segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

JORNAL DO BRASIL - FERIDAS PSICOLÓGICAS DOS MILITARES DE POLÍCIA


Cabeça, o novo inimigo da PM
Marcelo Migliaccio

Como acontece em todas as guerras, as feridas psicológicas são as mais difíceis de fechar. No front da batalha urbana fluminense não é diferente: em 2007, os transtornos da mente tornaram-se a segunda maior causa de concessões de licença na Polícia Militar. Foram 1.161 casos, número só superado pelas lesões traumáticas (2.961), segundo estatística do Departamento Geral de Saúde da corporação.
- O policial não é uma arma ou uma farda ambulante. Trata-se de um ser humano que sofre, tem família e sente-se fragilizado como qualquer outro - constata a tenente Márcia, membro da primeira turma de oficiais psicólogos da PM. - O nível de estresse do dia-a-dia é o problema principal, pois eles estão expostos ao perigo o tempo todo, mesmo na folga.
A depressão é um dos problemas mais freqüentes e está ligada não só ao risco diário, mas também à imagem que a população e a mídia fazem da Polícia Militar.
- O policial, em geral, é muito carente, se arrisca e não tem seu trabalho reconhecido - diz Maria Leila Alves da Silva, psicóloga civil da PM e da Fundação Assegura, que apóia policiais afastados com seqüelas graves e famílias de PMs mortos. - Eles têm a mágoa de abrir o jornal e ver a polícia tão achincalhada. Uma queixa comum é a de que os direitos humanos só existem para o transgressor, há um sentimento de revolta.
Formada em psicologia há oito anos, a tenente Alexandra está na PM desde 2002. Depois de passar por dois batalhões, ela agora trabalha no Centro de Fisiatria e Reabilitação, em Olaria.
- Quando eu entrei na polícia, tinha uma idéia pré-concebida, mas, ao iniciar o trabalho, tudo que eu pensava caiu por terra. São pessoas normais, diferentes entre si, não se pode continuar colocando todos no mesmo saco - ressalta.
Além da depressão, ela lida com traumas decorrentes da tensão permanente vivida nas ruas.
- Alguns policiais feridos em serviço desenvolvem até síndrome do pânico. Só de pensar em voltar à ativa, eles podem ter calafrios e até incontinências fisiológicas.
Depois das sessões de análise com um dos 50 psicólogos da PM, a maioria dos militares volta ao trabalho, que pode se tornar interno, dependendo da gravidade do problema. Qualquer que seja o caso, a participação da família é fundamental para a solução.
- O sucesso da reabilitação depende muito dos parentes - atesta a tenente Alexandra.
Segundo a tenente Márcia, psicóloga há 15 anos e na PM desde 2001, o problema pode ser detectado pelo próprio policial.
- Ele vê que precisa de ajuda por estar muito nervoso, ou não conseguir dormir nem comer direito. - exemplifica. - Mas o comando também pode encaminhar aquele que apresenta alguns sinais de comportamento, como atrasos ou faltas freqüentes, descuido na farda. Até mesmo reclamações da família quanto nervosismo em casa pesam.
Amanhã: a reintegração de policiais e bombeiros afastados do trabalho com seqüelas graves
[ 14/01/2008 ] 02:01



PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORREGEDOR INTERNO

Um comentário:

CHRISTINA ANTUNES FREITAS disse...

Sr.Cel.Paúl:

Bastante oportuno este artigo, pois realmente observo comportamentos preocupantes entre os policiais.
-Alguns são altamente agressivos em casa.
-Outros trancam-se, e praticamente não trocam uma palavra com seus familiares.
-Tem aquele caso típico de Policial que nunca senta em um restaurante ou mesmo em uma lanchonete de costas para a porta.
-Chega cada dia mais tarde em casa, procurando não encontrar ninguém acordado, pois assim não poderá ser cobrado quanto ao mercado que tem que ser feito, a roupa necessária para a menina e o infeliz aparelho para o dente do caçula.
-Como o stress é alto, este homem tem dificuldades de se relacionar com a companheira, e assim o melhor é chegar tarde, QUANDO ELA JÁ DORME!

Não podemos esquecer o grande número de dependentes de alcool, que acaba arrazando a vida deste homem, que não consegue sentir-se acolhido e benvindo em lugar algum.

Alguma coisa deveria ser feita à nível de esportes nos Batalhões, que já seria uma grande forma de descontrair o Policial.

Bom, Terapia de Grupo nos Batalhões seria ótimo,porém esqueçam: isso faz parte do MUNDO ENCANTADO DE CHRISTINA!

Um abraço,
CHRISTINA ANTUNES FREITAS