terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O PONTO DE PARTIDA - GUSTAVO DE ALMEIDA


A idade torna certas discussões estéreis. Está certo o barbudo lá de Brasília, neste ponto, quando diz que os cabelos brancos não deixam ninguém ser de esquerda radical. Creio que o ponto fundamental em todo pensamento e discussão, quando os anos passam e os cabelos oscilam entre rarear e embranquecer, deixa de ser o ponto aonde se quer chegar. Nada disto. Se estamos com idade, não queremos “chegar” a um lugar numa discussão, e sim discutir para prevalecer nosso ponto de vista. Mas ao alcançar os 30, 40 e 50 anos, o que passa a unir os homens e mulheres no campo das idéias não é mais o senso e o conceito, e sim o ponto de partida.
Este parágrafo chato é para explicar porque precisamos, nós, a sociedade organizada e plural, os cariocas que amam a cidade, estabelecer um ponto de partida para discutir a segurança pública. Sim, isto é o que mais nos faz falta.
Durante anos, os pontos de partida divergiram demais. Em um campo de pensamento, mais à esquerda, o ponto de partida era sempre o de que a polícia é corrupta e não presta e o bandido/traficante armado está apenas tentando se libertar dos grilhões da miséria, imposta pela mais-valia de um capitalismo torpe de país subdesenvolvido. Neste campo de pensamento, chegava a vicejar a idéia tosca de que “a Polícia Militar é herança do regime de exceção” – mesmo tendo sido a instituição criada há 200 anos por Dom João VI. Aí fica a pergunta: quando 30 desgraçados/excluídos armados até os dentes, com armas de fabricação estrangeira trazidas por narcotraficantes, permitidas pela corrupção do aparelho estatal, INVADEM um show de pagode numa comunidade pobre, o que pensar? Estão sendo “redimidos” de sua miséria os cães que cometem um ato de terrorismo como este? Ou os pobres que estão no show é que foram “redimidos”?Quando bandidos atiram num padre e numa religiosa, estão se libertando dos grilhões? Quando atiram num carro e deixam o filho de um médico ortopedista paralítico e à beira da morte, estão “se emancipando” do seu estado brutal de miséria?
A minha resposta, já que meu ponto de partida é diferente, é simples: não.O terrorismo só tem uma ideologia: a do niilismo. O valor da vida é zero. Ou menos.
Está na hora do Rio de Janeiro perfilar ao lado da Instituição. Deixar de frescura onguista e assumir como Ponto de Partida que a polícia é necessária, deve ser bem paga, bem treinada. Há corruptos na polícia? Sim. Há bandidos? Sim. Há assassinos? Sim.
A diferença é que corrupção, banditismo e assassinato não são a atividade-fim destes homens e mulheres de azul. E eu não estou pedindo que ninguém dê apoio a corruptos, bandidos e assassinos.
Está na hora do Rio de Janeiro contar com sua polícia, ouvir sua polícia, entender, sem essa de achar que basta fazer uma “faxina”. Se for expulsar todo mundo que pegou R$ 20 de um motorista, ora, vamos cuidar então de pessoas em Brasília que exploram até a última gota de seu direito de defesa.
Está na hora do Rio de Janeiro deixar de conversa, deixar de blá-blá-blá, e assumir sua polícia. Criar ONGs para PROTEGER a polícia dos desmandos de governos que consideram ser polícia um sacerdócio – não é. ONGs para captar recursos e resolver problemas de policiais, problemas pessoais, de família, problemas de saúde, problemas de filhos. ONGs para salvar o Rio.Repito: há corruptos, assassinos, bandidos. Sim, há. Mas se não ficarmos ao lado da polícia neste momento em que bandidos cada vez mais não têm o menor pudor de atirar a esmo, tal e qual TERRORISTAS, não teremos mais ninguém do nosso lado. E até mesmo lá, no seio daquela corporação, vencerão os corruptos, assassinos e bandidos.
E se isto acontecer, o medo será dono do futuro.

GUSTAVO DE ALMEIDA


O dia é hoje!
A hora é agora!
Cidadania já!

PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORREGEDOR INTERNO

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