sábado, 5 de janeiro de 2008

O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA



O ano terminou com um belo filme sendo exibido em nossos cinemas, sob o título “O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA”.
O filme foi baseado em uma obra de Gabriel Garcia Marques.
Estrelado por Javier Barden, Catalino Sandino Moreno e Fernanda Montenegro.
Um filme sobre o amor à primeira vista, um amor que sobrevive ao tempo e a separação, mantendo-se vivo mais de 50 (cinqüenta) anos depois.
Nós, militares, experimentamos esse amor à primeira vista, quando ingressamos nas instituições militares e aprendemos sobre o amor à pátria, o civismo, a honra, o destemor, o companheirismo e o heroísmo.
E o amor sempre é um excelente motivo para qualquer ação, inclusive para escrever artigos, como o que encerra essa postagem.
O Jornal do Brasil publicou no último dia do ano passado o artigo que transcrevo a seguir, tratando do desaparelhamento das Forças Armadas e dos baixos soldos recebidos pelos militares federais.
Coincidentemente, o Tenente Coronel Inativo MÁRCIO ROMERO, dias antes, encaminhou por email um artigo assinado pelo General de Brigada da Reserva Remunerada José Batista de Queiroz.
Um artigo de colocações fortes, sem dúvida.
Lendo os dois artigos resolvi postá-los, um após o outro, para que os leitores possam avaliá-los em conjunto.

SOLDO MUITO BAIXO ESVAZIA FORÇAS ARMADAS

[ 31/12/2007 ] 02:01
http://jbonline.terra.com.br/editorias/pais/papel/2007/12/31/pais20071231007.html

Karla Correia
Rose Esquenazi
Brasília e Rio

O desaparelhamento das Forças Armadas não se faz sentir apenas nos equipamentos obsoletos e na falta de treinamento. A política de cinto apertado imposta às três Forças mantém os soldos muito baixos e os militares, ao contrário dos servidores civis, não conseguem pressionar o governo por melhores vencimentos porque não têm direito a um sindicato ou à figura da greve. Contam, entretanto, com um braço político dentro do Congresso, que trabalha para evitar que até o reajuste salarial, que tem sido regra no governo Lula, seja limado do planejamento financeiro do Executivo para 2008.
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) acredita que o reajuste nos soldos esteja garantido. Mas sua principal preocupação é a evasão de profissionais, que deixam as Forças em busca de salários melhores.
- Até 2020, a Marinha deve parar por pura e simples falta de recursos para continuar funcionando, e a Aeronáutica está na mesma situação - adverte o deputado.
No site Portal Militar, foi publicada a tabela base (sem gratificações) dos soldos dos militares dividida por graduação. A partir do dia 1º de agosto de 2006, o maior posto dos oficiais-generais, incluindo almirante-de-esquadra, general-de-exército e tenente-brigadeiro, ganha R$ 6.156. Com as gratificações, que incluem cursos, tempo de serviço, pode dobrar o soldo. Um general com 45 anos de serviço pode receber R$ 13 mil. Bolsonaro não esclarece que todos os oficiais têm direito a casa funcional e ajuda de custo.
Segundo o portal, um general da reserva ou reformado, ao passar para a inatividade, será sempre general. Caso o militar "tenha atingido a idade limite ou o tempo de serviço é transferido para a Reserva Remunerada", e pode ser chamado de volta à ativa, em caso de guerra ou necessidade das Forças Armadas.
PROMOÇÃO
O soldo mais baixo é dos marinheiro-recruta, recruta, soldado, soldado-recruta, soldado de segunda classe (não-engajado) e soldado-clarim ou corneteiro de terceira classe: R$ 207. Nesse posto, o mais alto soldo é do taifeiro de primeira classe, com R$ 1.026. Se o soldado for promovido a suboficial e subtenente (praças graduadas), o valor passa a R$ 2.583. O primeiro-sargento ganha R$ 2.253, já o cabo, não engajado, não fica com mais de R$ 249.
Os praças especiais da guarda-marinha e aspirante-a-oficial têm soldo de R$ 2.871. Um cadete ou aluno do prestigiado Instituto Militar de Engenharia (IME), no último ano, não ganha mais do que R$ 558. Um estudante da Academia Militar das Agulhas Negras tem auxílio de R$ 800 por mês.
Acima das praças especiais vêm os oficiais subalternos, em que o prmeiro-tenente recebe R$ 3.447. Os oficiais intermediários (capitão-tenente e capitão) ganham um pouco mais: R$ 3.693. Já os oficiais de patentes superiores (capitão-de-mar-e-guerra e coronel) têm soldo de R$ 5.118.
Na internet, os militares reclamam da defasagem salarial, um tema tabu nas três forças que reúnem um contingente de 290 mil homens. Em um blog particular, um anônimo disse que merece receber mais e alega que "o valor não pode ser inferior ao do salário mínimo vigente".
BOLSONARO VÊ A SITUAÇÃO PIORAR.
- Há um problema de efeitos mais fortes no curto prazo que o governo deve enfrentar. Só no ano passado, 206 oficiais qualificados da Aeronáutica pediram demissão. A evasão de praças é três vezes maior do que isso, e sempre são os melhores, os mais treinados que saem. Ou o governo aceita aumentar os salários ou terá que gastar mais no futuro para treinar novos oficiais - garante.


