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Data: Terça-feira, 24 de Fevereiro de 2009, 5:26.
Prezado Amigo Paúl:
Não é de meu costume ler jornais, pois prefiro a Internet.
Mas, em casa de um parente, chamou minha atenção uma pequena nota na primeira página do Jornal Extra – dia 22 de fevereiro do corrente: “Fim do rancho na polícia ficou só na promessa”, 2ª edição – página 9.
A reportagem:
“E por falar em comida...
O Governador Sérgio Cabral não prometeu terminar com o rancho nos batalhões? Pois então, cadê a mensagem ao Legislativo propondo a mudança? Reza a lenda que a pressão dos comandantes, que temem perder poder – e, claro, o controle sobre a verba da comida (grifei) – foi tão forte que o moço desistiu da mudança..”
Não costumo defender políticos e estou muito bem “eu cá e eles lá”! Mas, espero que não intencionalmente, o alvo principal da repórter foi : Oficiais da Corporação (onde será que eu já vi este filme?).
Desde que estava na ativa eu era favorável ao fim do rancho na PM, mas atrelado à garantia de alimentação digna para a tropa através de pagamento no contra-cheque ou tiquet de alimentação e verba específica para manutenção e necessidades administrativas, como também sou favorável à implementação de liesing de veículos para a manutenção de uma frota eficaz para o trabalho de policiamento ostensivo e administrativo, tema inclusive por mim defendido (e também por outros companheiros) em monografia durante o Curso Superior de Polícia em 1999 – e que recentemente o Governo implantou (será que finalmente alguém leu um trabalho, mesmo que não o do meu grupo de pesquisa, dos muitos existentes na Escola Superior de Polícia Militar que podem trazer benefícios para a PM e para a sociedade?!!)
Nessa matéria a repórter aparenta seu desconhecimento a respeito da Administração na PM e no Estado.
Acredito que ela desconhece que os Comandantes não tem acesso à “verba da comida”, pois existe o processo licitatório controlado pelo Estado e que estes Oficiais, através de seus assessores, apenas calculam o que será consumido (em gêneros e não em dinheiro!) e os solicitam aos fornecedores vencedores das licitações. Os Comandantes lidam basicamente com papel (“não-moeda”).
Para falar a verdade, os Comandantes atualmente pouco controlam. Não por incompetência ou descaso, mas pela enganada (ou enganosa?) ingerência política que a Corporação sofre.
Será que ela sabe da existência da famigerada “caixa única do Estado” e que para a Corporação ter o retorno do que nos é descontado nos contra-cheques (etapa de rancho, fundo de saúde, etc) é um verdadeiro “parto com o bebê atravessado e com o cordão umbilical enrolado no pescoço”.
Será que ela sabe que do valor destinado à alimentação do Policial Militar (Oficial e Praça) parte tem como destino a manutenção dos Quartéis e material de expediente, pois inexiste verba satisfatoriamente destinada a este fim. Que armamento e viaturas foram adquiridas com esta verba e o Governo “assumiu a paternidade de ter destinado mais recursos para o policiamento”. Permita-me ser sarcástico: afinal, o serviço interno não é importante! Não aparece! Condições mínimas do ambiente de trabalho? Pra quê? são apenas PMs que irão utilizar as instalações! Saúde? Não precisa, pois o PM, as pensionistas e seus dependentes tem “o corpo fechado”! Logística? Bobagem! o PM pode ir pra rua mal uniformizado e mal alimentado! Controle de pessoal e escalas? Ora, não é necessário planejar carga horária pois o PM não se cansa. Planejamento tático? O que é isto? basta uma viatura com o “giroscópio piscando” e dois pobres PMs fazendo a abordagem em desvantagem numérica e sem um treinamento e equipamento adequado! Correição? Mas são tão poucos os casos de desvio de conduta e suas consequentes cobranças pela Sociedade! Assessoria ao Sr CMT GERAL? Desnecessário! Ele é formado em direito, pode atender a todos os telefonemas do 190, são apenas milhares de pessoas sob o seu comando e, “com jeitinho ou usando as técnicas do filme Matrix” ele aprende a pilotar um helicóptero!
O Governador Sérgio Cabral não prometeu terminar com o rancho nos batalhões? Pois então, cadê a mensagem ao Legislativo propondo a mudança? Reza a lenda que a pressão dos comandantes, que temem perder poder – e, claro, o controle sobre a verba da comida (grifei) – foi tão forte que o moço desistiu da mudança..”
Não costumo defender políticos e estou muito bem “eu cá e eles lá”! Mas, espero que não intencionalmente, o alvo principal da repórter foi : Oficiais da Corporação (onde será que eu já vi este filme?).
