OBA, OBA, OBAMA
Maria Lucia Victor Barbosa
07/11/2008
Nesse momento difícil de sua economia, os norte-americanos ouviram de Barack Houssein Obama o discurso que os fez sonhar novamente sonhos de prosperidade, apesar do candidato não apresentar propostas consistentes no sentido de resolver os enormes desafios que o país apresenta. E diante do descontentamento popular com relação ao presidente Bush, a palavra mudança, prometida várias vezes pelo democrata, soou como esperança.
Obama conquistou principalmente os negros, os hispânicos, as mulheres, os jovens, sendo que o crescimento urbano e da imigração foram também fatores que favoreceram sua eleição. O democrata atraiu, inclusive, parcelas de eleitores mais conservadores e, por isso, disse um de seus eleitores ilustres, Colin Powell, ex-secretário de Estado dos EUA: “O que Obama fez foi incluir todos através de linhas raciais, culturais, religiosas e de geração”.
A capacidade de incluir tantos setores da sociedade se deveu em parte ao discurso sem tom racial, em que pese 95% dos negros terem votaram em Obama. Na verdade, o que o presidente eleito fará pelos negros, principalmente os mais pobres, ainda não se sabe. Mas, sem dúvida, o mulato que chegou ao poder mais alto da Nação encarna a revanche de um passado de segregação que no presente se traduz por um racismo às avessas: o ódio dos negros aos brancos.
Barack Obama provocou emoção em todo mundo. A Europa, que achava que o poder dos Estados Unidos definhava diante da ascensão econômica da China, da Rússia e da Índia ficou deslumbrada e tranqüilizada diante da possibilidade de reforço do poder da pátria da democracia.
Na América Latina, inclusive no Brasil, além do teor emocional ligado à cor da pele do candidato, a “obamamania” teve caráter ideológico. Acredita-se que Obama seja comunista. Nesse sentido é emblemático que o historiador Joel Rufino dos Santos relembre Marx e sonhe utopicamente com um comunismo norte-americano: “Acho que o velho (filósofo e teórico do comunismo Karl) Marx de vez em quando deve ser lembrado. Ali (Estados Unidos) é onde pode ter um socialismo realmente democrático. Porque a economia é mais desenvolvida e o povo tem mais tradição de respeito ao outro”. (Folha de S. Paulo. 6/11/2008). Certamente o historiador não se lembra do fato de que as idéias de Marx postas em prática geraram aberrações totalitárias que nivelaram por baixo na opressão e na miséria.
Em todo caso, foi impressionante como a eleição de Obama fez desaparecer como num passe de mágica em todo mundo e, sobretudo, na América Latina, o feroz e odiento antiamericanismo que culpa os Estados Unidos por todas as nossas mazelas e fracassos. Agora se espera uma nova ordem mundial, uma nova era e mesmo antes da posse Obama já é visto como presidente de fato do qual se aguarda mudanças rápidas
Na América do Sul o oba, oba Obama se alastrou por todos os países. Mesmo Hugo Chávez, o criador do nebuloso Socialismo do século XXI, que não consegue discursar sem atacar violentamente os Estados Unidos, e seus companheiros do “Eixinho do Mal”, Evo Morales e Rafael Correa, pareciam deslumbrados com a eleição “de um afro-descendente para a cabeça da nação mais poderosa do Mundo”. Enquanto isso, Lula da Silva, se revestindo de grande líder latino-americano e mundial mandava seus pedidos para Papai Noel Obama: uma política mais ativa em relação à América Latina, o fim do embargo norte-americano a Cuba e a resolução do conflito do Oriente Médio.
Barack Hussein Obama, que terá imensos obstáculos pela frente, é um homem de esquerda, ou seja, um liberal conforme entendem os norte-americanos. Forçosamente, dada a situação em que o país se encontra, terá que ampliar um pouco o poder do Estado, algo que não é da tradição norte-americana. Ele prometeu coisas como apoiar uma lei federal que facilitará a sindicalização dos trabalhadores e quer ampliar também através da legislação, a cobertura de saúde para 50 milhões de americanos que ainda não dispõe disto. Contudo, não se sabe como ele se comportará diante da Rússia, da China, do Irã, da esquerda latino-americana. Mas pelo menos em seu discurso de posse ele mandou recados eloqüentes para o mundo:
Avisou que: “o caminho será longo. Nossa subida íngreme. Nós talvez não cheguemos lá em um ano ou mesmo em um mandato”. Mas reafirmou aquele espírito norte-americano que passa bem longe da mentalidade brasileira:
“Àqueles que querem destruir o nosso mundo: nós os derrotaremos. Áqueles que buscam paz e segurança: nós os apoiaremos. E a todos que vêm se perguntando se o farol da América ainda brilha como antes: nesta noite nós provamos mais uma vez que a verdadeira força da nossa nação não vem da bravura das nossas armas ou do tamanho da nossa riqueza, mas do poder duradouro de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e inabalável esperança”. Ao final do discurso, Obama repetiu seu refrão e a multidão bradou com ele: “Sim, nós podemos”.
Os obstáculos do novo presidente são tão grandes quanto as expectativas que se criaram em torno dele e só o tempo dirá o que pode acontecer nos Estados Unidos e no mundo. Afinal, políticos costumam ser metamorfoses ambulantes.
