sábado, 27 de fevereiro de 2010

QUE PAÍS É ESSE? - PROFESSOR MARCELO ADRIANDO NUNES DE JESUS.

Cada vez mais me convenço que vivemos numa democracia às avessas, principalmente pelas notícias que chegam diariamente, conforme um belo texto do meu amigo advogado e coronel da PMERJ, Luiz da Silva Muzzi, que trata das decisões judiciais em relação às grandes empresas e uma recente decisão administrativa de um tribunal de Justiça contra uma juíza.
Considerada culpada por unanimidade pelo colegiado do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, a juíza Larissa Sarcinelli Pimentel, acusada de formação de quadrilha e corrupção passiva pela Operação Naufrágio da Polícia Federal que descobriu ainda o envolvimento de desembargadores e juízes daquele tribunal no esquema de “venda de sentenças”, teve sua pena fixada em aposentadoria compulsória com vencimentos.
Gostaria de entender onde está a punição aplicada à juiza nesse caso? Aposentar-se com um salário de aproximadamente cinco mil reais é punição para alguém? Que equidade de justiça é essa? Eu por exemplo, que sou servidor público, se me envolvo numa situação dessa natureza, o primeiro ato do governador após o direito de ampla defesa e se considerado culpado, certamente que seria a minha demissão sem direito a absolutamente nada e provavelmente amargaria alguns anos numa prisão qualquer, mas com magistrados e promotores é bem diferente. É isso que chamam de democracia? Essa é a minha indignação, com privilégios para uns em detrimento a maioria. Decisões judiciais que privilegiam, quando deveriam punir, é uma vergonha para o Brasil, o que não se dá apenas em relação aos crimes que envolvem diretamente magistrados e promotores, mas também grandes empresas como as de telefonia, bancos e outros que cometem diversos crimes, inclusive o de estelionato, mas recebem uma punição muito branda quando condenadas e que não passa do pagamento de cerca de 3 mil reais, quando muito, às vítimas, valor tão irrisório dentro do universo de milhões que essas empresas lucram, e que acaba incentivando-as a continuarem seus ilícitos com a certeza da impunidade. Talvez eu não tenha entendido muito bem as definições de Dalmo Dallari, Norberto Bobbio e Espinoza para o termo democracia, talvez eu devesse ler mais sobre o assunto para poder compreender melhor essas decisões que considero no mínimo imorais e ridículas, e contribuem enormemente para a dificuldade dos professores em explicar uma coisa, mas que na prática é outra completamente adversa. Como explicar aos alunos o artigo 5º da Constituição Federal que diz que todos são iguais perante a lei, mas que na prática a lei não é igual perante todos?
O que mais me entristece é viver num País onde a democracia se dá às avessas. Enquanto continuarem com privilégios para uma determinada classe ou grupo social, não há o que se falar em democracia, e isso, Gramsci já nos alertava. O que existe no Brasil, é uma oligarquia e bem explícita. Se o povo quer a democracia, que a tenha, mas da maneira como a oligarquia quer. Esse é o Brasil que aos poucos vai mostrando a sua verdadeira cara e que Cazuza tão bem descreveu em seus versos: “a sua piscina está cheia de ratos, suas ideias não correspondem aos fatos”. Como pensar diferente disso? A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
Professor
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

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