os civis, querendo que, desarmados, tenhamos a mesma força que as legiões, o MST mata, queima, destrói, invade, cria escolas terroristas e se apodera de milhões do dinheiro público repassado pelo governo desonesto. Será que o coronel não nota a diferença nas ações? Buzinar e caminhar contra queimar, arrombar, açoitar, matar e dilapidar o erário? Ilusão por ilusão, acho que o coronel é quem está iludido.
Caro coronel. Estou do lado do Exército de Caxias. Estou de seu lado, apesar de, aparente e paradoxalmente, nossas noções de luta não se coadunarem. Somente acho que sua mensagem foi infeliz. Não são os civis quem têm que dar o primeiro passo. Eles não têm poder para isso. Não têm motivação. Não têm segurança. Como já disse, os civis são reforço da ação, numa fase complementar. Por isso a cobramos.
Estou a seu lado, repito, mas não me calo, pois a voz é minha única arma. Vou continuar cobrando para que aqueles que são pagos com meu imposto, não fujam de sua obrigação. Proteger a nação do esfacelamento não é heroísmo ou ação extraordinária de patriotismo e civismo. Para os militares é simples trabalho de rotina. E acho que não estou querendo demais.
Se as FFAA precisam do povo, primeiro mostrem a ele sua cor, suas ações e necessidades. Mostrem que a bandeira do Brasil foi manchada e desonrada e precisam de ajuda. “Bandeira do Brasil, ninguém te manchará, teu povo varonil, isso não consentirá.” O povo sempre respaldou as ações de suas FFAA. O povo continua acreditando nelas, aguardando uma ação. Essa é a ordem natural. O coronel usa de sofismas, tentando invertê-la, querendo que, primeiramente, o hipo-suficiente - o povo - aja, para, depois, ser coadjuvado pelo hiper-suficiente - as FFAA.
Quando se constatar que a nação perdeu sua integridade, então me calarei, pois saberei que as FFAA que aqui estarão não serão mais as do antigo Brasil. Serão de uma outra coisa, algo caricato como um país, um reino governado pelos plutocratas internacionais, imerso no crime, na injustiça e corrupção.
L V

PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO

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