O jornal O Globo publicou nesta sexta-feira o seguinte artigo (Opinião - página 7):
"PERDER OU PERDER"
Quem diria, a ditadura virou coisa de museu. O ministro Tarso Genro anunciou que o Rio de Janeiro (por que não Brasília?) ganhará o Musel Nacional da Ditadura. Será o nosso holocausto, a nossa casa de Anne Frank.
Vai ser diverto ver Sarney, Edison Lobão e Paulo Maluf, para citar alguns grandes aliados do governo Lula, e tantos outros colegas de ditadura aboletados na base parlamentar e na administração, convidados de Tarso na inauguração. Ou terão réplicas de cera em tamanho natural? Ou retratos pintados a óleo? Estátuas equestres? Ou farão discursos contra o arbítrio e o autoritarismo, fechando com "ditadura, nunca mais!", seguido de vivas à liberdade? Afinal, estamos no Brasil.
A grande vítima da ditadura foi a liberdade individual do cidadão brasileiro, que apanhou dos dois lados: dos militares, que a suprimiram em nome da luta contra a corrupção e a subversão, e dos que lutavam armados contra a ditadura, não para devolver o poder aos civis e convocar eleições, mas para estabelecer uma sociedade livre como Cuba e a União Soviética, uma ditatura do proletariado. E perderam.
Mas para os que pagaram a conta, era perder ou perder. Pagavam impostos para a ditadura espionar, perseguir, prender, torturar e matar. E depois para pagar bolsas-ditadura aos perseguidos. Só no Brasil. Na Argentina, com seus 30 mil mortos e desaparecidos, e milhões que tiveram as vidas e carreiras prejudicadas pela ditadura, as indenizações levariam o Estado à bancarrota.
Vinte e cinco anos depois, no poder, graças à democracia, muitos ex-combatentes da liberdade se tornaram representantes vivos do Museu das Ideologias, e ameaçam, em nome de velhas causas leninistas, maoístas e castristas a liberdade dos cidadãos que lhes pagam os salários. Tudo pelo social, dizia Sarney, tudo, eles repetem agora, como visionários do passado.
Quem sabe o Ministro da Justiça se anima a criar um Museu Nacional da Liberdade, em homenagem aos que resistiram a ditaduras de direita e de esquerda, militares e civis, e defenderam a liberdade dos que querem usá-las para acabar com elas.
NELSON MOTTA
JORNALISTA
Um artigo que merece reflexões:
- Nunca devemos esquecer que a denominada "ditadura militar" teve o apoio de incontáveis "civis";
- Mortes foram o resultado de ações dos "dois lados", inclusive com atos terroristas; e
- O autoritarismo é caracterítico das ditaduras, sejam "militares" ou "civis", fardadas ou usando terno e gravata.
E finalmente, respeitosamente, um país com gravíssimos problemas de segurança pública, saúde pública e educação pública, deve priorizar o gasto do dinheiro público (nosso dinheiro) nestas áreas prioritárias e não deve pensar em construir monumentos, como o que se pretende erguer em Brasília ou o Museu Nacional da Ditadura.
Caso contrário, continuaremos a ser um "país" com milhões e milhões de analfabetos funcionais, facilmente conduzidos pelo poder.
Um "pais" que paga salários famélicos a professores, médicos e policiais - servidores públicos concursados - motores do Estado.
Mudamos o Brasil ou o "Estado Brasileiro" continuará não cumprindo as suas destinações básicas!
E nós, cada um de nós, continuaremos a ser os patrocinadores deste ineficiente Estado...
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA