sábado, 18 de abril de 2009

GILBERTO RIBEIRO: ERROS E ACERTOS DE UM CHEFE DA POLÍCIA CIVIL.

O maior avanço das instituições policiais brasileiras, nesse milênio que está encerrando a sua primeira década, indiscutivelmente, foi o surgimento da blogosfera da Segurança Pública.
Infelizmente, nada mudou nas instituições policiais, nem estrutural e nem conjunturalmente, elas continuam percorrendo o caminho tortuoso da FALTA de identidade; de transparência; do culto a valores; das adequadas condições de trabalho; de salários dignos; da valorização profissional; de uma ascensão profissional meritória; de um processo de recrutamento e seleção eficaz.
Pelo menos algo mudou, hoje temos uma grande ferramenta para mudar a nossa realidade - a blogosfera policial.
A segurança pública era avaliada sempre de fora para dentro e por mais que os jornalistas e os estudiosos buscassem o aprimoramento, a visão era sempre "caolha", pois faltava a visão do interior, a vivência diária no calor dos acontecimentos.
É verdade que um ou outro policial escrevia um artigo aqui e outro ali, raros ousavam escrever livros, todavia sempre cerceados pelas normas internas de cada instituição, o que também resultava em uma análise parcial.
Urgia que as polícias fossem transparentes, inclusive para facilitar o acesso aos cidadãos, aos estudiosos e aos jornalistas da realidade policial.
Tal transparência surgiu com a blogosfera policial, fruto da coragem de idealistas, que resolveram que o INTERESSE PÚBLICO deve ser superior a qualquer norma ou regulamento que viole o direito de todo cidadão dispor de uma segurança pública de qualidade.
Isso, os blogueiros não são transgressões da disciplina, muito menos, sindicalistas ou criminosos, eles são a maior esperança da sociedade na busca do seu direito constitucional, que é dever do Estado e responsabilidade de todos.
Atualmente, os blogueiros interagem com a mídia, fazendo surgir a verdade no curso de discussões onde a dialética e o respeito mútuo são usados por todos.
Voltarei ao tema oportunamente, pois agora quero parabenizar o jornalista Jorge Antônio Barros pela análise sobre a gestão do Delegado Gilberto, na Chefia da Polícia Civil.
Um artigo muito interessante, que merece ser lido com muita atenção, sobretudo nas entrelinhas.
E para subsidiar a leitura, sem autorização, faço alguns comentários para facilitar a compreensão dos menos letrados no tema:
1) O Delegado Gilberto exerceu a função de Chefe da Polícia Civil - a Polícia Investigativa -, tendo em vista que não existe Chefe da Polícia. A Polícia é o conjunto das instituições policiais brasileiras, assim sendo, é indispensável adjetivar - Polícia Civil.
2) Um pequeno detalhe, que não pode passar despercebido, talvez seja a maior revelação do artigo, ou seja, o fato do Delegado Gilberto ter sido indicado por um político fluminense. Tenham certeza, a dominação política é o "câncer" que destrói as instituições policiais. Uma doença maior que a "corrupção policial", que também é alimentada por tal dominação política.
3) A taxa de elucidação de homicídios da Polícia Investigativa (Polícia Civil) do Rio de Janeiro era menor que 3%, a última vez que tive conhecimento de tal dado estatístico. Portanto, um aumento de 100% nessa taxa, equilave a elucidação de 6% dos homicídios, restanto 94% sem a identificação de autoria.
4) A Polícia Militar, a Polícia Civil e a Polícia Federal possuem "bandas podres", sendo que proporcionalmente ao efetivo de cada Instituição, uma não deve nada a outra, portanto a alegação do ex-Chefe da Polícia Civil para não integrar o "banco de dados", não tinha qualquer sustentação fática. Isso sem falar no que ocorreu com o último Chefe da Polícia Civil, que tinha acesso a todos os dados sigilosos da Instituição. Ele exerceu a Chefia por todo um governo e com um numeroso contingente de "colaboradores".
5) A luta de grupos pelo poder também é característica comum às Instituições Policiais, portanto, certamente o novo Chefe sabe que assume com outros querendo tirar a sua cadeira.
E vamos ao brilhante artigo:
O GLOBO:
BLOG REPÓRTER DE CRIME - JORGE ANTÔNIO BARROS.
ANÁLISE.
Gilberto Ribeiro: erros e acertos de um chefe da Polícia
Enquanto
não consigo notícias do novo Chefe da Polícia Civil, delegado Alan Turnowski, cujo celular está desligado, vou fazer um breve balanço da gestão de Gilberto Ribeiro, de acordo com as informações que disponho e também da minha visão, de crítico de segurança pública.
Indicado para o cargo por um político fluminense, Gilberto Ribeiro foi bem até começar a divergir do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Quem diverge do chefe deve esperar a porta de saída, mais cedo ou mais tarde. Gilberto saiu com dignidade porque caiu defendendo o ponto de vista predominante em sua corporação - a Polícia Civil - de não abrir bancos de dados para outras polícias, especialmente a militar, com a qual a civil tem uma animosidade histórica. Gilberto não concordou com o projeto da Secretaria de Segurança de criar uma intranet da Segurança Pública, que permitiria o acesso das polícias militar e federal aos dados reservados da Polícia Civil, como endereços residenciais de agentes e até mesmo ao serviço de mandados de prisão online.
Assim como PMs mal intencionados usam dados do IPVA para extorquir dinheiro de motoristas inadimplentes, Gilberto teme que o acesso desses mesmos policiais ao banco de dados dos mandados de prisão possa criar mais facilidades aos foragidos da Justiça.
Sobre os endereços residenciais de policiais, não há muito o que proteger, já que numa operação da Polícia Federal contra a máfia do caça-níqueis foi achado um CD com uma extensa lista de endereços de policiais civis do Rio. Aliás, até hoje não se apurou direito quem foi o responsável por esse perigoso tipo de vazamento de informação, dentro de uma polícia.
Em dois anos e quatro meses a frente da Polícia Civil, Gilberto fez uma gestão que progrediu muito em algumas áreas, mas regrediu em outras. Numa pincelada superficial, diria que a gestão dele foi importante na criação de parâmetros de produtividade na Polícia Civil, que não vieram a público porque ainda precisam de ajustes. A equipe de Gilberto acredita que, em dois anos, conseguiu, por exemplo, aumentar em 100% a elucidação de crimes de homicídio. Segundo colaboradores dele, essa medida teria contribuído para a queda no índice de homicídios, frequentemente anunciada pelo governo do estado.
Outro ponto positivo foi a redução de mais de 20% nas estatísticas de roubos e furtos de automóveis, no estado; os esforços para regulamentar os ferros-velhos e, com isso, atacar o desmanche; e a criação do Pátio Legal, uma parceria com a Fenaseg, que permitiu reduzir sensivelmente o número de carros depenados em porta de delegacia e por policiais militares que recuperavam os veículos e não conseguiam recompensa das recuperadoras. A parceria com a Fenaseg, porém, não contribuiu para que o preço do seguro de automóveis caísse, com a redução do roubo.
Uma vitória da Polícia Civil na gestão de Gilberto foi também o golpe quase mortal (prejudicado pela fuga do ex-PM Batman) na maior milícia da cidade, que era chefiada por dois policiais civis licenciados e políticos já sem mandato. A derrota, nesse aspecto, foi empregar milicianos como informantes e não enquadrá-los depois como criminosos. Para enfrentar a milícia a polícia do Rio se aliou a bandidos, com a anuência da cúpula da Segurança Pública.
Por seu estilo fechado, Gilberto foi inábil na formação de aliados. Na medida em que crescia a insatisfação da "tropa", não soube tranquilizar os policiais nem lhes dar palavras de estímulo. Foi ficando isolado e, ao final, viu que não conseguiu nenhum avanço no campo dos recursos humanos. Sem uma política salarial definida nas bases e sem se preocupar em agradar o chefe, foi colecionando cada vez mais críticos embaixo e em cima.
Outro ponto negativo, a meu ver, foi o emprego indiscriminado de policiais civis em operações nas favelas, disputando com a PM o controle da repressão. Acabou contribuindo para a alta letalidade da polícia do Rio. E, por último, mas não menos importante: embora eu particularmente tenha sido sempre atendido por Gilberto, acho que faltou um pouco mais de transparência de sua gestão, por meio de contatos com a imprensa. Talvez porque ele tenha muito pé atrás com jornalistas. Mas quem não tem?
Todo o centro de poder político é alvo de disputas e baixarias que qualquer pessoa pode imaginar. A Chefia da Polícia Civil não está blindada contra isso. Portanto, não é de hoje que cada grupo lutava por defender seus interesses e projetos. Venceu o grupo ligado ao delegado Alan Turnowski, que já havia sido preterido, na escolha por Gilberto. O "polonês" era a bola da vez".
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO

2 comentários:

PRAÇA BOMBEIRO MILITAR. disse...

PÓ O CARA CAIU POR NÃO QUERER LIBERAR O SIGILO DOS SEUS. RS,,,, É BRINCADEIRA NÉ?
QUEM VENDEU MEU SIGILO?
ESSE NÃO CAIU.
LIGAM SEMANALMENTE PARA MINHA CASA, BANCOS QUE NUNCA HOUVI FALAR. TEVE UM QUE ME OFERECEU RENOVAÇÃO DO EMPRESTIMO COM DESCONTO EM FOLHA. MAS EU NUNCA FIZ EMPRESTIMO NENHUM.
COM A PALAVRA OS SUPERIORES QUE NÃO CAIRAM POR QUEBRA DE SIGILO.
ACHO QUE DEVE SER PELO FATO DE MINHA VIDA TER MENOS VALOR QUE O AGRADO DA INSTITUIÇÕES BANCARIAS.
PRAÇA BOMBEIRO MILITAR.
VERDADEIRAMENTE LIVRE.

Anônimo disse...

Assim é mole
Ajudinha aos incompetentes

Fica combinado assim: basta caprichar na incompetência, prestar um serviço público bem ruim mesmo, maltratar bastante gente que paga a passagem, faltar com os compromissos mais elementares, pôr as pessoas em risco, que o governo pinga uma grana. É o que dá para entender da perdulária decisão de Sérgio Cabral, que sem constrangimento anunciou uma ajuda de R$ 8 milhões a Barcas S/A. Como se diz hoje em dia, fala sério!

A incompetência da concessionária é notícia velha. Os consumidores, faz tempo, comem o pão que Asmodeu amassou para cumprir o banal percurso entre o Rio e Niterói. A empresa merecia, sim, ser punida por tamanho descaso. Mas não - foi premiada com um caraminguá bacana do responsável por garantir um serviço público de qualidade.

Privatização assim é fácil. Quando está bom, o lucro vai para o bolso do concessionário; quando o negócio aperta, o governo entra com um qualquer. E ninguém fica nem com vergonha!

Francamente!!!