Desde que estava na ativa eu era favorável ao fim do rancho na PM, mas atrelado à garantia de alimentação digna para a tropa através de pagamento no contra-cheque ou tiquet de alimentação e verba específica para manutenção e necessidades administrativas, como também sou favorável à implementação de liesing de veículos para a manutenção de uma frota eficaz para o trabalho de policiamento ostensivo e administrativo, tema inclusive por mim defendido (e também por outros companheiros) em monografia durante o Curso Superior de Polícia em 1999 – e que recentemente o Governo implantou (será que finalmente alguém leu um trabalho, mesmo que não o do meu grupo de pesquisa, dos muitos existentes na Escola Superior de Polícia Militar que podem trazer benefícios para a PM e para a sociedade?!!)
Nessa matéria a repórter aparenta seu desconhecimento a respeito da Administração na PM e no Estado.
Acredito que ela desconhece que os Comandantes não tem acesso à “verba da comida”, pois existe o processo licitatório controlado pelo Estado e que estes Oficiais, através de seus assessores, apenas calculam o que será consumido (em gêneros e não em dinheiro!) e os solicitam aos fornecedores vencedores das licitações. Os Comandantes lidam basicamente com papel (“não-moeda”).
Para falar a verdade, os Comandantes atualmente pouco controlam. Não por incompetência ou descaso, mas pela enganada (ou enganosa?) ingerência política que a Corporação sofre.
Será que ela sabe da existência da famigerada “caixa única do Estado” e que para a Corporação ter o retorno do que nos é descontado nos contra-cheques (etapa de rancho, fundo de saúde, etc) é um verdadeiro “parto com o bebê atravessado e com o cordão umbilical enrolado no pescoço”.
Será que ela sabe que do valor destinado à alimentação do Policial Militar (Oficial e Praça) parte tem como destino a manutenção dos Quartéis e material de expediente, pois inexiste verba satisfatoriamente destinada a este fim. Que armamento e viaturas foram adquiridas com esta verba e o Governo “assumiu a paternidade de ter destinado mais recursos para o policiamento”. Permita-me ser sarcástico: afinal, o serviço interno não é importante! Não aparece! Condições mínimas do ambiente de trabalho? Pra quê? são apenas PMs que irão utilizar as instalações! Saúde? Não precisa, pois o PM, as pensionistas e seus dependentes tem “o corpo fechado”! Logística? Bobagem! o PM pode ir pra rua mal uniformizado e mal alimentado! Controle de pessoal e escalas? Ora, não é necessário planejar carga horária pois o PM não se cansa. Planejamento tático? O que é isto? basta uma viatura com o “giroscópio piscando” e dois pobres PMs fazendo a abordagem em desvantagem numérica e sem um treinamento e equipamento adequado! Correição? Mas são tão poucos os casos de desvio de conduta e suas consequentes cobranças pela Sociedade! Assessoria ao Sr CMT GERAL? Desnecessário! Ele é formado em direito, pode atender a todos os telefonemas do 190, são apenas milhares de pessoas sob o seu comando e, “com jeitinho ou usando as técnicas do filme Matrix” ele aprende a pilotar um helicóptero!
Que saudades daquele CEL PM exigindo o cumprimento da NGA, NGP e BASES DOUTRINÁRIAS e nós, Adjuntos da P/3 e Oficiais Supervisores e Comandantes de Operações achando que ele era um “babaca”!
Como é que os Comandantes – pessoas que fazem das tripas coração para administrar miséria – podem temer perder um poder que não detém, como citado na reportagem? E, mais que isto, exercer pressão se são eles que a sofrem, tanto como Administradores como Policiais Militares?
Desculpe-me o desabafo, amigo, mas a reportagem me trouxe tudo isto à lembrança e até me desviei do assunto. Corrija-me se estou errado. Faça deste texto o que lhe aprouver, pois você é VOZ e ninguém melhor para avaliá-la.
Fraternalmente.
JOSÉ JACOVAZZO NETO
CORONEL DE POLÍCIA
Como é que os Comandantes – pessoas que fazem das tripas coração para administrar miséria – podem temer perder um poder que não detém, como citado na reportagem? E, mais que isto, exercer pressão se são eles que a sofrem, tanto como Administradores como Policiais Militares?
Desculpe-me o desabafo, amigo, mas a reportagem me trouxe tudo isto à lembrança e até me desviei do assunto. Corrija-me se estou errado. Faça deste texto o que lhe aprouver, pois você é VOZ e ninguém melhor para avaliá-la.
Fraternalmente.
JOSÉ JACOVAZZO NETO
CORONEL DE POLÍCIA
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA