A vaca
Por: Aurílio Nascimento, em 30/08/2011 às 15:41
Possuindo noções de veterinária, o sujeito era chamado por fazendeiros locais quando algum animal não estava bem. Em uma dessas visitas, encontrou uma vaca leiteira esquelética e, diante do triste quadro, perguntou:
— Essa vaca dá leite?
O proprietário respondeu que não, mas, com jeito, conseguiam tirar um pouco.
Esta história se encontra no livro do coronel PM Paulo Paúl, lançado recentemente, e foi contada ao autor pelo atual secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, quando da visita de um grupo de coronéis. O homem com conhecimento de veterinária seria parente do secretário, e o fato aconteceu no Sul.
Muito provavelmente, o secretário lembrou-se do episódio quando, na solidão do cargo, em um fim de noite, refletiu sobre as inúmeras cobranças que recebia, a pressão sobre resultados. Todos estavam querendo leite, queijos, iogurtes, mas a vaca (Segurança Pública) tropeça de fome. Fome de salário, fome de investimentos, fome de dignidade, fome de tudo.
Explicações simplistas e indicação de culpados não resolve o problema da vaca que, aos poucos, morre. O problema nasceu quando os portugueses aqui desembarcaram. Um governo nada fez, outros, muito menos. Por séculos, o leite da vaca Segurança Pública alimentou apenas os poderosos.
No Planalto Central, ao custo de milhões por dia, sem nunca chegar a uma conclusão, os responsáveis pela vaca discutem PECs, leis, regulamentos e mudanças na Constituição. A vaca espera.
Na falta dos lipídios, proteínas e carboidratos que fazem a composição do leite tão importante para a saúde, a sociedade reclama da vaca. Ao mesmo tempo, continua boa parte alimentando os carrapatos que sugam o pouco sangue que ainda resta.
Quando se assustam com algum trágico acontecimento, correm e espremem a vaca, conseguem tirar algum leite. Refeitos, voltam ao seu marasmo, esquecem o passado, e não vislumbram o amanhã. A vaca fica ao relento, sem cuidados, sem alimentação, esquecida, até que uma nova tragédia ocorra. Quando não mais for possível extrair uma gota de leite, vão lhe arrancar o couro. Pena que o flautista de Hamelin seja apenas um personagem do folclore.
COMENTO:
— Essa vaca dá leite?
O proprietário respondeu que não, mas, com jeito, conseguiam tirar um pouco.
Esta história se encontra no livro do coronel PM Paulo Paúl, lançado recentemente, e foi contada ao autor pelo atual secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, quando da visita de um grupo de coronéis. O homem com conhecimento de veterinária seria parente do secretário, e o fato aconteceu no Sul.
Muito provavelmente, o secretário lembrou-se do episódio quando, na solidão do cargo, em um fim de noite, refletiu sobre as inúmeras cobranças que recebia, a pressão sobre resultados. Todos estavam querendo leite, queijos, iogurtes, mas a vaca (Segurança Pública) tropeça de fome. Fome de salário, fome de investimentos, fome de dignidade, fome de tudo.
Explicações simplistas e indicação de culpados não resolve o problema da vaca que, aos poucos, morre. O problema nasceu quando os portugueses aqui desembarcaram. Um governo nada fez, outros, muito menos. Por séculos, o leite da vaca Segurança Pública alimentou apenas os poderosos.
No Planalto Central, ao custo de milhões por dia, sem nunca chegar a uma conclusão, os responsáveis pela vaca discutem PECs, leis, regulamentos e mudanças na Constituição. A vaca espera.
Na falta dos lipídios, proteínas e carboidratos que fazem a composição do leite tão importante para a saúde, a sociedade reclama da vaca. Ao mesmo tempo, continua boa parte alimentando os carrapatos que sugam o pouco sangue que ainda resta.
Quando se assustam com algum trágico acontecimento, correm e espremem a vaca, conseguem tirar algum leite. Refeitos, voltam ao seu marasmo, esquecem o passado, e não vislumbram o amanhã. A vaca fica ao relento, sem cuidados, sem alimentação, esquecida, até que uma nova tragédia ocorra. Quando não mais for possível extrair uma gota de leite, vão lhe arrancar o couro. Pena que o flautista de Hamelin seja apenas um personagem do folclore.
O amigo Nascimento deu cores mais vivas a uma história que considero como a síntese da gestão da segurança pública no Rio de Janeiro: Uma vaca morrendo, mas com os "proprietários" arrancando ainda leite.
Prezados leitores, comentem no blog Casos de Polícia do Jornal Extra (clique).
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO
Um comentário:
OPERAÇÃO SALÁRIO DIGNO - EU APÓIO!
No Rio, PM e BM são profissões descartáveis, carreiras sem valor remuneratório.
Quem recebe um soldo abaixo do salário mínimo vigente (R$ 545,00) não é um servidor público, um profissional, é um mero voluntário!
Ponderando-se o gasto familiar, o DIEESE estimou o salário mínimo necessário (capaz de atender às necessidades vitais básicas) em R$ 2.297,51 (dois mil, duzentos e noventa e sete reais e cinquenta e um centavos) em Junho de 2011, em conformidade com o artigo 7º, inciso IV, da Constituição Federal de 1988.
Portanto, quem ganha abaixo do supracitado valor recebe um SALÁRIO INDIGNO, ou seja, insuficiente para pagar as despesas básicas de sobrevivência.
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