sábado, 27 de novembro de 2010

GUERRA DO RIO - SUBSÍDIOS MUITO IMPORTANTES: TANQUES, COPA DO MUNDO, OLIMPÍADA... OU: POETA DA PAZ VIRA LÍRICO DO TANQUE DE GUERRA.

REVISTA VEJA
BLOG DO REINALDO AZEVEDO
27/11/2010 - às 6:37
Tanques, Copa do Mundo, Olimpíada… Ou: poeta da paz vira lírico do tanque de guerra
Eu compreendo o esforço do governo federal, do governo estadual e, sim, da imprensa para evidenciar ao mundo que se está fazendo, no Rio, a opção pela ordem e que a bandidagem será vencida. O trabalho é hercúleo: além do narcotráfico, há as milícias, que têm tudo para ser outra questão incontornável dentro de alguns anos. Longe de mim achar que é tarefa fácil levar estado a essas áreas. Sei que não é. Mas se pode fazer isso do modo certo e do modo errado. O que me incomoda, e muito!, é que o governo do Rio e a Secretaria de Segurança Pública, ao colher os efeitos de seus erros, estejam sendo tratados como visionários de uma nova ordem. Isso é simplesmente mentira!
Beltrame tem de explicar por que se prendem quase 200 supostos soldados do narcotráfico em menos de uma semana e não se prendeu praticamente ninguém durante a instalação das tais UPPs; ele tem de explicar por que se apreendem duas toneladas de drogas em cinco dias e nem um papelote de pó ou um a trouxinha de maconha durante meses. Qual é?
Sim, teremos Copa do Mundo e Olimpíada pela frente. São eventos gigantescos, que mobilizam interesses bilionários. Como falhou o marketing da “ocupação humanista das favelas” — limpinha e sem efeitos colaterais —, então se opta pelo padrão “lei & ordem”. E o governo federal se apressou em dar uma resposta. Sem as disputas, estaríamos amarrados àquela cascata de sempre, que sustenta a origem social da violência e bobagens afins.
Antes, Cabral fazia poesia sem dar um tiro. Como lembrei num post de ontem, o Ministério do Turismo até deu início a um programa para transformar favela pacificada em atração… Sinceramente? Acho que isso desrespeita mais o pobre do que o próprio narcotráfico. É uma espécie de tráfico da dignidade alheia, sabem? O poeta da paz se tornou o lírico do tanque de guerra.
Por Reinaldo Azevedo
COMENTO:
Perfeito, Reinaldo.
Eu costumo qualificar a gestão da segurança pública como "o samba do crioulo doido".
Só existe uma explicação para que o governo Sérgio Cabral não tenha sido arrasado inteiramente, o fantástico apoio de parte da mídia, que inclusive ajuda a sustentar a grande e evidente mentira que você abordou.

Cabral começa o governo como o "guerreiro", parte para o enfrentamento com o tráfico de drogas, que tem o seu ponto máximo na Primeira Batalha do Alemão, com dezenas de mortes, suspeitas de execuções e derrota, pois depois de quase dois meses de luta, as tropas da Polícia Militar e da Polícia Civil deixaram o Complexo e o tráfico continuou forte.
A tática do confronto armado (tiro, porrada e bomba) continua e dura todos os quatros anos, menos nas comunidades da Zona Sul do Rio.

A mídia chapa branca enaltece a coragem de Cabral em enfrentar o crime.
No final de 2008 (dezembro), Cabral virá o "Cabral Paz e Amor", inaugurando a primeira UPP, no Morro Dona Marta, começa o elitismo expresso, Cabral instala UPPs a partir da Zona Sul, apenas nas comunidades dominadas por uma das facções de traficantes, não prendendo os traficantes, não cercando adequadamente, apenas os transferindo.
As UPPs viram uma festa. Bailinhos de debutantes, torneios esportivos, visitas de turistas, distribuição de lanchinhos e coisas semehantes.
A mídia agora enaltece Cabral como o "pacificador".
UPP aqui, UPP ali, chega a doze.
Apesar das milícias serem a principal facção criminosa que domina a maior parte das comunidades carentes, mais de cem, Cabral só toma uma, a do Batam. Todas as outras UPPs tomam territórios de uma facção criminosa, as outras seguem com o domínio das suas comunidades, inclsuive na Zona Sul, como a famosa Rocinha.
Os traficantes transferidos das UPPs, por falta de espaço nas bocas de fumo, acabam tendo que ir para a pista (as ruas) praticar assaltos.
Traficante é ser humano, come, paga contas, tem mãe, mulher e filhos.
O Rio entra em pânico.
Cabral determina uma série de operações simultâneas, os traficantes reagem e começam a incendiar ônibus, vans, kombis, veículos particulares e a fuzilarem as cabines (blindadas) da Polícia Militar.
O Rio enlouquece de vez.
Cabral declara a Segunda Batalha do Alemão.
Essa ele deve vencer, sabe-se lá a que preço.
Reinaldo, em apertada síntese, essa foi a gestão da segurança pública.
No blog tenho publicado outros subsídios que permitem uma melhor avaliação e interpretação dos fatos.
Por favor, onde se lê "Cabral", leia-se "a dupla Cabral-Beltrame".

JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

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