terça-feira, 7 de dezembro de 2010

GUERRA DO RIO: A SORTE DOS POBRES.

FOLHA DE SÃO PAULO
Fernando de Barros e Silva: A sorte dos pobres
SAO PAULO - "Esse silêncio seria inadmissível se os mortos fossem moradores ricos de Ipanema, mas, como é gente pobre, vale tudo".
A professora da Vila Cruzeiro se refere ao silêncio das autoridades e dos órgãos públicos do Rio a respeito da identificação e do paradeiro dos que morreram (supostamente) em confronto com a polícia na megaoperação contra o tráfico.
São, segundo a PM, 37 cadáveres desde o último dia 21, na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão. Para a Secretaria de Segurança Pública, porém, morreram 18 pessoas, uma delas ainda não (ou nunca mais) identificada. A secretaria só reconhece os mortos a partir do dia 25 e afirma que nem o IML tem dados sobre as vítimas entre os dias 21 e 24. Quem precisa de Kafka diante de um Estado como esse?
As jornalistas Laura Capriglione e Marlene Bergamo explicam, na reportagem "Onde estão os mortos?", na Folha de ontem, que a contabilidade de araque serve, na prática, para evitar a menção à morte de pessoas inocentes. Como a estudante de 14 anos, morta dentro de casa, na frente do computador, por um tiro nas costas.
O IML, além disso, não dá nenhuma informação sobre as circunstâncias das mortes a partir do dia 25. Houve execuções? Sabemos apenas, pela relação do jornal, que 15 das 18 vítimas eram negros ou pardos. Todos eram homens e só três tinham mais de 30 anos.
O corpo do mais novo, de 17 anos, ficou exposto a céu aberto por dois dias, ao lado de um campinho. Já havia sido dilacerado por porcos quando foi recolhido por familiares e levado ao IML. Nem a polícia nem o serviço funerário se prestaram à tarefa. Kafka? Ora, ora...
No clima que se criou, esses episódios não devem figurar nem como nota de rodapé nos relatos da "batalha do Alemão". Mas eles nos ensinam, muito mais que a narrativa apoteótica da guerra, sobre o que ainda há de descompromisso, arbitrariedade e humilhação na relação do Estado com os pobres.
COMENTO:
Pelo que percebo a Segunda Batalha do Complexo do Batalhão do governo Sérgio Cabral seguirá caminho semelhante ao da Primeira.
Logo um organismo internacional irá começar uma investigação e elaborará um relatório que colocará as Polícias do Rio de Janeiro na época da bárbarie.
Por sua vez, o governo, novamente, vai tentar colocar o organismo como um defensor dos direitos humanos dos bandidos.
Vida que segue.
Sinceramente, torço para que o Ministério Público do Rio de Janeiro se antecipe e solicite ao governo a relação completa dos mortos ao longo do período da batalha, acompanhada da necrópsia de cada um deles.
Ratifico o que tenho escrito: o Estado (Governo) não pode se comportar como bandido.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

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