segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

CONFUSAÃO ENTRE OS DETENTORES DO PODER - MARCOS COIMBRA

Um novo artigo do Professor Marcos Coimbra:

CONFUSÃO ENTRE OS DETENTORES DO PODER
Prof. Marcos Coimbra
Membro efetivo do Conselho Diretor do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (CEBRES), Professor aposentado de Economia na UERJ e Conselheiro da ESG.
"A recente entrevista do ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu, concedida à revista Piauí, continua a repercutir intensamente na opinião pública. Dentre outras revelações, ressaltou que: “Esse pessoal vem dizer que o Delúbio era o homem da mala. Não dizem é que a mala era para eles. (...) A construção da sede do PT gaúcho foi financiada com recursos de caixa dois de campanha eleitoral. (...) Para o Lulinha não importa a verdade. Pegava pesado”. Sobrou até para a presidente do PSOL, ex-senadora Heloisa Helena: “Ela votou contra a cassação do Luiz Estevão. Votou mesmo, e por motivos inpublicáveis”.
Diante da reação dos atingidos, dentre os quais destacam-se altos dirigentes do PT gaúcho, como o atual ministro da Justiça, Sr. Tarso Genro, e a presidência do PSOL, o ex-ministro procurou amenizar suas declarações, pedindo desculpas aos companheiros gaúchos pelos transtornos causados, atribuídos a um mal-entendido, segundo ele. Ora, sabendo-se que existe em curso um processo no STF contra os 40 acusados do “mensalão”, ainda em sua fase inicial, com a tomada de depoimentos dos réus, fica a indagação: Por que o ex-ministro, réu no citado processo, fez estas assertivas neste momento, consciente das conseqüências danosas ao seu partido?
É sabido que o Sr. Inácio da Silva é detentor de um poder político próximo ao absolutismo, cm o aparelhamento partidário do Estado, controle quase total do Legislativo e influência decisiva no Judiciário. O Sr. José Dirceu tinha a posição de um primeiro-ministro, quando era da Casa Civil, mais poderoso do que a atual ministra Dilma Roussef, sendo atualmente um dos mais prósperos consultores privados do país, inclusive com atuação internacional destacada.
Na avaliação do deputado estadual Cláudio Diaz (PSDB-SP) o Sr. Dirceu “pode estar usando a imprensa para enviar recados a correligionário ou mesmo para retaliar sobre possíveis negócios frustrados com o governo em sua atual atividade: o deputado cassado é hoje consultor de empresas provadas”. São hipóteses plausíveis, porém não descartam outras.
A direção do PSOL divulgou nota de repúdio contra o ex-ministro, registrando: “O PSOL não vai responder no mesmo tom desqualificado da citada entrevista. Não vai reativar suspeitas sobre o comportamento do guerrilheiro que nunca fez guerrilha. (...) Prefere admitir que esteja diante de um caluniador conseqüente. (...) Ou então, e na melhor das hipóteses, que está diante de um desvairado, em surto psicótico. (...) É típico dos renegados que abandonaram as posições de progressistas de esquerda, sobre as quais construíram suas vidas políticas, para se transformarem em lobistas do grande capital”.
Seja qual for a leitura interpretativa do fato, é evidente que existe uma causa, não conhecida hoje e talvez nunca revelada e conseqüências diversas e graves. Em paralelo, surge a notícia de que o empresário Marcos Valério não vai cumprir a pena de dois anos e onze meses de reclusão a que foi condenado, por crime contra a ordem tributária, em processo iniciado em 2001, em Minas Gerais. Para livrar-se da acusação, o Sr. Valério pagou integralmente a dívida de R$ 6,82 milhões que uma de suas empresas, a agência de publicidade DNA, tinha com o INSS. Existe uma jurisprudência do STF, segundo a qual, nos crimes contra a ordem tributária, a punibilidade é extinta quando efetuado o pagamento integral da dívida. No processo em curso no STF, o Sr. Valério é réu em cinco crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas. Mas, como escapou agora, é quase certo que escapará de novo, possivelmente graças à prescrição destes crimes, que deverá ocorrer, ao longo do tempo.
Parece que o filósofo Sr. Delúbio Soares estava com a razão quando declarou que, no futuro, tudo isto seria motivo de brincadeira em discussões de botequim. O cidadão comum, perplexo, não entende o que está acontecendo. Passa a descrer na Justiça e nas Leis. É induzido a acreditar que o crime compensa. Pergunta de onde surgem estas fortunas. Por que a Receita Federal não apura a origem desta “dinheirama”, ao invés de perder tempo com pobres contribuintes que se enganaram em um cálculo, caindo na rigorosa “malha fina”?
Enfim, até quando vamos agüentar este descalabro?"
Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br
Sítio: www.brasilsoberano.com.br
Artigo escrito em 07.01.2008 para o Monitor Mercantil.

MARCOS COIMBRA

PAULO RICARDO PAÚL

CORONEL DE POLÍCIA

CORREGEDOR INTERNO

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