ROBERTA TRINDADE
Chacina de São João de Meriti é início de guerra entre facções
A ação criminosa que deixou cinco mortos e dez feridos na Bacia de Éden, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, não foi motivada por ciúmes. A afirmação foi feita por moradores da região e está sendo investigada pela Polícia. De acordo com a denúncia, o tiroteio ocorrido no último domingo, dia 23 de outubro, na Rua Cruz da Fé foi mais um episódio da guerra entre facções que está ocorrendo no local desde o início do mês, quando um jovem conhecido como Cleiton Pombo foi assassinado, na porta de uma igreja em Vila Tiradentes.
“O Bira e mais três que estavam no churrasco mataram o Pombo e isso está gerando esta guerra toda. O pessoal é da ADA, do Morro da Pedreira, e está tentando implantar uma boca na Bacia. Por isso essa guerra toda. Simplesmente ninguém é inocente. Sei que não justifica, mas todos têm envolvimento e o churrasco era pra comemorar a morte do Pombo”, afirmou um morador que pediu para não ter a identidade revelada.
Rivais das facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Amigos dos Amigos (ADA) estão disputando a boca-de-fumo do Morro do Castelinho, a poucos metros do local onde ocorreu a chacina. De acordo com o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para investigar a atuação das milícias em território fluminense e concluída no final do ano passado, o Morro do Castelinho era um dos locais onde milicianos haviam feito acordo com traficantes.
Na manhã desta quarta-feira, dia 27, policiais do 21º BPM (São João de Meriti) lotados no Posto de Policiamento Comunitário (PPC) de Vila Tiradentes solicitaram reforço após serem comunicados de que cerca de 40 traficantes do CV estavam se reunindo no Morro da Caixa D’Água para atacar o imóvel e invadir a Bacia de Éden. Horas antes, dois homens armados com pistolas passaram pelo PCC de Vila Norma e efetuaram vários disparos contra os PMs que estavam de plantão na unidade.
Ninguém ficou ferido, mas o pânico se instalou na região, que já vivia um clima de insegurança desde a noite de terça-feira, quando bandidos determinaram que comerciantes fechassem as portas e pessoas abandonassem igrejas. No início da tarde de ontem, escolas públicas e particulares suspenderam as aulas e mandaram os alunos de volta para casa.
“Eram umas 20h de terça-feira quando eles passaram aqui e falaram ‘como é que é, vai fechar ou não vai? Quer que aconteça a mesma coisa de domingo?’. Na mesma hora eu respondi que estava fechando e baixei as portas”, contou uma comerciante da Rua Dona Odília, que abriu seu bar normalmente ontem, mas tomou precauções.
“Um policial passou aqui e pediu que ninguém ficasse na calçada. Estou dentro do comércio e se precisar fecho tudo rápido e me jogo aqui dentro. Liguei para a minha filha e falei para ela não levar meus netos pra escola”, revelou.
Um aposentado de 78 anos que mora há dez na Rua José de Carvalho, também na Vila Tiradentes, lamentou o clima de medo que se instalou na vizinhança.
“Eu nunca tive medo de sair de casa e agora ando pelas ruas com receio. Limparam a Zona Sul, instalando UPPs, e veio tudo pra cá. É a gente que paga. Se o crime de domingo realmente fosse passional, não estaria havendo essa guerra aqui”, desabafou.
Durante todo o dia, viaturas do 21º BPM reforçaram o policiamento na região e contaram com o apoio de equipes do 39º BPM (Belford Roxo), 24º BPM (Queimados), 34º BPM (Magé) e do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque). Apesar do patrulhamento ostensivo, nenhuma denúncia relativa a endereços de pontos de encontro de bandidos e locais de esconderijos de armas e drogas havia sido confirmada, até o final da tarde desta quarta-feira.
“O que está acontecendo é que bandidos do Morro do Chapadão, que são do Comando Vermelho, estão brigando com rivais do Morro da Quitanda, que são ADA, pela boca-de-fumo do Morro do Castelinho e da Bacia do Éden, pois lá eles vendem muito”, contou um policial que participou das ações de ontem, explicando que toda a região já é controlada pelo CV e que a invasão às áreas restantes facilitaria a criação de um complexo.
A versão de que a chacina do último domingo teria sido resultado de um crime passional foi divulgada pela Polícia na segunda-feira, após depoimento do taxista Ubirajara Moraes Pereira, o Bira, 32. Na 64ª DP (Vilar dos Teles), ele reconheceu, através de fotografias, Vinícius Anselmo de Araújo da Luz, o Vinicinho Jogador, 28, Renato Ramos da Fonseca, o Renatinho, 29, e Luiz Fernando Nascimento Ferreira, o Nando Bacalhau, 30, como sendo três dos quatro homens que chegaram à Rua Cruz da Fé em uma Hilux preta e desceram do veículo atirando contra quem assistia ao clássico entre Flamengo e Vasco e participava do churrasco que seria em comemoração ao aniversário de 36 anos da manicure Cátia Sidônia Silva Souza.
Ainda segundo o taxista, Vinicinho estaria tentado matá-lo pois ele casou-se com a ex-namorada do criminoso, que foi preso por assalto em 2007 e solto após três anos. Horas depois, confessou que conhecia o trio porque já havia sido traficante e feito parte da quadrilha de Nando Bacalhau – atual chefe do tráfico no Morro do Chapadão, que possui acessos pelos bairros Pavuna e Costa Barros, na Zona Norte do Rio – mas garantiu que havia abandonado o crime aos 21 anos, quando entrou para a Igreja Assembléia de Deus dos Últimos Dias e passou a visitar penitenciárias com o pastor Marcos Pereira.
Outro presente ao churrasco era um dos filhos do traficante Luís Coquinho, conhecido como Lula – que foi atingido nas pernas. O pai dele seria integrante da ADA e teria jurado vingança.
“O Vinicinho foi preso por assalto e, como tinha disposição, quando saiu da cadeia já ganhou o posto de segurança do TH, que gerenciava o tráfico do Chapadão. Andavam sempre juntos o TH, o Vinicinho e o Pombo. Quando o TH morreu, o Vinicinho assumiu o lugar dele e logo depois mataram o Pombo”, explicou um policial que acompanha a ocorrência.
Na tarde de terça-feira, em incursão para tentar localizar Vinicinho, na Favela da Índia, PMs detiveram dois menores e prenderam seis acusados de tráfico. Atingido durante a troca de tiros, Edward Costa Franco, o Pardal, 22, morreu. Os presos foram identificados como Luiz Antônio dos Santos, o Magrão, 22; Tiago Nunes Alves, o Tiaguinho, 21; Fabiano Leonício Juvenal, 19; e Ramiro Silva Lima Júnior, 23.
Na mesma ação, os policiais apreenderam uma granada, um revólver calibre 38, 33 trouxinhas de maconha, 366 papelotes de cocaína, 418 pedras de crack e 92 embalagens de cheirinho da loló, além de um colete à prova de balas camuflado, uma caderneta com anotações sobre a movimentação financeira do tráfico e R$ 52 em espécie. Os presos e o material apreendido foram levados para a central de flagrantes que funcionava na 54ª DP (Belford Roxo).
Até às 18h50 desta quarta-feira, dia 27 de outubro, o Disque-Denúncia já havia recebido 30 ligações sobre a chacina com informações sobre possíveis autores do crime e local onde estariam escondidos. As informações estão sendo passadas para 64ª DP, que está encarregada do caso. Quem tiver qualquer dado que auxilie nas investigações e ajude a Polícia a identificar, localizar e prender os criminosos pode ligar para o Disque-Denúncia através do telefone 2253-1177. O serviço funciona 24 horas e garante o anonimato.
ROBERTA TRINDADE
“O Bira e mais três que estavam no churrasco mataram o Pombo e isso está gerando esta guerra toda. O pessoal é da ADA, do Morro da Pedreira, e está tentando implantar uma boca na Bacia. Por isso essa guerra toda. Simplesmente ninguém é inocente. Sei que não justifica, mas todos têm envolvimento e o churrasco era pra comemorar a morte do Pombo”, afirmou um morador que pediu para não ter a identidade revelada.
Rivais das facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Amigos dos Amigos (ADA) estão disputando a boca-de-fumo do Morro do Castelinho, a poucos metros do local onde ocorreu a chacina. De acordo com o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para investigar a atuação das milícias em território fluminense e concluída no final do ano passado, o Morro do Castelinho era um dos locais onde milicianos haviam feito acordo com traficantes.
Na manhã desta quarta-feira, dia 27, policiais do 21º BPM (São João de Meriti) lotados no Posto de Policiamento Comunitário (PPC) de Vila Tiradentes solicitaram reforço após serem comunicados de que cerca de 40 traficantes do CV estavam se reunindo no Morro da Caixa D’Água para atacar o imóvel e invadir a Bacia de Éden. Horas antes, dois homens armados com pistolas passaram pelo PCC de Vila Norma e efetuaram vários disparos contra os PMs que estavam de plantão na unidade.
Ninguém ficou ferido, mas o pânico se instalou na região, que já vivia um clima de insegurança desde a noite de terça-feira, quando bandidos determinaram que comerciantes fechassem as portas e pessoas abandonassem igrejas. No início da tarde de ontem, escolas públicas e particulares suspenderam as aulas e mandaram os alunos de volta para casa.
“Eram umas 20h de terça-feira quando eles passaram aqui e falaram ‘como é que é, vai fechar ou não vai? Quer que aconteça a mesma coisa de domingo?’. Na mesma hora eu respondi que estava fechando e baixei as portas”, contou uma comerciante da Rua Dona Odília, que abriu seu bar normalmente ontem, mas tomou precauções.
“Um policial passou aqui e pediu que ninguém ficasse na calçada. Estou dentro do comércio e se precisar fecho tudo rápido e me jogo aqui dentro. Liguei para a minha filha e falei para ela não levar meus netos pra escola”, revelou.
Um aposentado de 78 anos que mora há dez na Rua José de Carvalho, também na Vila Tiradentes, lamentou o clima de medo que se instalou na vizinhança.
“Eu nunca tive medo de sair de casa e agora ando pelas ruas com receio. Limparam a Zona Sul, instalando UPPs, e veio tudo pra cá. É a gente que paga. Se o crime de domingo realmente fosse passional, não estaria havendo essa guerra aqui”, desabafou.
Durante todo o dia, viaturas do 21º BPM reforçaram o policiamento na região e contaram com o apoio de equipes do 39º BPM (Belford Roxo), 24º BPM (Queimados), 34º BPM (Magé) e do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque). Apesar do patrulhamento ostensivo, nenhuma denúncia relativa a endereços de pontos de encontro de bandidos e locais de esconderijos de armas e drogas havia sido confirmada, até o final da tarde desta quarta-feira.
“O que está acontecendo é que bandidos do Morro do Chapadão, que são do Comando Vermelho, estão brigando com rivais do Morro da Quitanda, que são ADA, pela boca-de-fumo do Morro do Castelinho e da Bacia do Éden, pois lá eles vendem muito”, contou um policial que participou das ações de ontem, explicando que toda a região já é controlada pelo CV e que a invasão às áreas restantes facilitaria a criação de um complexo.
A versão de que a chacina do último domingo teria sido resultado de um crime passional foi divulgada pela Polícia na segunda-feira, após depoimento do taxista Ubirajara Moraes Pereira, o Bira, 32. Na 64ª DP (Vilar dos Teles), ele reconheceu, através de fotografias, Vinícius Anselmo de Araújo da Luz, o Vinicinho Jogador, 28, Renato Ramos da Fonseca, o Renatinho, 29, e Luiz Fernando Nascimento Ferreira, o Nando Bacalhau, 30, como sendo três dos quatro homens que chegaram à Rua Cruz da Fé em uma Hilux preta e desceram do veículo atirando contra quem assistia ao clássico entre Flamengo e Vasco e participava do churrasco que seria em comemoração ao aniversário de 36 anos da manicure Cátia Sidônia Silva Souza.
Ainda segundo o taxista, Vinicinho estaria tentado matá-lo pois ele casou-se com a ex-namorada do criminoso, que foi preso por assalto em 2007 e solto após três anos. Horas depois, confessou que conhecia o trio porque já havia sido traficante e feito parte da quadrilha de Nando Bacalhau – atual chefe do tráfico no Morro do Chapadão, que possui acessos pelos bairros Pavuna e Costa Barros, na Zona Norte do Rio – mas garantiu que havia abandonado o crime aos 21 anos, quando entrou para a Igreja Assembléia de Deus dos Últimos Dias e passou a visitar penitenciárias com o pastor Marcos Pereira.
Outro presente ao churrasco era um dos filhos do traficante Luís Coquinho, conhecido como Lula – que foi atingido nas pernas. O pai dele seria integrante da ADA e teria jurado vingança.
“O Vinicinho foi preso por assalto e, como tinha disposição, quando saiu da cadeia já ganhou o posto de segurança do TH, que gerenciava o tráfico do Chapadão. Andavam sempre juntos o TH, o Vinicinho e o Pombo. Quando o TH morreu, o Vinicinho assumiu o lugar dele e logo depois mataram o Pombo”, explicou um policial que acompanha a ocorrência.
Na tarde de terça-feira, em incursão para tentar localizar Vinicinho, na Favela da Índia, PMs detiveram dois menores e prenderam seis acusados de tráfico. Atingido durante a troca de tiros, Edward Costa Franco, o Pardal, 22, morreu. Os presos foram identificados como Luiz Antônio dos Santos, o Magrão, 22; Tiago Nunes Alves, o Tiaguinho, 21; Fabiano Leonício Juvenal, 19; e Ramiro Silva Lima Júnior, 23.
Na mesma ação, os policiais apreenderam uma granada, um revólver calibre 38, 33 trouxinhas de maconha, 366 papelotes de cocaína, 418 pedras de crack e 92 embalagens de cheirinho da loló, além de um colete à prova de balas camuflado, uma caderneta com anotações sobre a movimentação financeira do tráfico e R$ 52 em espécie. Os presos e o material apreendido foram levados para a central de flagrantes que funcionava na 54ª DP (Belford Roxo).
Até às 18h50 desta quarta-feira, dia 27 de outubro, o Disque-Denúncia já havia recebido 30 ligações sobre a chacina com informações sobre possíveis autores do crime e local onde estariam escondidos. As informações estão sendo passadas para 64ª DP, que está encarregada do caso. Quem tiver qualquer dado que auxilie nas investigações e ajude a Polícia a identificar, localizar e prender os criminosos pode ligar para o Disque-Denúncia através do telefone 2253-1177. O serviço funciona 24 horas e garante o anonimato.
ROBERTA TRINDADE
COMENTO:
Como ainda existe gente que usa a palavra PACIFICAÇÃO se referindo à gravíssima situação da segurança pública no Rio de Janeiro. Uma completa falta de respeito ao povo fluminense, acuado e amedrontado.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO
Como ainda existe gente que usa a palavra PACIFICAÇÃO se referindo à gravíssima situação da segurança pública no Rio de Janeiro. Uma completa falta de respeito ao povo fluminense, acuado e amedrontado.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO
2 comentários:
Existe porque recebem regiamente o PP oficial. Aquele que o orçamento destinou para propaganda. E a massa continuará ignara, achando as siglas bonitinhas: upp, upa, pac das comunidades, etc.
A população do Rio caminha para ganhar o trofeú "Vai Votar Mal Assim no Inferno". Reelegeram Cabral e devem votar maciçamente em Dilma.
Juntos Somos Fortes!
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