A culpa é sempre da PM?
Artigo do leitor Abouch Valenty Krymchantowski*
A polícia espelha a sociedade. É assim no Chile e na Itália com os carabineiros. É assim na França com os gendarmes. Interessante, são o orgulho da nação. Seus homens vêm da própria sociedade, vocacionados, filhos de famílias de todos os níveis econômicos e sociais, não raro doutrinados e estimulados desde a infância a seguir a carreira policial militar. Afinal, como bem diz a canção do policial militar carioca, "ser policial é, sobretudo uma razão de ser".
" A PM do Rio seleciona e treina exatamente os membros de sua população e não alienígenas "
Algo, no entanto, é diferente no Rio de Janeiro. Está errado, a sensação não é boa. A população não se orgulha e sequer confia na sua polícia. Os jovens de classes sociais favorecidas e aqueles que têm a rara oportunidade de escolher seu futuro se esquecem da polícia como carreira. Interessante de novo. Nossa Polícia Militar ostenta o símbolo da coroa da corte de D. João VI, tem mais de 200 anos, gerencia-se sozinha e pode receber profissionais de quase todos os ramos de atividade. Combatentes, médicos, padres, veterinários, músicos e uma gama enorme de profissionais. Porque, então, o que vemos no dia a dia? Maltrapilhos, assassinos de crianças, corruptos.
Interessante mais uma vez. No comando, pelo menos agora, homens íntegros, bem preparados, de boas famílias. Um filósofo formado na UFRJ com grande capacidade de combate. Casado com um anjo que sempre foi exemplo de dignidade no desempenho de suas funções de oficial do quadro feminino. Cercados por oficiais de caráter inquestionável. E nas ruas? Questiona-se sempre se quem atua na rua não é quem deveria ser. Talvez se mais fiscalizados pelo comando, ou pela própria sociedade. Que sociedade? A que sempre acha que uma pequena infração não é infração? Aquela que cultiva o hábito de propor algo em troca do perdão, da "vista grossa", do jeitinho? Será que se teria exigido dez mil reais para que um jovem infrator, assassino, pudesse ser liberado impune se nossa sociedade não fosse habitualmente conivente com o perdão regado a corrupção?
A PM do Rio seleciona e treina exatamente os membros de sua população e não alienígenas. A constante insinuação de que não são bem treinados e escolhidos não pode mais ser aceita. Os concursos são permanentes, às vezes mais de um por ano. O treinamento é rigoroso, mas dirigido àqueles que a escolheram e por instrutores de seu corpo. Todos espelham a realidade, esta sim, provavelmente incompatível com o que se deseja e com o que a sociedade pratica em sua rotina cotidiana. Se fosse inaceitável corromper não seria possível ser corrompido. Se os valorosos fossem selecionados o treinamento seria de melhor nível e os resultados menos desastrosos.
Se os bons escolhessem a polícia, a população seria dela orgulhosa e a apoiaria. Acidentes acontecem. Omissões, desmandos e incompetência não podem acontecer. Tudo tem que ser revisto, e já. A PM precisa e merece ser escolhida como carreira de sucesso, precisa reconhecer e estimular quem tem valor, quem quer fazer bem feito, quem seria exemplo de caráter, de dignidade e de competência. A sociedade, por sua vez, esquecer a "mão na cabeça" e exigir o correto.
*Abouch Valenty Krymchantowsk é mestre e doutor em neurologia e oficial médico da PM do Rio
JUNTOS SOMOS FORTES!" A PM do Rio seleciona e treina exatamente os membros de sua população e não alienígenas "
Algo, no entanto, é diferente no Rio de Janeiro. Está errado, a sensação não é boa. A população não se orgulha e sequer confia na sua polícia. Os jovens de classes sociais favorecidas e aqueles que têm a rara oportunidade de escolher seu futuro se esquecem da polícia como carreira. Interessante de novo. Nossa Polícia Militar ostenta o símbolo da coroa da corte de D. João VI, tem mais de 200 anos, gerencia-se sozinha e pode receber profissionais de quase todos os ramos de atividade. Combatentes, médicos, padres, veterinários, músicos e uma gama enorme de profissionais. Porque, então, o que vemos no dia a dia? Maltrapilhos, assassinos de crianças, corruptos.
Interessante mais uma vez. No comando, pelo menos agora, homens íntegros, bem preparados, de boas famílias. Um filósofo formado na UFRJ com grande capacidade de combate. Casado com um anjo que sempre foi exemplo de dignidade no desempenho de suas funções de oficial do quadro feminino. Cercados por oficiais de caráter inquestionável. E nas ruas? Questiona-se sempre se quem atua na rua não é quem deveria ser. Talvez se mais fiscalizados pelo comando, ou pela própria sociedade. Que sociedade? A que sempre acha que uma pequena infração não é infração? Aquela que cultiva o hábito de propor algo em troca do perdão, da "vista grossa", do jeitinho? Será que se teria exigido dez mil reais para que um jovem infrator, assassino, pudesse ser liberado impune se nossa sociedade não fosse habitualmente conivente com o perdão regado a corrupção?
A PM do Rio seleciona e treina exatamente os membros de sua população e não alienígenas. A constante insinuação de que não são bem treinados e escolhidos não pode mais ser aceita. Os concursos são permanentes, às vezes mais de um por ano. O treinamento é rigoroso, mas dirigido àqueles que a escolheram e por instrutores de seu corpo. Todos espelham a realidade, esta sim, provavelmente incompatível com o que se deseja e com o que a sociedade pratica em sua rotina cotidiana. Se fosse inaceitável corromper não seria possível ser corrompido. Se os valorosos fossem selecionados o treinamento seria de melhor nível e os resultados menos desastrosos.
Se os bons escolhessem a polícia, a população seria dela orgulhosa e a apoiaria. Acidentes acontecem. Omissões, desmandos e incompetência não podem acontecer. Tudo tem que ser revisto, e já. A PM precisa e merece ser escolhida como carreira de sucesso, precisa reconhecer e estimular quem tem valor, quem quer fazer bem feito, quem seria exemplo de caráter, de dignidade e de competência. A sociedade, por sua vez, esquecer a "mão na cabeça" e exigir o correto.
*Abouch Valenty Krymchantowsk é mestre e doutor em neurologia e oficial médico da PM do Rio
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO
4 comentários:
Um dos motivos esta no emprego do pessoal na sua atividade fim, o policiamento. O autor do texto citou diversos tipos de profissionais com qualidade na PMERJ, como o Cmt Geral e sua esposa. Mas quem é que atende a população? Quem é que trabalha nas RPs, nos Patamos,etc? São, teoricamente, as pessoas mais despreparadas(entenda como menos treinamento, com menor formação pessoal), menos remunerada e que, geralmente vieram das camadas mais simples da população. As quais tiveram poucas chances de se qualificarem na sua vida pessoal. Quer dizer, o Estado, a sociedade gasta dinheiro e tempo formando pessoas qualificadas que, na maioria das vezes que trabalharão na PM, farão serviços internos, se dedicarão mais ao serviço militar do que policial. Como pode a sociedade ser bem atendida, ter retorno do seu investimento. As pessoas mais qualificadas, ou que receberam melhor treinamento, que fizeram cum curso mais longo e preparado, e que são melhor remuneradas, não trabalharão durante a sua carreira para a população?
Uma PM desse nível custa cara. A seleção seria bem feita e o trabalho valorizado, poderia se tirar o que há de melhor na sociedade. O modelo atual prepara os melhores para serem militares e não para serem policiais. Os menos preparados trabalham nas ruas, se expondo, sem apoio, discriminados não somente pela sociedade, mas também pelos Oficiais,que os consideram inferiores por serem seus superiores, por serem de outra classe dentro da instituição.O modelo militar é assim mesmo, não é nem culpa dos Oficiais propriamente, mas são preparados para se sentirem superiores, para não se exporem. Enfim, para ambos(Oficiais e sociedade) são o que há de pior,o preconceito é generalizado e enorme,assim que são vistos. São taxados como corruptos, assassinos, marginais,etc... Parece utopia, mais enquanto o mais próximo possível disto não acontecer, nada mudará, não adiantará esforço, boa vontade, exemplos, nada disto. A solução é se investir no homem, no profissional. Os casos que estão acontecendo agora, se continuar assim, infelizmente acontecerão novamente. E não precisa ser profeta para adivinhar isso. Nos últimos vinte anos tem sido assim, e, detalhe, a PM não é omissa,pelo contrário, a Corregedoria não tolera desvio de conduta, pela quantidade de PMs expulsos anualmente ouso a dizer que não deve existir outra instituição pública no Brasil,quiça no mundo,que demita ou tenha demitido mais servidor do que a nossa, as vezes até injustamente.
Para o Abouch eu tiro chapéu!!!
Além de excepcional médico (uma das maiores autoridades médicas do Brasil em se tratando de neurologia) é um baita profissional: foi ele quem criou uma unidade médica especilizada para atender policiais durante uma operação policial. É guerreiro de verdade (em se tratando de oficial já é difícil algum "botar a cara" imagina ele que é médico!!!) e além de tudo, é uma figuraça! Ou seja: é mais um que o Estado não valoriza!!!
Abouch é o cara!!!
Grato pelos comentários.
Juntos Somos Fortes!
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