quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O CIENTISTA CHARLES DARWIN E A POLÍCIA MILITAR.

CHARLES DARWIN


Hoje – 12 de fevereiro de 2009 – o mundo comemora o bicentenário do nascimento do cientista Charles Darwin, que revolucionou a ciência ao comprovar a evolução das espécies.
As revistas Veja e Época publicaram excelentes reportagens sobre o cientista e sua constatação – a evolução – nas edições desta semana. São artigos imperdíveis, inclusive para os criacionistas, que entenderão que Darwin nunca negou a existência de Deus, sendo inclusive religioso.
Darwin mudou o mundo, teve coragem de enfrentar incontáveis adversários, mas fez triunfar a evolução das espécies no mundo científico, começando com o livro “A Origem das Espécies”, que completa 150 anos e ainda desperta fascínio e admiração.
E qual a relação de Darwin e “evolução” com a “Polícia”, além do fato da “Polícia” também estar completando 200 anos de criação (nascimento) neste ano?
Nós, Aspirantes das turmas do final da década de setenta e do início da década de oitenta, atualmente, Coronéis e Tenentes-Coronéis – Comandantes, Chefes e Diretores – ao longo de nossas carreiras assistimos um processo de “regressão” institucional.
Obviamente, tínhamos sérios problemas, como os efeitos da fusão dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro; a falta de comando próprio (O Comandante Geral era um Coronel do Exército) e a ação da Inspetoria Geral das Policiais Militares, que inclusive direcionava o nosso processo de ensino e aprendizagem.
Quem não se recorda das instruções de Defesa Interna e Territorial, Guerrilha e Contraguerrilha, Maneabilidade e o terrível estágio de sobrevivência nas matas fluminenses, isto sem falar no “inimigo interno”, assunto recorrente.
O tempo passou, veio a reabertura política, o Comando próprio e a esperança de uma Polícia Militar cada vez mais forte!
Ilusão, mera ilusão, não evoluímos, assistimos pacificamente a deteriorização da PMERJ.
Nós, quando jovens Oficiais (Tenentes) vivemos uma PMERJ mais militarizada, porém muito melhor estrutural e conjunturalmente.
Tínhamos as nossas Bases Doutrinárias; as nossas Diretrizes Gerais de Operações; as nossas viaturas obedeciam a rigorosa padronização (indispensável à ostensividade) e vestíamos os mesmos uniformes, com raríssimas exceções, apenas para citar alguns exemplos.
Os nossos salários eram muito melhores, embora não fossem o que merecíamos receber por arriscarmos a nossa vida em defesa do cidadão.
Lembramos também de toda a estrutura montada para a realização de uma operação em vias públicas (AREP 3), com as suas viaturas posicionadas e as diversas equipes (observação, abordagem, segurança, etc). Nos dias atuais chegamos ao absurdo de ver operações em vias públicas com um ou dois Policiais Militares, usando apenas cones, sem sequer uma viatura, isso várias vezes.
Os desvios de conduta eram muito menores, embora a Corregedoria só fosse criada em 1993, porém era menor o espaço para os travestidos de policiais (híbridos de policial e bandido), apesar deles sempre terem existido.
A reabertura política trouxe a "politicagem" para o interior da caserna e o nosso parâmetro básico – as leis – começou a ser substituído pelas ações “politicamente corrretas” e teve início a interferência direta de políticos em nomeaçãoes/exonerações de Comandantes, além da influência nas promoções por merecimento, o que parece incontrolável.
Trouxeram a “sede das inaugurações” e inauguraram dezenas de Batalhões e de Grupamentos Especiais, sempre sem aumento de despesas e de efetivo, ou seja, o efetivo era suprimido dos outros batalhões.
Espaço na mídia não faltou para discursos e para fotos.
Quem não se recorda de como foi constituído o efetivo do vigésimo terceiro batalhão (Leblon) para a inauguração, sendo movimentados os “piores” de cada batalhão, com exceções?
Quem não se recorda, por exemplo, da inauguração do trigésimo nono batalhão (Belford Roxo), onde faltava tudo ou quase tudo para um batalhão funcionar?
Saciávamos a “sede política” das inaugurações e destruíamos estruturalmente os batalhões!
Enquanto isso, continuávamos regredindo pacificamente, cada um olhando para o seu próprio umbigo - seus interesses pessoais - e os nossos salários foram ficando cada vez menores até atingirmos o estágio atual – salários famélicos.
Os homens e mulheres de bem que integram a PMERJ permitiram todo esse processo de regressão e dominação, facilitando a proliferação dos “híbridos”, muitos deles aliados de "políticos" como a mídia já comprovou em diversas matérias.
Os “híbridos” cada vez são mais fortes, considerando que são unidos e que só lutam entre si quando não existe a possibilidade de um acordo, como ocorreu na “guerra das maquininhas” da zona oeste e atualmente, ocorre na “guerra das milícias”.
Sim, nós, Aspirantes do final da década de setenta e do início da década de oitenta – Coronéis e Tenentes Coronéis - somos responsáveis por tamanha “regressão”.
A CULPA É NOSSA!
Os “Coronéis Barbonos” e os “40 da Evaristo” foram e ainda são, o grito de homens e mulheres de bem – Soldados e Coronéis – contra esse estágio regressivo, porém infelizmente o poder político ainda não aceitou nosso brado de alerta e nossos pares ainda não ombrearam conosco.
E voltando à Darwin e à “evolução”, nunca é tarde para lembrar que as espécies que não conseguem se adaptar ao meio ambiente caminham para a extinção, perdendo a concorrência para espécies melhores adaptadas e nós estamos permitindo que o meio ambiente seja modificado favoravelmente aos “híbridos”.
Vamos comemorar o bicentenário do nascimento de Charles Darwin, um homem que ousou e mudou o mundo.
E vamos comemorar, no dia 13 de maio, o bicentenário da PMERJ.
Aliás, no mínimo, podemos comemorar o amor corporativo, o idealismo e o destemor dos “Coronéis Barbonos” e dos “40 da Evaristo” – Soldados e Coronéis - isso já é um começo!

PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA