O levantamento, que o governo de São Paulo evita divulgar, revela que diminuíram os homicídios e aumentaram os crimes contra o patrimônio – roubos e furtos. Isso, infelizmente, acontece apesar da propaganda oficial de que o Estado investiu em segurança pública e na modernização das polícias.
O investimento e a modernização até que são verdadeiros. Mas a eficiência e a resolutividade não existem. Por mais que as polícias adquiram equipamentos, treinem pessoal e procurem modernizar métodos de atuação, não estão conseguindo fazer frente à organizada escalada criminosa. A redução das mortes talvez seja apenas coincidência, e o aumento dos furtos e roubos demonstram a fragilidade do sistema. Com investimentos e modernização, tudo deveria baixar ou, no mínimo, não crescer. Mas cresce.
As polícias paulistas e as de praticamente todos os estados brasileiros têm seu ponto negro nos baixos salários pagos aos seus integrantes. Homens e mulheres que, por vocação, deixaram tudo e dedicaram seus esforços à máquina policial – Civil ou Militar – não ganham o suficiente para poderem cumprir o exigido regime de dedicação exclusiva e, para evitar a miséria, lançam-se ao “bico”, atuando como seguranças particulares, de estabelecimentos e em outras atividades onde aplicam o treinamento recebido na polícia e recebem remuneração extra com que complementam seus ganhos no Estado.
A extenuante jornada de trabalho extra impede que esses profissionais retornem descansados e fisicamente íntegros à unidade policial e – o pior – muitas vezes é perigosa e provoca sua morte e o desamparo da família. É um problema que os governos, em benefício da sociedade, precisam assumir e resolver. E, pelo longo período de omissão e achatamento salarial, não pode ser agora solucionado apenas com a proibição do trabalho fora da repartição ou quartel, já ele já está cristalizado como renda adicional dos profissionais e suas famílias.
Não adianta continuar tapando o sol com a peneira. As polícias necessitam de trabalhadores capazes e disponíveis para a execução de suas atribuições. O quadro que se tem formado nos últimos tempos não atende às necessidades do trabalho. Os biqueiros, por mais que queiram cumprir simultaneamente suas obrigações oficiais e a jornada extra no “bico”, não conseguem fazê-lo e são obrigados a negligenciar num ou no outro. Normalmente negligenciam no serviço público pois se o fizerem no bico, acabam por perdê-lo.
A população paga impostos, entre outras finalidades, para desfrutar de boa segurança pública. Os governos e seus responsáveis pelo setor têm de se conscientizar de que o problema existe e sua solução deve ser a mais urgente possível. Acabar com o bico de policiais é questão de honra, mas isso jamais será conseguido sem o estabelecimento de um salário que seja suficiente para esses profissionais manterem a vida com um mínimo de dignidade. Simplesmente proibi-los do trabalho extra poderá provocar baixas e apatia no quadro e agravar ainda mais a crise, que já apresenta contornos de severa preocupação...
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves
aspomilpm@terra.com.br.
JUNTOS SOMOS FORTES!O investimento e a modernização até que são verdadeiros. Mas a eficiência e a resolutividade não existem. Por mais que as polícias adquiram equipamentos, treinem pessoal e procurem modernizar métodos de atuação, não estão conseguindo fazer frente à organizada escalada criminosa. A redução das mortes talvez seja apenas coincidência, e o aumento dos furtos e roubos demonstram a fragilidade do sistema. Com investimentos e modernização, tudo deveria baixar ou, no mínimo, não crescer. Mas cresce.
As polícias paulistas e as de praticamente todos os estados brasileiros têm seu ponto negro nos baixos salários pagos aos seus integrantes. Homens e mulheres que, por vocação, deixaram tudo e dedicaram seus esforços à máquina policial – Civil ou Militar – não ganham o suficiente para poderem cumprir o exigido regime de dedicação exclusiva e, para evitar a miséria, lançam-se ao “bico”, atuando como seguranças particulares, de estabelecimentos e em outras atividades onde aplicam o treinamento recebido na polícia e recebem remuneração extra com que complementam seus ganhos no Estado.
A extenuante jornada de trabalho extra impede que esses profissionais retornem descansados e fisicamente íntegros à unidade policial e – o pior – muitas vezes é perigosa e provoca sua morte e o desamparo da família. É um problema que os governos, em benefício da sociedade, precisam assumir e resolver. E, pelo longo período de omissão e achatamento salarial, não pode ser agora solucionado apenas com a proibição do trabalho fora da repartição ou quartel, já ele já está cristalizado como renda adicional dos profissionais e suas famílias.
Não adianta continuar tapando o sol com a peneira. As polícias necessitam de trabalhadores capazes e disponíveis para a execução de suas atribuições. O quadro que se tem formado nos últimos tempos não atende às necessidades do trabalho. Os biqueiros, por mais que queiram cumprir simultaneamente suas obrigações oficiais e a jornada extra no “bico”, não conseguem fazê-lo e são obrigados a negligenciar num ou no outro. Normalmente negligenciam no serviço público pois se o fizerem no bico, acabam por perdê-lo.
A população paga impostos, entre outras finalidades, para desfrutar de boa segurança pública. Os governos e seus responsáveis pelo setor têm de se conscientizar de que o problema existe e sua solução deve ser a mais urgente possível. Acabar com o bico de policiais é questão de honra, mas isso jamais será conseguido sem o estabelecimento de um salário que seja suficiente para esses profissionais manterem a vida com um mínimo de dignidade. Simplesmente proibi-los do trabalho extra poderá provocar baixas e apatia no quadro e agravar ainda mais a crise, que já apresenta contornos de severa preocupação...
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves
aspomilpm@terra.com.br.
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO
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