O Brasil condenou seus ex-combatentes à inanição.
02-02-2009
Há exatamente um mês meia dúzia de velhos cabisbaixos reuniu-se na rua das Marrecas, no Centro do Rio, na Associação Nacional dos Veteranos da FEB (Força Expedicionária Brasileira). Cobriram alguns objetos com panos, despediram os oito funcionários e passaram a chave na porta. Trancafiaram um pedaço da História do Brasil sobre o qual montaram guarda nos últimos 63 anos e foram embora.
Bons soldados, resistiram além da conta, mas, condenados a inanição, foram obrigados a abandonar o posto. Ao longo dessas seis décadas tiraram do bolso o que deu, para manter a Associação e o museu da II Guerra que ela abriga. Chegaram a ser 24 mil, quando a guerra acabou. Mas não há heroismo que abra exceções na natureza. Hoje são quatro mil. Os vinte reais que, quem pode, paga por mês não cobrem mais as despesas.
Em maio do ano passado, numa solenidade, no Rio, Thiago da Fonseca, um major de 87 anos, cabeça branca e voz firme, driblou a segurança e relatou rapidamente ao ouvido do presidente da República as agruras por que passava seu povo. Lula chamou um auxiliar, determinou providências urgentes e o bom Thiago deixou o lugar com a alma leve. Se era para valer, talvez tenha faltado ênfase ao presidente. Da ordem que deu ao auxiliar não resultou nada. Ao contrário. Dois meses depois Lula recomendaria aos estudantes reunidos na UNE que procurassem seus heróis, porque o país só lembrava de um: Tiradentes. Ele também, certamente.
Abandonados pelo país que lhes deve a defesa da liberdade, os velhos pracinhas ainda lutam pelos laços que os conservam personagens vivos da construção da democracia. O problema é que a nação perdeu a memória e, para isso, não há remédio. Semana passada, Thiago quase conseguiu uma vitória. Chamado à rádio BandNewsFluminense FM para contar a sofrida batalha que trava hoje sua gente sofreu um acidente. Escorregou, caiu e foi internado com 10 pontos na cabeça e três costelas rachadas. Foi pouco, ele acha. Já, já estará de volta, promete.
Tomara. Num país que entrega suas crianças às mãos dos traficantes, trata mal os seus velhos e despreza a sorte de ter heróis vivos, algum luminar do governo precisa perceber que esses velhos não estão pedindo bolsa-qualquer-coisa. Querem apenas tratamento digno do lugar que conquistaram na História. Antes que concluam que talvez tivesse sido melhor terem ficado nos campos da Itália. Pelo menos no Monumento aos ex-pracinhas, ali no Aterro do Flamengo, Exército, Marinha e Aeronáutica brincam de trocar de guarda todos os meses. Um espetáculo em uniforme de gala para turistas menos exigentes.
Bons soldados, resistiram além da conta, mas, condenados a inanição, foram obrigados a abandonar o posto. Ao longo dessas seis décadas tiraram do bolso o que deu, para manter a Associação e o museu da II Guerra que ela abriga. Chegaram a ser 24 mil, quando a guerra acabou. Mas não há heroismo que abra exceções na natureza. Hoje são quatro mil. Os vinte reais que, quem pode, paga por mês não cobrem mais as despesas.
Em maio do ano passado, numa solenidade, no Rio, Thiago da Fonseca, um major de 87 anos, cabeça branca e voz firme, driblou a segurança e relatou rapidamente ao ouvido do presidente da República as agruras por que passava seu povo. Lula chamou um auxiliar, determinou providências urgentes e o bom Thiago deixou o lugar com a alma leve. Se era para valer, talvez tenha faltado ênfase ao presidente. Da ordem que deu ao auxiliar não resultou nada. Ao contrário. Dois meses depois Lula recomendaria aos estudantes reunidos na UNE que procurassem seus heróis, porque o país só lembrava de um: Tiradentes. Ele também, certamente.
Abandonados pelo país que lhes deve a defesa da liberdade, os velhos pracinhas ainda lutam pelos laços que os conservam personagens vivos da construção da democracia. O problema é que a nação perdeu a memória e, para isso, não há remédio. Semana passada, Thiago quase conseguiu uma vitória. Chamado à rádio BandNewsFluminense FM para contar a sofrida batalha que trava hoje sua gente sofreu um acidente. Escorregou, caiu e foi internado com 10 pontos na cabeça e três costelas rachadas. Foi pouco, ele acha. Já, já estará de volta, promete.
Tomara. Num país que entrega suas crianças às mãos dos traficantes, trata mal os seus velhos e despreza a sorte de ter heróis vivos, algum luminar do governo precisa perceber que esses velhos não estão pedindo bolsa-qualquer-coisa. Querem apenas tratamento digno do lugar que conquistaram na História. Antes que concluam que talvez tivesse sido melhor terem ficado nos campos da Itália. Pelo menos no Monumento aos ex-pracinhas, ali no Aterro do Flamengo, Exército, Marinha e Aeronáutica brincam de trocar de guarda todos os meses. Um espetáculo em uniforme de gala para turistas menos exigentes.
XICO VARGAS.
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA