OS EFEITOS DESTRUTIVOS DAS UPPs PARA A POLÍCIA MILITAR.

Ninguém pode negar que a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no município do Rio de Janeiro teve um efeito muito positivo na imagem da Polícia Militar (PMERJ) para a população, afastando a imagem do Policial Militar (PM) guerreiro, o que entra e sai das comunidades carentes, empregando a tática do “tiro, porrada e bomba” e aproximando o PM da imagem de agente comunitário. A melhoria na imagem é indiscutível, isso é fato. Em contrapartida, as UPPs possuem também as suas contra-indicações, tanto para a população, como tratamos em artigos anteriores, quanto para a própria PMERJ, como demonstraremos apresentando três itens entre vários. Os malefícios para a PMERJ estão todos relacionados com a pressa do governo para implantar o maior número possível de UPPs, abrindo as portas da corporação que está recebendo milhares de novos alunos para o Curso de Formação de Soldados.

- Condenação ao recebimento de salários miseráveis.

A regra é clara, quanto maior o efetivo, menores os salários. A entrada de milhares de novos Soldados para serem aplicados nas UPPs está condenando a tropa à continuidade do recebimento de salários miseráveis indefinidamente, tendo em vista que o impacto na folha será cada vez maior, por menor que seja o percentual de reajuste ofertada. A situação salarial atual já é gravíssima, os PMs do RJ recebem os piores salários pagos para PMs no Brasil, o que tem feito que o governo distribua gratificações para alguns, minimizando os problemas financeiros dos agraciados, todavia essa tática penaliza gravemente a maioria dos ativos, os inativos e as pensionistas que nada recebem como gratificação.

- Desqualificação da tropa.

A entrada apressada de milhares novos Soldados está gerando o caos no Centro de Formação de Praças, o qual não estava preparando para tamanha demanda. A superpopulação está prejudicando os alunos em todos os aspectos e, sobretudo, na formação profissional. Não custa lembrar que não existe recall de Soldados da PMERJ, os defeitos da formação geram problemas imediatos nas ruas, no curso do policiamento, efeitos que serão sentidos pela população por trinta anos.

- Assistência de Saúde.

O sistema de saúde da PMERFJ está em colapso há muito tempo, em razão do número de usuários e da falta de investimentos do governo. PMs e dependentes sofrem para a marcação de consultas e para as cirurgias eletivas. O quadro se agravará com a implantação das UPPs. Cada novo Soldado que incorpora na PMERJ trás consigo três novos usuários para o sistema de saúde da corporação, média determinada pela Diretoria Geral de Saúde, anos atrás. Basta fazer a conta para verificar a dimensão do problema. Se a PMERJ incorporar 4.000 novos Soldados em 2011 para inaugurar as UPPs, o sistema de saúde recebe 16.000 novos usuários (PM + 3), isso em apenas um ano. O caos só aumentará.

Os efeitos destrutivos das UPPs para a Polícia Militar são inúmeros, mas tenho certeza que os três citados são suficientes para comprovar como a interferência política na gestão institucional está destruindo a corporação.

Juntos Somos Fortes!