quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

XADREZ, O ESPORTE DA VIDA.

Você se acomoda, a sua frente o tabuleiro de xadrez, o seu adversário ocupa a cadeira oposta. Ele joga com as peças brancas, assim o juiz aciona o relógio das brancas, iniciando o jogo. Você espera o lance inicial de imediato por parte do seu adversário, mas ele não joga, permanece olhando fixo para as peças, como se não soubesse executar o lance inicial.
Isso perdura um, dois,..., minutos e ele joga o lance mais comum P4R, peão na quarta casa do rei.
Como explicar esse fato, que ocorre incontáveis vezes nos torneios de xadrez por todo mundo, com diferentes níveis de jogadores?
Simples, no xadrez como na vida o planejamento é indispensável, assim o jogador das brancas apenas estava refazendo, mais uma vez, o planejamento que fez antes da partida, trazendo a concentração ao nível máximo, a qual ele só relaxará ao término da batalha.
Prezado leitor, leia o artigo anterior antes de prosseguir.
Leu?
Outro dia eu postei um comentário contra mim, o que deixa os amigos próximos em cólicas. O anônimo disse que em um dia de janeiro de 2008, eu tinha sido contrário a apresentação de todos os que estavam na AME/RJ, no pátio do Quartel General da Polícia Militar, alegando que deveríamos aguardar uma "bomba" que não veio.
O anônimo tem em parte razão, eu falei sobre uma "bomba" em andamento que seria o conjunto das matérias que deveriam ter saído na mídia no dia seguinte, as quais não sairam com a força da verdade, assim, a "bomba" não explodiu.
Todavia, ele erra quando diz que eu fui apenas contra a apresentação de todos no QG, eu fui radicalmente contra, visceralmente contrário e por uma razão muito simples, nós não sabíamos qual seria o passo seguinte, o lance seguinte no tabuleiro dessa luta contra o poder político.
Além disso, isso já geraria uma divisão, pois os Bombeiros Militares teriam que se apresentar no QG do CBMERJ.
Quem no xadrez não conhece os próximos dez lances seguintes, a partir de cada lance do adversário, deve pensar em praticar futebol e desistir do xadrez.
Quem em uma luta não prevê o próximo golpe do adversário, para contragolpear com eficácia, vai a nocaute de imediato.
Michel Temer, segundo o artigo que você leu, colocou a PEC 300 debaixo do braço, mostrou o seu poder, não se intimidou com milhares de Bombeiros e Policiais Militares que "invadiram" Brasília.
E agora?
Ele fez o seu lance, qual será o nosso?
O que planejamos para contragolpear esse lance, facilmente previsível?
Nada, no Rio de Janeiro, certamente, nada!
No Rio nos afastamos do conjunto da batalha, ao invés de continuarmos na nossa luta contra Sérgio Cabral, que nos enganou, que prometeu 54% de reposição salarial e até hoje nos "deu" 2,5%, lutando pela PEC 300 como mais uma frente de luta e não a única, nós resolvemos fazer um acordo e parar de gritar "Fora Cabral!".
Nós não, cara pálida, digo para mim mesmo, pois hoje eu gritei no ato cívico na ALERJ pela instauração da CPI, dezenas de vezes o "Fora Cabral!".
Usei o microfone para falar dos nossos salários famélicos; da crise na nossa saúde e das péssimas condições vivenciadas pelos jovens Policiais Militares que estão trabalhando nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP).
Antes, formalmente entreguei um relatório ao Ministério Público e à Comissão de Direitos Humanos da ALERJ sobre a situação das UPPs.
As batalhas são assim, um conjunto de frentes, uma combinação de lances que beira o infinito e temos que lutar em todos os lados, essa é a regra no tabuleiro da vida, sobretudo se do outro lado está o poder político sistematizado.
Hoje, pergunto aos que disseram para não gritarmos o "Fora Cabral!", qual será o próximo passo?
O que vocês farão nas suas respectivas unidades?
O que falarão para aqueles que anseiam por tempos melhores na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros Militar?
Por favor, façam o próximo lance, todos nós esperamos por vocês.
Agora, caso não saibam o que fazer, acompanhem os nossos próximos lances nesse espaço democrático.
Nós só venceremos quando conhecermos e usarmos a nossa FORÇA, enquanto nos ajoelharmos diante de políticos temporários, sabe-se lá com quais interesses, eles colocarão a PEC 300 embaixo do braço e não saberemos o que fazer.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

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