quarta-feira, 15 de abril de 2009

FRIGIDEIRA, ÓLEO QUENTE E ...

Eu postei um comentário que causou preocupação a um amigo, que considerou que o texto era prejudicial a mim, eu o acalmei e disse que pensava de modo diferente, achando o comentário interessante.
Ele foi feito no artigo sobre as prováveis mudanças no comando da PMERJ e na chefia da PCERJ - "Boato ou Fumaça".
Eis o comentário:
Com certeza boato. Nada vai mudar ainda que você queira.
Aliás de boataria e conspiração você conhece bem, mas dificilmente dá uma dentro.
Abraços e saudações. (anônimo).
O anônimo afirma que nada vai mudar, sendo desinformado na minha opinião, vai mudar mesmo.
Diz que eu quero que mude, o que é óbvio, sempre deixei isso claro e assinado.
Afirma que eu entendo de boataria, o que é uma grande verdade, considerando apenas o fato de em razão das funções exercidas, ter lido milhares e milhares de disques-denúncias, onde os boatos são o mais comum.
Portanto, mais uma vez, o anônimo está absolutamente certo, isso sem falar que é uma ação típica da "INTELIGÊNCIA", o uso de "boatos" para colher frutos.
Diz que de conspiração eu entendo muito bem, sendo novamente perfeito na sua análise, eu sou um conspirador a cada instante. E, inclusive, ensinei isso a muitos alunos, quando demonstrava que a única maneira da "banda boa" enfrentar a "banda podre" era utilizando também da conspiração - uma conspiração para o bem -, tendo em vista que a "banda podre" só vive conspirando.
Aliás, esse artigo, trata de uma possível conspiração.
O anônimo finaliza afirmando que dificilmente, eu dou uma dentro, demonstrando novamente a sua desinformação.
Eu gostaria que ele explicasse melhor, quando não dei uma dentro, profissionalmente falando.
Talvez o anônimo ache que o fato de eu ter sido fritado incontáveis vezes; ter sido exonerado; ter perdido a gratificação; ter perdido as benesses da função e ter tido a carreira abreviada, signifiquem derrotas.
Não me conhece, derrotado eu seria se continuasse a aceitar calado a dominação política da nossa Polícia Militar, o que está destruindo a Instituição.
Tudo que fiz, faria novamente, mil vezes, sempre me sentindo um grande vitorioso.
Por derradeiro, recomendo que aguarde, a luta (a verdadeira), ainda nem começou...
E qual seria a provável conspiração?
Se tem uma coisa que eu conheço é o "processo de fritura", pois sofri tal experiência algumas vezes, enquanto era Corregedor Interno.
Em todas eu "dei uma dentro", cito algumas:
- A primeira foi quando era Tenente-Coronel, Chefe da 1a DPJM, oitavo colocado para promoção por merecimento(existindo nove vagas), não aceitei comandar o Vigesimo-Terceiro Batalhão, nas condições que a unidade se encontrava e em razão da forma como o meu amigo, Tenente-Coronel Fialho, tinha sido exonerado. Não seria promovido em razão da recusa e fui.
- No Governo Rosinha Garotinho, já Corregedor Interno, quando eu e o Coronel Esteves (DGF) entramos com uma ação contra a governadora, em razão das vergonhosas promoções políticas. Não cai.
- Fui exonerado em manchetes garrafais (primeira página) por ser o líder dos Coronéis Barbonos, o líder da "rebelião", da "insubordinação", do "motim". Não caí.
- Cairia em razão do meu posicionamento contrário a maneira como a "Operação Duas Caras" da Polícia Civil se desenvolveu. Não cai.
- Depois foi a minha participação na investigação da tentativa de homicídio contra o Delegado Alexandre Neto, quando sustentei que a viatura que passou no local, quase dez minutos depois do provável veículo dos criminosos - e não segundos depois, como a Rede Globo noticiou -, não era a viatura dos Policiais Militares que estavam presos preventivamente. Não cai.
- Em seguida, tentaram me derrubar quando eu escrevi (e assinei) que o fato do Policial Militar ganhar salários famélicos, o tornava uma presa fácil para os corruptos ativos de cada esquina. Isso deu na Rede Globo, em todos os jornais, alegando que eu estava defendendo corruptos. Não cai.
Em todos esses fatos, fui fritado pela mídia e não caí.
Dei algumas dentro ou não?
E como é de domínio público, caí no dia 29 de janeiro de 2008, após ter sido transferido para a Diretoria de Ensino e Instrução, em comum acordo com o Comandante Geral - Coronel de Polícia Ubiratan.
Caí junto com o meu Comandante Geral, junto com os meus amigos de mais de trinta e três anos.
Caí no dia que a Polícia Militar viveu a maior desonra de toda a sua bicentenária história.
Imagine, meu anônimo, como escreveremos tais fatos na história da PMERJ.
Uma posse de Comandante Geral sem tropa, o que nunca tinha acontecido.
Ali, simbolicamente, caíram de joelhos, todos os Oficiais e Praças da PMERJ.
Caíram Coronéis e Soldados.
Se vergaram ante o poder político.
Chega, volto à conspiração.
Algo me diz, que as últimas matérias envolvendo o Coronel de Polícia Lopes (Comandante do 4o CPA) e o Coronel de Polícia Assad (Corregedor Interno) vão além da simples fritura dos seus nomes.
Uma análise do quadro de Coronéis (um quadro absurdo, onde convivem Coronéis com diferença de formatura -aspirantado- de mais de dez anos, um dos resultados da dominação política), já revela que com algumas simples mudanças, QUASE TODOS os Coronéis mais antigos serão transferidos para a inatividade, em curtíssimo tempo.
Isso em decorrência da alteração feita no Estatuto dos Policiais Militares pelo Governador Sérgio Cabral.
Portanto, recomendo cautela e estratégia, direcionando o pensamento para o todo, só depois para as partes.
Visão de enxadrista.
E o que me levou a analisar tal possibilidade?
A matéria acima, a segunda contra o Coronel de Polícia Assad.
Querer imputar ao Corregedor Interno a responsabilidade da não renovação do DPVAT, ou de multas que podem ter ocorrido quando ele não estava na viatura, cheira a frigideira e a óleo quente.
Demonstra um total desconhecimento sobre a administração na Polícia Militar, bem como, a respeito da estratificação de responsabilidades pelos níveis hierárquicos.
Eu não estou defendendo ninguém, nem tenho procuração para agir de tal modo, porém, entendo e muito de "frituras"...
O meu colesterol ruim é alto.
Isso me parece um processo de "fritura de um grupo".
Quem viver, verá, e logo!

PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO

3 comentários:

msc disse...

Uma tremenda "análise da conjuntura".
Poucos teriam o "sangue gelado" aqui demonstrado nestas bem elaboradas linhas.
Quedou-se o "anônimo" diante de tal argumentação, certamente.

Joana disse...

O problema caro Cel Paúl, é que existem coisas muito piores que um DPVAT ou multas, como por exemplo receber auxílio moradia já morando em casa fornecida pelo estado... e isso está aí, sem a devida apuraçao, pelo que consta ao público em geral.

Anônimo disse...

Cel. Paúl gostei das suas palavras, não precisava citar exemplos para convencer o anônimo do anonimato... Como sou outro anônimo, tenho a dizer que o Sr. Cel. Paúl também não é nenhum santo, pois quando esteve à frente da Corregedoria, não investigou nenhum comandante de BTL por corrupção, e não vá dizer que não sabia de nada, como diz até o Presidente; todos nós sabemos como funciona a corrupção nos BTL. Que exemplo: transportes alternativos que pagam quantias vultosas para não serem fiscalizados, maquinetas e jogo do bicho, transportadoras, empresas de ônibus legais, Ônibus piratas, ou seja, tudo que o senhor imaginar é pago ao comando, com pouquíssimas exceções, e olha que pode ser contado nos dedos aquele comandante de BTL que não recebe; quando não recebe, o seu Estado Maior e demais oficial recebem.
Não vi em momento algum o senhor como Corregedor investigando e prendendo esses corruptos, só vi prender e excluir praças. Talvez por serem coronéis.
Como disse anteriormente o senhor não é nenhum santo e ira prestar contar com DEUS no futuro.
Não terá coragem de publicar, somente o que lhe convém. Mas colocarei em outros blogs, com certeza.