quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

POPULAÇÃO DO RIO DE JANEIRO A PROCURA DE UM GOVERNADOR.

Transcrevo a seguir três artigos do jornalista Reinaldo Azevedo, extraídos do seu blog (Revista Veja), sobre as tragédias que se abateram sobre a Região Serrana do Rio de Janeiro, vitimando mais de 250 cidadãos fluminenses.
Foi a saída que encontrei.
Os meus leitores sabem que eu sou politicamente incorreto e que não poupo o governo estadual em nenhum momento, o considero o pior que vivenciei nos meus 53 anos de idade, mas confesso que pela primeira vez resolvi não escrever o que estou pensando sobre o governo fluminense, os impropérios ofenderiam também os leitores e maculariam o nosso espaço.
Diante dessa decisão, resolvi "usar" a maneira brilhante de criticar do Reinaldo Azevedo para aquietar o meu espírito e para justificar o título que escolhi para essa postagem:
POPULAÇÃO DO RIO DE JANEIRO A PROCURA DE UM GOVERNADOR.
1) 12/01/2011
às 21:40
Cabral em viagem de férias? É uma questão de vergonha na cara!
Acompanhei a cobertura que o Jornal Nacional fez da tragédia no Rio. Já são 257 mortos. Tristeza, melancolia, desastre. Havia estranhado a ausência do governador Sérgio Cabral. Onde estaria Sérgio Cabral? No desastre de Ilha Grande, no ano passado, ele também custou a dar as caras. Especulava-se que estivesse fora do país. Não! É provável que descansasse numa casa de veraneio em Mangaratiba. Deve ter demorado a aparecer porque, sei lá, não tinha considerado a coisa tão grave assim.
Há pouco, o Jornal Nacional informou que Sérgio Cabral está em viagem de férias. Fora do país. Sei. Há algo mais previsível do que o desastre das águas nesse período? A única coisa que varia é o número de mortos. Ou seja: Cabral fugiu das chuvas e do noticiário. Ele só comparece quando é para partir para o abraço de exultação. Até o da solidariedade ele se nega a dar.
O JN foi bonzinho com ele. Destacou uma frase sua no jornal O Globo condenando as ocupações irregulares. Ah, bom! Bobo é Gilberto Kassab, que decide mostrar a cara quando a enchente cobre as ruas de São Paulo. O governador inteligente é aquele que foge da enxurrada, dos soterramentos e dos cadáveres.
A viagem de Cabral já era indecente antes mesmo de o mundo vir abaixo. Agora que veio, vamos ver quanto tempo ele vai demorar para voltar. Sua presença não ressuscita ninguém, sei disso. Mas é uma questão de vergonha na cara!
Por Reinaldo Azevedo
2) 12/01/2011
às 18:34
Os mortos que já vêm com sepultura

“O quadro é triste e desesperador”.
A fala é do vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (conta ser o governador de fato), depois de sobrevoar a região serrana do Rio, onde pelos menos 119 pessoas morreram em conseqüência das fortes chuvas que castigam a área.
Ele tem razão. É isso mesmo! Já choveu neste começo do ano o esperado para o mês inteiro. Como em São Paulo. Não há infra-estrutura decente que suporte isso sem graves prejuízos. Imaginem, então, quando estamos falando de casas e barracos pendurados em áreas instáveis.
Fico aqui a imaginar se o prefeito Gilberto Kassab ou o governador Geraldo Alckmin, diante do aguaceiro de São Paulo - que matou até agora muito menos gente - dissessem algo parecido… Seriam esmagados. Apanharam muito hoje do Partido da Imprensa Petista porque acusaram, vejam que absurdo!, o excesso de chuvas.
É claro que é uma tragédia! Temos a convergência de uma ocorrência natural atípica - a chuva excessiva - com um histórico de carências e irresponsabilidades que, como não poderia deixar de ser, pune especialmente os pobres.
Enquanto houver brasileiros morando em áreas de risco, a maioria delas em situação irregular, brasileiros morrerão vítimas das chuvas. É o estado que tem de dar casa para toda essa gente.?Há quem queira que sim. Nem vou discutir isso agora. Mas de uma coisa estou certo: o estado tem de impedir, com a força policial se preciso, a ocupação de áreas de risco. E deve fazê-lo para preservar vidas.
E o “Minha Casa, Minha Vida”, o tal programa de Dilma Rousseff? Entregou 10% das casas prometidas, e são pouco mais de 3 mil as residências destinadas a essa faixa de renda que morre soterrada. Se a metafísica influente diz que o estado tem de dar casa a quem não tem casa, que se dê. Mas uma coisa é certa: junto com essa política de natureza “social”, é preciso tirar as pessoas das áreas de risco e impedir que ocupem outras tantas. E aí se trata de fazer cumprir a lei.
Ou assistiremos a esse morticínio ano após ano.
Não é fácil, não! Ao contrário: trata-se de algo muito difícil. Entre outras razões porque se trata também de uma questão de natureza ideológica. Brasil afora, movimentos ditos “pró-moradia” estimulam as invasões, e pobre do prefeito que decidir fazer uma desocupação. Criou-se um ciclo perverso que consiste em ocupar uma área irregular para exigir, depois, do poder público a devida compensação pela desocupação.
Um estudo sério da renda dos moradores de áreas irregulares, incluindo as favelas de São Paulo, surpreenderia muita gente. Boa parte teria condições de morar em outros locais, pagando certamente aluguel. Mas o misto de populismo e esquerdismo que impera na área impede que se faça a coisa certa.
Por isso, pessoas continuarão a morrer soterradas. Porque o bom senso morreu primeiro.
Por Reinaldo Azevedo
3) 12/01/2011
às 15:58
Leiam, analisem, comparem

Não vou, evidentemente, ficar fazendo um campeonato de desastres para saber qual estado padece mais com as chuvas. Mas eis aí: algumas horas bastaram para que o Rio se revelasse além da blindagem política que hoje protege o governador Sérgio Cabral (PMDB). Culpa deste ou daquele? Digamos que há um estoque de irresponsabilidades verdadeiramente históricas, que pedem a intervenção organizada do poder público. Até aí, concordamos todos.
Agora eu os convido, como sempre, ao cotejo do noticiário. Como bem disse ontem o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), essas coisas não se resolvem da noite para o dia. Falou a coisa certa ao anunciar um pacote antienchente e apanhou por isso.
Agora vemos Sérgio Cabral, um ano depois de um desastre monumental, às voltas com outros desastres monumentais. Como se nota, há problemas que demandam mais de um dia, mais de um mês, mais de um ano.
O que é curioso é que o governador do Rio aparece no noticiário fazendo o seu apelo de sempre, e já costumeiro, ao governo federal, agora a Dilma Rousseff. E pronto! Ninguém vai se lembrar de indagar se o governo e as prefeituras das cidades atingidas fizeram a sua parte. Não precisa.
Direi de novo - e repetirei cem vezes se preciso: a única coisa que estou cobrando é isonomia no trato. As chuvas já são um problema grave o bastante para termos de enfrentar também uma tempestade de hipocrisia e ideologia vagabunda. Leiam, analisem, comparem.
Por Reinaldo Azevedo
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

Um comentário:

Anônimo disse...

Atualmente, os JORNALISTAS Reinaldo Azevedo e Ricardo Boechat, deveriam ser homenageados como HERÓIS NACIONAIS.
São os únicos há ter coragem de exercer sua profissão, com isenção e imparcialidade.
Ano passado, um outro JORNALISTA do qual não me recordo o nome no momento, também teve a dignidade de informar em seu programa (ao vivo), que estava sofrendo pressões.
Aos três DIGNOS JORNALISTAS, meus mais sinceros PARABÉNS.