E agora, o artigo encaminhado por email:


CARTA AO SOLDADO DESCONHECIDO
José Batista de Queiroz
General de Brigada RR

Dentro do uniforme azul, verde e branco está o mais belo exemplo de um soldado.
Faz-se presente em cada pedaço do Brasil.
Só pensa no bem do país.
O frio, o calor, o sol, a chuva, nada impede o seu trabalho.
Nem mesmo os salários baixos, as ofensas gratuitas, as ingratidões oficiais, nada afeta a sua dedicação.
O seu lema é servir ao Brasil.
Servir de verdade, com suor e amor.
E você o faz com abnegação.
Sua recompensa é a alegria do dever cumprido.
O seu ideal é ver um Brasil unido, livre, forte.
O seu sonho é ver as desigualdades, as injustiças, ancoradas no passado. Mesmo com esses valores atracados em sua alma, muitas pessoas fazem tudo para ofuscar o seu brilho, macular o seu rosto.
Rosto de soldado é cara de homem mau, imagem de bicho-papão. Assim pintam o seu retrato. Querem vê-lo na miséria, desmoralizado, inútil.
Tentam vulgarizar o sabre, a farda, a profissão.
Atribuem-lhe missões que não são suas.
Tratam-no com desprezo e ironia.
Usam apenas a caneta para exonerar altas patentes.
E a fumaça da paz continua saindo do cachimbo.
Negam-lhe tudo, inclusive salário decente. Todos recebem aumentos, menos você. A desculpa é sempre a mesma: não está no Orçamento. É pura má vontade. Você sabe disso.
Não lhe dão comida, nem armas, nem equipamentos.
Faltam fuzis, mas sobram facões.
Dão-lhe apenas mais deveres e menos direitos.
O seu dinheiro de saúde é usado para outros fins. E a sua saúde fica internada no hospital.
Querem tirar-lhe até a sua história.
Aquela história que você escreveu com a própria vida, dentro e fora do Brasil, está como sol poente atrás dos montes. Vai-se perdendo no tempo como as águas se perdem nas matas.
Os seus feitos são pedras lançadas ao rio, são rios perdidos no mar. Os tempos mudaram.
Os heróis não são mais os que morreram pela liberdade, mas os que mataram pela escravidão.
As homenagens não são mais para os homens da lei, mas para os homens sem lei.
O palácio virou castelo e se fechou para o soldado como a noite se fecha para o dia.
A voz dos facões tornou-se mais forte que o brilho dos sabres.
Ninguém mais ouve o seu grito, o seu lamento, a sua necessidade. Quando ele chega aos palácios, já está ofegante, com sinais de cansaço, sem entusiasmo. Parece sol no fim do dia. Chega sem porta-estandarte.
É como soldado sem comandante, uma idéia sem líder.
O seu ministro usa sua voz de leão apenas para os subordinados. Sua preocupação é com os aeroportos, não com o soldado. Do soldado quer a farda para ficar vistoso, como quis a beca para parecer monarca.
Ele sabe que a disciplina está na formação, não no salário; que a hierarquia torna o grito mais suave que o canto, a palavra mais leve que a pluma. Ele sabe que, na choupana, não há ventania, apenas brisa.
Mas nada dura para sempre. A corte nunca foi a morada do eterno. No mundo, a luz predomina sobre a escuridão. As noites e os dias se revezam. As estações se sucedem. Não há inverno que não termine, nem primavera que não comece.
Estrela só existe no céu e, assim mesmo, só brilha durante a noite.
Por mais que tentem transformar você num tronco desfolhado, continuará vivo como árvore de outono. A sua resistência está nas raízes, não nas folhas; está no espírito, não no corpo. A sua alma é de soldado. Um dia você verá que não pode falar suave com quem só entende a linguagem dos duros, não pode tocar violino para quem só ouve guitarra.
Um dia a dignidade da farda levantará sua voz.
A sua honra será mais forte que o canhão.
Um dia será tratado como um soldado e não como um desconhecido.
Quem vive como herói não morre como covarde.

http://www.exercito .gov.br/resenha/ - 03.Dez.2007


PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORREGEDOR INTERNO

3 comentários:

Anônimo disse...

VEJAM A VERDADE É O FIM E AGORA"


5/1/2008 22:16:00

Policiais deixam a corporação

Desiludidos com baixos salários e desmotivados com a carreira, cada vez mais policiais tentam melhorar de vida pela via do concurso público, deixando a corporação sem vários bons quadros


Adriana Cruz e Gustavo de Almeida

Rio - Sábado de manhã, Quartel-General (QG) da Polícia Militar do Rio, na Rua Evaristo da Veiga, Cinelândia. O tenente Melquisedec Nascimento, que tinha cumprido plantão de oficial de dia, acaba de fechar o zíper da bolsa com seus pertences e sai do gabinete para o pátio, onde há uma imagem de São Jorge — cultuado na polícia por ser um santo guerreiro. Sonolento, Melquisedec leva um susto: dezenas de colegas que não estavam de plantão estão estacionando no pátio ou conversando enquanto tomam café. O oficial chega a pensar que houve alguma situação de perigo que exigiu convocação extraordinária. E fica preocupado, afinal, se houve algum perigo, ele, de plantão, não ficou sabendo. Punição na certa.

Mas, em minutos, descobre a verdade: a única operação da qual aquelas dezenas de policiais estão participando é a de retirada, ou melhor, da debandada geral. Ou Operação Concurso, que já criou na corporação até um apelido para este tipo de policial: o PM “concurseiro”, ou seja, aquele que faz todo tipo de concurso para tentar outra profissão.

OUTRAS OPÇÕES

Melquisedec vê os policiais estacionando no pátio do QG (têm direito). Em seguida, todos vão a pé até a sede de um cursinho preparatório para concursos de ingresso em órgãos como Polícia Rodoviária, Tribunal do Trabalho, Tribunal Eleitoral e Polícia Federal. O tenente, presidente da Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas (Amae), fica estarrecido, mas reconhece: “A desmotivação na polícia é uma constante. Não há como segurar os bons profissionais que querem ganhar melhor em carreiras menos estressantes”.

Para fugir dos baixos salários, da corrupção e dos desmandos político-administrativos, policiais militares estão deixando as ruas e voltando para os bancos escolares. São aqueles apelidados dentro da corporação de “concurseiros” que buscam carreiras mais atrativas, mesmo sendo considerados modelos dentro da PM.

Em cursinhos preparatórios para concursos públicos, é surpreendente a quantidade de PMs. Na Academia dos Concursos, o mais procurado pela tropa, há 400 distribuídos por 35 turmas que preparam para a Polícia Rodoviária Federal, bem mais atraente com seus R$ 5.085 de salário inicial. Outros 50, no mesmo cursinho, estudam para outras áreas.

Fábio Gonçalves, coordenador da Academia das Concursos, confirma a enorme presença de PMs nos cursos. “A maioria, entretanto, estuda para concursos da área policial mesmo, só que com maiores salários. Normalmente são policiais civis ou militares em que o salário não chega a R$ 1.500 e estão estudando para concursos da Polícia Rodoviária Federal ou Polícia Federal, em cargos mais atraentes do que no estado. A PRF tem 350 vagas abertas com salário inicial de R$ 5.085, mais de três vezes o salário de policial do estado.

Outro caso comum é o policial civil ou militar que está terminando o curso de Direito e vai estudar para tentar virar delegado federal”, diz.

Há dois meses, o tenente e presidente da Amae vende vinhos pelo telefone como forma de reforçar o orçamento. “Ainda há muita gente honesta que insiste com a PM. Mas até quando isso vai durar?”, questiona. “É preciso investir no salário e na formação”, ressalta.

EM 14 ANOS, MAIS DE 1.500 PEDIRAM PARA SAIR

A antropóloga Silvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, lembra que os concursos para a PM ainda têm muita atratividade e destaca que há uma procura maior da classe média pela profissão. “No último concurso houve 40 mil candidatos, uma proporção de vagas mais difícil que Medicina. E olha que a PM do Rio é considerada a segunda mais mal paga do País. Entre esses candidatos, havia uma quantidade alta de pessoas com curso universitário, de classe média”, diz a antropóloga, que não acha anormal essa procura.

"Há alguns fatores para que o curso para oficial da PM ainda seja muito procurado. Se o candidato passa, tem uma carreira estável. Não é nenhuma maravilha, mas depois de um curso de três anos na Academia da Polícia Militar, quando você sai, não precisa disputar mercado de trabalho. Se o cara não fizer nada de errado, não precisa também fazer nada de brilhante para chegar ao topo da carreira”, afirma Silvia Ramos.

O capitão da reserva Paulo Storani, ex-instrutor do temido Curso de Operações Especiais do Bope, reconhece que sua saída foi “um protesto”. “A decisão de sair teve origem na minha participação em um movimento salarial no qual fizemos um levantamento de dados sobre a PM do Rio e descobrimos que, de 1982 a 1996, teria perdido quase 1.600 policiais por causa do salário.”

Na sexta-feira, a reportagem de O DIA procurou o setor de Relações-Públicas da PM para que um representante falasse sobre o assunto, mas até o fechamento não houve resposta.

Apreço pela farda é o que resta

O tenente X., que recebeu em sua casa uma equipe de O DIA sob promessa de ter sua identidade preservada, mal chega do plantão e já senta à mesa de estudos. Por ser de classe média e morar na Zona Sul da cidade, o oficial ainda consegue voltar para casa fardado sem o medo de ser identificado por bandidos em um ônibus.

Mas não sabe até quando, já que estuda muito para poder largar a farda que preza tanto. E é de berço. “Meu pai e todos os irmãos dele são militares, apesar de nenhum ser oficial. Eu sempre pensava numa profissão que fosse de liderança e prestígio. Decidi pela PMERJ por causa da operacionalidade.”

O apreço pela corporação jamais diminuirá, na visão do tenente. Para ele, no entanto, não dá mais por diversos fatores. “O salário, pode-se dizer, é o maior fator de desmotivação. Porém outras coisas também desmotivam muito: no meu caso, saí da Academia Dom João VI formado para ser oficial combatente. Mas, a exemplo do que mostra o filme ‘Tropa de Elite’, minha primeira função em um batalhão foi ser chefe de garagem. Isso para um jovem é horrível.”

OS 400 DOS CONCURSOS

Nos últimos 20 anos, os pedidos de baixa têm sido freqüentes. Levantamento feito pelo deputado estadual Paulo Ramos (PDT) — major reformado da PM — mostra que ano após ano a evasão é regular, ao lado do número de expulsos e mortos. “Com a desilusão, dependendo do tempo de serviço, o sujeito adoece, sai com o proporcional, mas às vezes quer ir embora mesmo. Na CPI das Mortes de Policiais, descobrimos que, por ano, a PM perde entre 800 e 1.000 policiais por ferimentos diversos, armas de fogo, acidentes de carro, ficam tetraplégicos ou incapazes”, lamenta.

Dauro Pimentel, consultor de atendimento da Academia dos Concursos, estima que haja pelo menos 400 policiais militares matriculados só no curso de Polícia Rodoviária Federal. Outros 50 estariam nos cursos que preparam para a Polícia Federal, Tribunal de Justiça e Tribunal Regional Federal. “Há 35 turmas só para PRF, com 400 PMs. Acho que os baixos salários motivam o êxodo”, avalia Pimentel.

Para o tenente X., ouvido por O DIA, a falta de funções mais ligadas à segurança pública também pesa. “O atual comando da PM não colabora, pois, recentemente, propôs que o interstício de tenente para capitão subisse de três a cinco anos, ou seja, o tenente fica mais dois anos cuidando de garagem, longe das ruas.”

O deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP), da Comissão de Segurança Pública da Alerj, acredita que a auto-estima, hoje em dia, é o que mais mantém o policial ainda na corporação. Mas alerta para a questão salarial: “A primeira coisa a se valorizar na política de segurança pública é o salário do policial. Eles podem ter 100% de reajuste que ainda assim não terão salários compatíveis com as responsabilidades e com o risco”.

JOÃO DO MEIER
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Anônimo disse...

Um bonito discurso, mas apenas "mais um discurso".
Não se pode dizer que uma AÇÃO foi legítima ou não, se não houver a própria AÇÃO!

Basta de discursos!
AÇÃO - é o que se impõe!


Turma 76

Anônimo disse...

Com uma sutileza brilhante, foi narrada a história dos militares nesse país de tempos para cá...os salários aviltantes na atualidade são fruto do revanchismo da esquerda que governa atualmente. Prestem atenção ao FORO DE SÃO PAULO, CÍRCULOS BOLIVARIANOS e outras manobras subreptícias da esquerda para entender o porquê os militares estão sendo humilhados...Há interesses de tomada de poder por trás dessa lenta e gradual intenção de desmoralizar a farda no BRASIL...Acredito que devemos estudar essa questão salarial de uma forma mais profunda (ideológica)para entender o que se passa...Vide "sites" MIDIASEMMASCARA, TERNUMA, VERDADESUFUCADA e outros...para entender os PORQUÊS...!!!!!!