Maria Lucia Victor Barbosa
07/11/2008
Nesse momento difícil de sua economia, os norte-americanos ouviram de Barack Houssein Obama o discurso que os fez sonhar novamente sonhos de prosperidade, apesar do candidato não apresentar propostas consistentes no sentido de resolver os enormes desafios que o país apresenta. E diante do descontentamento popular com relação ao presidente Bush, a palavra mudança, prometida várias vezes pelo democrata, soou como esperança.
Obama conquistou principalmente os negros, os hispânicos, as mulheres, os jovens, sendo que o crescimento urbano e da imigração foram também fatores que favoreceram sua eleição. O democrata atraiu, inclusive, parcelas de eleitores mais conservadores e, por isso, disse um de seus eleitores ilustres, Colin Powell, ex-secretário de Estado dos EUA: “O que Obama fez foi incluir todos através de linhas raciais, culturais, religiosas e de geração”.
A capacidade de incluir tantos setores da sociedade se deveu em parte ao discurso sem tom racial, em que pese 95% dos negros terem votaram em Obama. Na verdade, o que o presidente eleito fará pelos negros, principalmente os mais pobres, ainda não se sabe. Mas, sem dúvida, o mulato que chegou ao poder mais alto da Nação encarna a revanche de um passado de segregação que no presente se traduz por um racismo às avessas: o ódio dos negros aos brancos.
Barack Obama provocou emoção em todo mundo. A Europa, que achava que o poder dos Estados Unidos definhava diante da ascensão econômica da China, da Rússia e da Índia ficou deslumbrada e tranqüilizada diante da possibilidade de reforço do poder da pátria da democracia.
Na América Latina, inclusive no Brasil, além do teor emocional ligado à cor da pele do candidato, a “obamamania” teve caráter ideológico. Acredita-se que Obama seja comunista. Nesse sentido é emblemático que o historiador Joel Rufino dos Santos relembre Marx e sonhe utopicamente com um comunismo norte-americano: “Acho que o velho (filósofo e teórico do comunismo Karl) Marx de vez em quando deve ser lembrado. Ali (Estados Unidos) é onde pode ter um socialismo realmente democrático. Porque a economia é mais desenvolvida e o povo tem mais tradição de respeito ao outro”. (Folha de S. Paulo. 6/11/2008). Certamente o historiador não se lembra do fato de que as idéias de Marx postas em prática geraram aberrações totalitárias que nivelaram por baixo na opressão e na miséria.
Em todo caso, foi impressionante como a eleição de Obama fez desaparecer como num passe de mágica em todo mundo e, sobretudo, na América Latina, o feroz e odiento antiamericanismo que culpa os Estados Unidos por todas as nossas mazelas e fracassos. Agora se espera uma nova ordem mundial, uma nova era e mesmo antes da posse Obama já é visto como presidente de fato do qual se aguarda mudanças rápidas
Na América do Sul o oba, oba Obama se alastrou por todos os países. Mesmo Hugo Chávez, o criador do nebuloso Socialismo do século XXI, que não consegue discursar sem atacar violentamente os Estados Unidos, e seus companheiros do “Eixinho do Mal”, Evo Morales e Rafael Correa, pareciam deslumbrados com a eleição “de um afro-descendente para a cabeça da nação mais poderosa do Mundo”. Enquanto isso, Lula da Silva, se revestindo de grande líder latino-americano e mundial mandava seus pedidos para Papai Noel Obama: uma política mais ativa em relação à América Latina, o fim do embargo norte-americano a Cuba e a resolução do conflito do Oriente Médio.
Barack Hussein Obama, que terá imensos obstáculos pela frente, é um homem de esquerda, ou seja, um liberal conforme entendem os norte-americanos. Forçosamente, dada a situação em que o país se encontra, terá que ampliar um pouco o poder do Estado, algo que não é da tradição norte-americana. Ele prometeu coisas como apoiar uma lei federal que facilitará a sindicalização dos trabalhadores e quer ampliar também através da legislação, a cobertura de saúde para 50 milhões de americanos que ainda não dispõe disto. Contudo, não se sabe como ele se comportará diante da Rússia, da China, do Irã, da esquerda latino-americana. Mas pelo menos em seu discurso de posse ele mandou recados eloqüentes para o mundo:
Avisou que: “o caminho será longo. Nossa subida íngreme. Nós talvez não cheguemos lá em um ano ou mesmo em um mandato”. Mas reafirmou aquele espírito norte-americano que passa bem longe da mentalidade brasileira:
“Àqueles que querem destruir o nosso mundo: nós os derrotaremos. Áqueles que buscam paz e segurança: nós os apoiaremos. E a todos que vêm se perguntando se o farol da América ainda brilha como antes: nesta noite nós provamos mais uma vez que a verdadeira força da nossa nação não vem da bravura das nossas armas ou do tamanho da nossa riqueza, mas do poder duradouro de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e inabalável esperança”. Ao final do discurso, Obama repetiu seu refrão e a multidão bradou com ele: “Sim, nós podemos”.
Os obstáculos do novo presidente são tão grandes quanto as expectativas que se criaram em torno dele e só o tempo dirá o que pode acontecer nos Estados Unidos e no mundo. Afinal, políticos costumam ser metamorfoses ambulantes.
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA