domingo, 5 de abril de 2009

A PESQUISOBRAS.


Você abre o jornal e dá de cara com mais uma pesquisa de opinião, objetivando influenciar o nosso juízo de valor sobre algum tema ou alguma pessoa.
As pesquisas de opinião são muito importantes no mundo moderno, sendo que as pesquisas de mercado antecedem o lançamento de serviços e de produtos, continuando enquanto o serviço ou o produto se mantiver vivo na preferência popular.
A pesquisa provoca o nascimento e a morte de produtos e serviços.
Conta a lenda que todo político de expressão contrata uma pesquisa de opinião para medir a sua avaliação social, norteando as suas opiniões e ações futuras pelo resultado da pesquisa.
O político fala sobre a “culpa dos olhos azuis” e lá vai o instituto medir a avaliação da fala junto a uma minúscula parcela da população. Eles usam a “amostragem” e recursos estatísticos para realizar as projeções – a opinião da parte deve representar proporcionalmente a opinião do todo.
O outro político fala que a “Rocinha é uma fábrica de marginais” e as pesquisas são acionadas.
Se o resultado da pesquisa for favorável, a culpa continuará a ser dos olhos azuis e a Rocinha uma fábrica de marginais, caso a pesquisa seja negativa, que se cuidem os de olhos não azuis e a Rocinha vira uma comunidade formada por uma maioria esmagadora de pessoas de bem.
E assim, os governos seguem em frente, os governantes regulando as suas idéias, opiniões e ações pelo resultado da pesquisa.
Toda pesquisa que avalia bem o governo é revelada, enquanto as que revelam uma avaliação ruim são escondidas a sete chaves.
Surge o politicamente correto, mesmo que não seja o efetivamente correto.
E o destino da população vai sendo construído pesquisa após pesquisa, pois o que importa é o voto, não o sucesso de uma administração voltada para o bem social.
O assistencialismo, por exemplo, é um fruto desse mundo de pesquisas, onde o que importa são os números, a maioria numérica.
Aliás, somos um país de números espantosos, como o número de funcionários administrativo do Senado Federal, inacreditável. Tal situação, por si só, deveria determinar um recesso no Senado e a realização de uma “operação pente fino”, avaliando a necessidade de cada estrutura administrativa e de cada servidor.
O Brasil é um país que prima pelo inchaço da máquina estatal, portanto, logo teremos a Pesquisobras que regulará todos os institutos de pesquisa, utilizando dezenas de diretores, além de milhares de funcionários administrativos.
Por derradeiro, você já foi entrevistado por um instituto de pesquisa?
Eu nunca tive tal sorte.
E não esqueça, se o governador do seu estado não revela as pesquisas de opinião sobre a avaliação do seu governo, certamente o resultado é ruim ou muito ruim.


PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO