quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

BLOG DO MAJOR DE POLÍCIA WANDERBY - O POLICIAL: UM INSTRUMENTO DO BEM.

8/12/09
O policial: um instrumento do bem
Muito se fala sobre a atividade policial na atualidade, com enfoque na prevenção e na repressão à criminalidade. Pouco se registra, todavia, sobre a missão de pacificação, com a solução imediata de conflitos, que muitas vezes ocorre no pronto atendimento de ocorrência policial.
Principalmente o policial militar, que no mais das vezes é o primeiro a chegar ao ambiente conflituoso, tem a oportunidade preciosa de evitar um desfecho contrário aos interesses dos próprios envolvidos, ainda que estes não percebam, no momento, o que é o melhor para si mesmos. Por vezes, uma orientação é suficiente; por vezes, uma busca pessoal com identificação é necessária, ainda que coercitiva; por vezes, uma prisão é irremediável; tudo depende das circunstâncias encontradas, ou das informações prontamente reunidas. Cada ocorrência tem suas peculiaridades e surpreende o policial, que chega com dados básicos, nem sempre suficientes, e deve tomar decisões imediatas.
A luta do bem, representado pela pacificação, contra o mal, representado pela violência ou desrespeito às leis, manifestados sob diversas formas, se faz presente com a chegada de uma viatura e sua guarnição, em atendimento ao pedido de alguém. Na hora do desespero ou da simples necessidade, o solicitante lembra-se de discar o número 190, normalmente como um último recurso. Assim ocorre, invariavelmente, o pedido de intervenção policial.
A Polícia não pode ser vista, nos dias de hoje, simplesmente como o “braço armado do Estado”, apesar de nunca ter deixado de o ser em razão de constituir-se como único órgão que possui a legitimidade do uso da força, em defesa da segurança da coletividade. Justo é ser reconhecida, precipuamente, como mecanismo de defesa dos direitos individuais e como garantia de respeito a esses mesmo direitos, no contexto de uma vida que se desenvolve em sociedade, pois é função básica do Estado o provimento da segurança de todos, objetivando o bem comum. Atualmente é Polícia de defesa do cidadão; não como outrora, de simples defesa do próprio Estado.
O eminente administrativista Álvaro Lazzarini buscou na Doutrina Social da Igreja o sentido original da expressão “bem comum”, no seguinte ensinamento: “É em Monsenhor Guerry que encontramos a lição de que Pio XII definiu ‘bem comum’ como a realização durável daquelas condições exteriores necessárias ao conjunto de cidadãos para o desenvolvimento de suas qualidades, das suas funções, da sua vida material, intelectual e religiosa”. E continua, o ilustre autor: “na busca do bem comum, mister se torna existir um sistema de segurança humana, este muito importante no dizer de Cretella Júnior. O homem que vive em sociedade, pensa, anda, movimenta-se, trabalha. Para que suas atividades possam processar-se do modo mais perfeito possível, é necessário que tenha um mínimo de segurança. Seguro, o homem pode trabalhar melhor. Para isso, em todos os países, uma determinada parte do Estado especializou-se e constituiu um corpo diferenciado, à que dá o nome de Polícia”. E conclui, de modo brilhante: “Daí a importância da Polícia, também para a realização e efetivação da doutrina do bem comum, para a dignidade do homem feito à imagem de Deus. A Polícia ajuda na promoção do homem, quando, cuidando de todas as classes de seres humanos, faz com que eles observem as leis da justiça distributiva, de modo que os direitos de uns não firam os de seus semelhantes. Em outras palavras a Polícia, em si, como concebida, é importante elo de ligação entre o Estado e a Doutrina Social da Igreja” (Estudos de Direito Administrativo, 1999, p. 184).
Por isso não é raro pessoas verem, no policial militar que o protege, a verdadeira figura de um anjo que o guarda; verem no policial militar que realiza um parto como último recurso, uma benção; no policial militar que chega, no momento de desespero, a própria vontade de Deus se manifestando por suas iluminadas mãos.
E muitos sequer têm conhecimento de que o policial militar prestou um juramento solene de defender a sociedade, se preciso, com o sacrifício da própria vida. Trata-se de um profissional diferenciado, um guardião da paz. Deve ser reconhecido como aquele que chega para trazer a tranqüilidade, o bem estar, essencial na vida em sociedade, pois, sem segurança, não há desenvolvimento em qualquer área. Por isso, o bom policial exerce sempre o papel de um instrumento do bem.
Esse profissional, por sua vez, deve ter a exata noção de sua responsabilidade e agir orientado pelos princípios que regem a administração pública, que traduzem um inegável senso moral, tendo a legalidade como o seu norte, para o exercício do chamado “poder de polícia”. Ainda, ele deve ser e sentir-se valorizado, desenvolvendo seu trabalho com equilíbrio, determinação e segurança.
De outro lado, talvez por falta de sensibilidade ou reflexão, por vezes algum cidadão não entenda que a restrição de direitos individuais que o policial impõe em uma necessária intervenção é exatamente uma condição para o amplo exercício de todas as outras liberdades. A lição não é nova: Rousseau já apontava o custo de viver em sociedade no clássico “O Contrato Social”. Nessa limitação, legítima pelo desempenho da missão constitucional e exclusiva, o policial é instrumento para o alcance do bem comum, que é o objetivo maior do Estado, propósito que um dia justificou sua própria concepção e existência.
ADILSON LUÍS FRANCO NASSARO
Capitão PMSP
Coordenador Operacional do 32º BPMI (Região de Assis)
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

3 comentários:

Anônimo disse...

É, dá vergonha ser PM.
Nós não precisamos de inimigo externo; somos nosso maior inimigo.
Acordem, todas estas "merrecas" que estão pagando para alguns policiais militares e para outros não, tem apenas uma função: trazer a discordância, a desunião, a briga por migalhas, o contentamento com esmolas.
"Porra", burrice tem limite, temos que deixar de ser cavalos que reclamam da escravidão e vivem amarrados por um pedacinho de nylon. Este é o momento ideal: Operação Padrão Já.
Este é o momento; poderemos unir a miséria dos policiais civis e bombeiros com a nossa. OPERAÇÃO PADRÃO JÁ.
È A MELHOR RESPOSTA QUE PODEMOS DAR a este infeliz que elegeram como governador e as "cabeças" pensantes e corruptas da Corporação.
Vamos dar um basta pessoal. Parem de brigar por esmolas.
Quem se comporta como mendigo e age como pedinte...É MENDIGO. Vamos mostrar que temos honra e valores, todos fizeram concurso público e preencheram minimamente os pré-requisitos para serem policiais. Vocês não estão na PMERJ de favor, então sejam profissionais, tenham orgulho de si mesmo.
Não aceitem serem tratados como "MERDA", POIS ASSIM SE SENTIRÃO, ASSIM AGIRÃO.
Vamos mostrar força, com dignidade e profissionalismo: OPERAÇÃO PADRÃO JÁ.

Anônimo disse...

Bem oportuno o texto a partir dos últimos acontecimentos em
Brasília. Na véspera, estudantes contra o governador foram retirados de prédio público. Detalhe: outro grupo de manifestantes (em maior número) apareceu para apoiar o governador e incentivar a retirada daqueles. No dia seguinte, manifestantes foram para o meio da rua exigir a saída do governador e foram retirados pela polícia
de choque, com tudo de Direito: gás, bomba, cavalaria, cães, bastão etc. Certamente aparecerá gente para tirar o foco dos
corruptos e do caos instalado nos Poderes deste país e ligar os holofotes na Polícia e na repressão aos moldes da Ditadura, no dizer desses, sem lembrar é claro que não estamos mais na Ditadura, para não atacar o Governo Civil atual; aliás um rapaz e uma senhora até ensaiaram a crítica no momento dos acontecimentos, como a TV mostrou, perguntando por que a Polícia agiu com violência numa manifestação legítima. Um amigo meu igualmente demonstrou indignação com a Polícia, perguntando-me: "mas eles (os estudantes) não estão certos? O cara não é corrupto? Por que os policiais não os apoiaram?" Respondi: por dois motivos; primeiro porque está escrito na Constituição que a Polícia é subordinada ao Governador do Estado e desobeder é passível de punição; segundo porque não há unanimidade. Se a maioria do povo brasileiro fosse para as ruas e exigisse a punição do governador e de todos os corruptos dos últimos tempos, a força seria irresistível e aí sim os policiais poderiam assumir aquilo que também já sabem e concordam e deixar de reprimir certas atitudes durante as manifestações, como já ocorreu em outros países, instalando-se um novo governo. Não condenem os policiais, eles apenas fizeram o seu trabalho em um país democrático como o nosso, onde os corruptos dão risadas dizendo aos policiais que foram eleitos pelo povo e a Lei os ampara (e é verdade!). Aprendam a fazer manifestação dentro da Lei, não impedindo o direito de ir e vir dos outros. Nada de fechar ruas, nada de ficar na frente dos carros, deitar na via pública, invadir prédios públicos etc. Quando um policial pedir para sair ou parar de fazer algo, atenda, respeite. Não é o policial que roubou você ou fez as leis que mantem os corruptos no poder. Não é nada pessoal, pelo contrário, ha! como gostariam os policiais de poder prender quem realmente estraga esse país. Fiquem aos milhares protestando nas calçadas e gramados de Brasília, se organizem para eleger gente decente da próxima vez, usem o seu poder de mobilização para relacionar os nomes dos políticos e empresários corruptos e dar publicidade, vão para a frente dos tribunais também exigir a condenação e restituição aos cofres públicos, enfim usem a criatividade para manifestar repúdio permanente aos corruptos, mas sem baderna para que a Polícia possa apoiá-los ao invés de reprimir. Lembrem e reflitam que a Polícia Militar que os reprimiu é organizada, tem hierarquia e pune seus corruptos quando identificados, exatamente ao inverso do que ocorre com outros órgãos, e talvez por isso mesmo a Lei a impeça de investigar e punir os corruptos de fora. Tudo depende de conselhos de ética, licença da casa, longos processos que nunca acabam, prescrições, recursos e tudo o mais que nós já sabemos para acabar em pizza. Se um policial é filmado apanhando uma caixa de cerveja ou cinco reais, imediatamente é preso administrativamente e logo expulso após o breve rito previsto, sem prejuízo da posterior condenação criminal. Figurões são filmados colocando milhares de reais nas cuecas, meias etc. e nada acontece não por culpa da Polícia, mas das leis que os amparam. Principalmente, ratificando, não deixem que o foco se perca, é tudo que parte da Imprensa e corruptos querem: colocar a culpa na Polícia. Chamem o ladrão para defendê-los dos policiais opressores!...

Paulo Ricardo Paúl disse...

Gratp pelos comentários.
O Brasil afunda cada vez mais na lama.
Só a nossa mobilização poderá mudar essa tragédia.
Juntos Somos Fortes!