O outro lado (preocupante) da vitória no Alemão
De 21 a 29 de novembro, o Brasil assistiu uma guerra urbana, seguida da ocupação do Complexo do Alemão, um conjunto de comunidades (ou favelas) do Rio, depois de uma série de atentados de traficantes que dominavam a área. A segurança pública, na ocupação em si, saiu vitoriosa. A sequência de informações a seguir mostra que, se a guerra não foi vencida, “vencemos a mais importante e difícil batalha”, como disse o secretário José Mariano Beltrame, de Segurança Pública.
Constrangimento
O outro lado da vitória, porém, é preocupante. Sete toneladas de maconha foram encontradas, além de armas. Mais de 30 pessoas foram presas, entre elas um condenado pela morte do jornalista Tim Lopes e a líder do tráfico no Complexo do Borel, Sandra Maciel, anuncia, dia 29, o jornal O Estado de S. Paulo. Para a prisão de 32 pessoas, foram usados 2.700 policiais.
No dia 30, a Folha de S. Paulo escreveu e trouxe fotos sobre reclamação de moradores do Alemão (zona norte), mostrando aparelhos de televisão danificados durante revista na favela, enquanto venda de drogas continua à luz do dia na Rocinha (zona sul).
O mesmo jornal, no dia 1º de dezembro, reporta moradores citando policiais ligados a milícias e constrangendo mulheres, porcos comendo corpos e traficantes pagando para fugir, enquanto o Jornal do Brasil relata a transferência do medo, do Alemão, para Duque de Caxias, na Baixada.
Milícias
Dia 2, na Folha, o ex-coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania do Estado do Rio (1999/2000) e ex- secretário nacional de Segurança Pública (2003), o antropólogo Luiz Eduardo Soares afirma que “Não haverá mudança no Rio com corrupção policial” e trata da atuação das milícias. “Muita gente diz que elas, pelo menos, se opõem ao tráfico. Não é verdade. Esperam que a polícia enfrente o tráfico e, se isso não acontece, fazem negócios com os traficantes. São muito mais fortes, numerosos, têm mais capacidade de organização, o rendimento é superior, têm visão política”.
Outro ponto é a segurança privada, segundo Luiz Eduardo Soares. "É uma das origens das milícias. Os salários dos policiais são insuficientes. O sujeito tem que complementar a renda. (...) As autoridades toleram essa complementação. Veja que situação absurda: o Estado tem um pé na legalidade e um pé na ilegalidade”.
O Correio Braziliense, no dia 3, destaca “os mortos que convêm às polícias”. Afirma que a megaoperação nas favelas do Alemão e da Penha teve 17 ou 37 mortos, dependendo da contagem realizada pelas polícias Civil e Militar do Rio. “Denúncias nas comunidades sugerem que a matança foi ainda maior”.
Apoio da população
O jornal Estado de Minas, em “O Haiti é aqui”, escreve: “Pesquisa do Ibope, divulgada ontem, mostra que 88% da população fluminense apóiam as medidas que estão sendo tomadas no combate aos traficantes de drogas no estado e que 70% acreditam que o Rio será mais seguro no fim das operações.
O Globo, dia 4, publica que traficantes planejavam com milícia e que carro de delegacia pode ter sido usado em fuga. O governador Sérgio Cabral disse que moradores do Alemão podem filmar a atuação da polícia durante as revistas em suas casas. “Já são 37 as queixas de abusos”.
Salários
Domingo, dia 5, o Jornal do Brasil tem a manchete “Policiais no Brasil ganham muito mal”. O secretário nacional de segurança, Ricardo Balestreri, admite que, apesar da necessidade de equilíbrio nas finanças públicas, é preciso uma solução para remunerar melhor os policiais brasileiros.
O tema é destacado também pela Folha de S. Paulo, com “RJ paga a seus policiais um dos salários mais baixos do país”. “Os policiais entram na corporação ganhando R$ 1.110 mensais - é o pior rendimento inicial entre 11 Estados analisados”.
E os mortos?
Em outro texto, fica a pergunta “Onde estão os mortos?” PM, Secretaria de Segurança e IML do Rio não informam dados de mortos na ação antitráfico. "Seria inadmissível se fossem de Ipanema; como são pobres, vale tudo", diz professora da Vila Cruzeiro.
Urgência
A segurança pública, com a educação, precisa ser tratada urgentemente como prioridade no Brasil. O problema vai além do Rio; espalha-se pelo Brasil. O jornal Estado de Minas reporta sobre “As 21 “Vilas Cruzeiro” do tráfico de drogas em Belo Horizonte” e ações de repressão e prevenção. “O objetivo é evitar que sejam dominadas por quadrilhas de traficantes, como ocorreu no Rio de Janeiro, e que culminou em cenas de guerra urbana”.
Em Pernambuco, o Jornal do Commercio escreve que guerra entre o Estado do Rio e bandidos reacendeu a polêmica sobre a participação dos usuários de drogas no financiamento do tráfico. “Para alguns, o viciado é tão bandido quanto o fornecedor. Para outros, apenas uma vítima”.
De todo noticiário, destaca-se o peso da corrupção, que é tratada com complacência pela sociedade brasileira, a política inclusa. A guerra não foi vencida.
Fonte: http://jblog.com.br/outraspaginas.php
Via André Schirmer.
JUNTOS SOMOS FORTES!Constrangimento
O outro lado da vitória, porém, é preocupante. Sete toneladas de maconha foram encontradas, além de armas. Mais de 30 pessoas foram presas, entre elas um condenado pela morte do jornalista Tim Lopes e a líder do tráfico no Complexo do Borel, Sandra Maciel, anuncia, dia 29, o jornal O Estado de S. Paulo. Para a prisão de 32 pessoas, foram usados 2.700 policiais.
No dia 30, a Folha de S. Paulo escreveu e trouxe fotos sobre reclamação de moradores do Alemão (zona norte), mostrando aparelhos de televisão danificados durante revista na favela, enquanto venda de drogas continua à luz do dia na Rocinha (zona sul).
O mesmo jornal, no dia 1º de dezembro, reporta moradores citando policiais ligados a milícias e constrangendo mulheres, porcos comendo corpos e traficantes pagando para fugir, enquanto o Jornal do Brasil relata a transferência do medo, do Alemão, para Duque de Caxias, na Baixada.
Milícias
Dia 2, na Folha, o ex-coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania do Estado do Rio (1999/2000) e ex- secretário nacional de Segurança Pública (2003), o antropólogo Luiz Eduardo Soares afirma que “Não haverá mudança no Rio com corrupção policial” e trata da atuação das milícias. “Muita gente diz que elas, pelo menos, se opõem ao tráfico. Não é verdade. Esperam que a polícia enfrente o tráfico e, se isso não acontece, fazem negócios com os traficantes. São muito mais fortes, numerosos, têm mais capacidade de organização, o rendimento é superior, têm visão política”.
Outro ponto é a segurança privada, segundo Luiz Eduardo Soares. "É uma das origens das milícias. Os salários dos policiais são insuficientes. O sujeito tem que complementar a renda. (...) As autoridades toleram essa complementação. Veja que situação absurda: o Estado tem um pé na legalidade e um pé na ilegalidade”.
O Correio Braziliense, no dia 3, destaca “os mortos que convêm às polícias”. Afirma que a megaoperação nas favelas do Alemão e da Penha teve 17 ou 37 mortos, dependendo da contagem realizada pelas polícias Civil e Militar do Rio. “Denúncias nas comunidades sugerem que a matança foi ainda maior”.
Apoio da população
O jornal Estado de Minas, em “O Haiti é aqui”, escreve: “Pesquisa do Ibope, divulgada ontem, mostra que 88% da população fluminense apóiam as medidas que estão sendo tomadas no combate aos traficantes de drogas no estado e que 70% acreditam que o Rio será mais seguro no fim das operações.
O Globo, dia 4, publica que traficantes planejavam com milícia e que carro de delegacia pode ter sido usado em fuga. O governador Sérgio Cabral disse que moradores do Alemão podem filmar a atuação da polícia durante as revistas em suas casas. “Já são 37 as queixas de abusos”.
Salários
Domingo, dia 5, o Jornal do Brasil tem a manchete “Policiais no Brasil ganham muito mal”. O secretário nacional de segurança, Ricardo Balestreri, admite que, apesar da necessidade de equilíbrio nas finanças públicas, é preciso uma solução para remunerar melhor os policiais brasileiros.
O tema é destacado também pela Folha de S. Paulo, com “RJ paga a seus policiais um dos salários mais baixos do país”. “Os policiais entram na corporação ganhando R$ 1.110 mensais - é o pior rendimento inicial entre 11 Estados analisados”.
E os mortos?
Em outro texto, fica a pergunta “Onde estão os mortos?” PM, Secretaria de Segurança e IML do Rio não informam dados de mortos na ação antitráfico. "Seria inadmissível se fossem de Ipanema; como são pobres, vale tudo", diz professora da Vila Cruzeiro.
Urgência
A segurança pública, com a educação, precisa ser tratada urgentemente como prioridade no Brasil. O problema vai além do Rio; espalha-se pelo Brasil. O jornal Estado de Minas reporta sobre “As 21 “Vilas Cruzeiro” do tráfico de drogas em Belo Horizonte” e ações de repressão e prevenção. “O objetivo é evitar que sejam dominadas por quadrilhas de traficantes, como ocorreu no Rio de Janeiro, e que culminou em cenas de guerra urbana”.
Em Pernambuco, o Jornal do Commercio escreve que guerra entre o Estado do Rio e bandidos reacendeu a polêmica sobre a participação dos usuários de drogas no financiamento do tráfico. “Para alguns, o viciado é tão bandido quanto o fornecedor. Para outros, apenas uma vítima”.
De todo noticiário, destaca-se o peso da corrupção, que é tratada com complacência pela sociedade brasileira, a política inclusa. A guerra não foi vencida.
Fonte: http://jblog.com.br/outraspaginas.php
Via André Schirmer.
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO
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