REFLEXÃO.

(banheiro dos Praças de um Quartel da PM)

Há poucos dias recebi este pequeno texto de um amigo:

"Vai, entra no barco, atravessa o rio, mata o monstro, e volta para casa,
se não conseguir matar o monstro, deixe-o ferido,
mas o mais importante,
volte para casa".

Tenho pensado muito sobre isto: voltar para casa.
Não por enfrentar o monstro de forma meio que quixotesca como tenho feito, algo que sempre soube que seria assim, afinal, enfrentar o poder é uma péssima ideia, as represálias são enormes e encontrar aliados é uma raridade. Tenho pensado sobre isto pela postura daqueles por quem eu luto.
O número de votos recebido pelo meu amigo, Ubiratan de Oliveira Angelo, Coronel de Polícia, homem íntegro e competente, que perdeu o Comando Geral da PMERJ, por lutar pelos salários da tropa, me deixou ferido de morte no que diz respeito ao descaso da tropa com relação a quem luta por ela. Não votar em um ex-Corregedor é mais do que normal, mesmo eu tendo lutado tanto pelo salário dos Soldados de Polícia, sobretudo por que a banda podre faz campanha sistemática contra mim.
Como não reconheceram o que ele fez?
Ubiratan deveria ter sido o deputado estadual mais votado do Rio de Janeiro.
Confesso, a surpresa foi desoladora.
Tenho pensado se não estou querendo reverter um processo simbiótico que envolve os Policiais Militares do Rio e os governantes, pois parece que ganhar mal e ter que trabalhar no segundo emprego ou se virar na rua, faz parte da vida dos Policiais Militares fluminenses.
Uma situação que é normal para eles.
Querem ser miseráveis que reclamam pelos cantos.
Anestesiados, aceitam tudo, inclusive o fato de não conviverem com os filhos e esposa, se matando no ciclo quartel-bico-quartel-...
Outros preferem as sombras para a prática de delitos ou o fazem abertamente nas ruas do Rio. Assaltam o povo!
Tudo parece normal.
Confesso que antes do sugestivo texto, muito antes, quando estava sozinho na rua lutando por melhores salários, a maioria das vezes apenas com a companhia do Excluído Fardado, eu pensava sobre a decisão de voltar para casa, dedicar mais tempo para os meus, afinal, devo ser um dos Coronéis de Polícia que recebe o menor vencimento líquido do Brasil, mas vivo muito bem com este salário, pois amo tudo que tenho.
Sinceramente, não é fácil levar a bandeira de um exército que não quer lutar, que prefere não ter folga ou saquear.
Penso que a ideia de voltar para casa está amadurecendo a cada dia, o que não significa que desistirei da luta contra o poder, lutarei diariamente como faço, considerando que tenho o blog como trincheira para resistir. Inclusive, ele anda comigo sempre (notebook) e pode muito bem ser posicionado na mesa da sala de minha casa. No momento, posto de um restaurante.
A ideia de voltar para casa começou quando recebi uma ligação de um Coronel Barbono que explicou a sua decisão de ir para a reserva remunerada com uma frase marcante, muito forte com relação ao atual estágio da PMERJ, que prefiro deixar entre ele e eu. Ideia que no curso da campanha foi reforçada, quando alguém comentou comigo quanto valia a sua cadeira.
Penso que estou voltando para casa, a cada minuto, pelo menos no que diz respeito a lutar para este exército, quem sabe não luto por outro, pois lutar pelo bem faz parte de mim.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO