O Rio de Janeiro continua de luto.
Ontem, enquanto dois heróis sociais, Policiais Militares do 6º BPM, mortos covardemente por criminosos eram transformados em bandeiras nacionais, sepultados no Jardim da Saudade, outro herói social perdia o seu bem mais precioso – a vida.
Um Policial Civil que estava no helicóptero da instituição – Águia 1 - foi mortalmente ferido por criminosos, no curso de uma operação policial e será sepultado nessa tarde.
Os três foram assassinados durante a execução de suas missões, morreram quando defendiam a Sociedade Fluminense.
São heróis, ninguém pode esquecer essa verdade.
Precisamos multiplicar essa verdade.
Essa verdade precisa ser a verdade de todos nós.
Essa é a regra, Policiais são heróis sociais!
Infelizmente, nem todos os integrantes da Polícia Militar e da Polícia Civil conseguem assumir verdadeiramente essa condição de herói social, nem todos conseguem internalizar essa regra e praticam desvios de conduta, porém esses são exceções, não são a regra.
Essa é a verdade, Policiais são heróis sociais e devem ser reconhecidos e tratados como heróis.
Heróis precisam receber salários dignos, para que sejam cidadãos brasileiros na plenitude da expressão.
Heróis não deveriam ser obrigados a trabalhar em “bicos”.
Heróis precisam ter condições adequadas de trabalho.
Heróis não deveriam ser obrigados a improvisar ou a investir seus poucos recursos ou ainda, buscar recursos na comunidade para melhorar as suas condições de trabalho.
Porém, os “bicos” e o “improviso” são uma verdade.
Os heróis sociais não são tratados como heróis sociais e isso é uma verdade!
E por que essa verdade não muda, ano após ano?
Quem são os culpados pela perpetuação dessa verdade, por mais cruel e paradoxal que ela seja?
Ontem, enquanto dois heróis sociais, Policiais Militares do 6º BPM, mortos covardemente por criminosos eram transformados em bandeiras nacionais, sepultados no Jardim da Saudade, outro herói social perdia o seu bem mais precioso – a vida.
Um Policial Civil que estava no helicóptero da instituição – Águia 1 - foi mortalmente ferido por criminosos, no curso de uma operação policial e será sepultado nessa tarde.
Os três foram assassinados durante a execução de suas missões, morreram quando defendiam a Sociedade Fluminense.
São heróis, ninguém pode esquecer essa verdade.
Precisamos multiplicar essa verdade.
Essa verdade precisa ser a verdade de todos nós.
Essa é a regra, Policiais são heróis sociais!
Infelizmente, nem todos os integrantes da Polícia Militar e da Polícia Civil conseguem assumir verdadeiramente essa condição de herói social, nem todos conseguem internalizar essa regra e praticam desvios de conduta, porém esses são exceções, não são a regra.
Essa é a verdade, Policiais são heróis sociais e devem ser reconhecidos e tratados como heróis.
Heróis precisam receber salários dignos, para que sejam cidadãos brasileiros na plenitude da expressão.
Heróis não deveriam ser obrigados a trabalhar em “bicos”.
Heróis precisam ter condições adequadas de trabalho.
Heróis não deveriam ser obrigados a improvisar ou a investir seus poucos recursos ou ainda, buscar recursos na comunidade para melhorar as suas condições de trabalho.
Porém, os “bicos” e o “improviso” são uma verdade.
Os heróis sociais não são tratados como heróis sociais e isso é uma verdade!
E por que essa verdade não muda, ano após ano?
Quem são os culpados pela perpetuação dessa verdade, por mais cruel e paradoxal que ela seja?
O objetivo desse artigo não é apontar culpados e sim falar da culpa de todos nós.
Falar da culpa de cada cidadão fluminense que ano após ano, permite que os heróis sociais não sejam tratados como heróis sociais.
Sim, a culpa é de todos nós, isso é uma verdade!
Quem não sabe que os heróis sociais ganham muito mal?
Quem não sabe a situação das nossas viaturas, que circulam pelas ruas?
Apenas para citar dois fatos.
E o que cada um de nós tem feito a respeito disso ao longo dos anos?
Essa é a pergunta que devemos fazer, diariamente, como clientes da segurança pública.
Cada um de nós precisa assumir a responsabilidade de ser um cidadão brasileiro, com seus direitos, porém também com os seus deveres para com a cidadania.
A nossa omissão acaba se transformando no pretensiosamente denomino de “acordos sociais tácitos”.
Devo dizer que gostaria de denominar como “contratos sociais tácitos”, porém acredito que sugeriria a pretensão de um transformar esse artigo em uma discussão filosófica, o que não é a minha intenção.
Eu conceituo como “acordo social tácito” todo aquele sistema que funciona, mal ou bem, e que a sociedade o aceita, sem tentar mudar o equilíbrio existente no sistema, seja ele bom ou mal.
A sociedade aceita a homeostase (equilíbrio) e segue vivendo.
O fato de o herói social – Policial Militar e Policial Civil - ganhar mal e não possuir as adequadas condições de trabalho interfere no Sistema de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro?
Não tenho dúvidas que a maioria responderia que sim.
Nós, cidadãos fluminenses, estamos satisfeitos com o Sistema de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, nos últimos anos?
Mais uma vez, a maioria daria a mesma resposta, nesse caso, não.
E o que fazemos para mudar esse sistema?
Nada.
Alguns talvez respondessem que tem votado sistematicamente na oposição, a cada eleição, quando os governantes não conseguem mudar esses sistemas.
E só, nada mais.
Agora temos um culpado, o governante, um alvo facilmente atingido, sobretudo em um país em que a população ainda acredita que o “Estado é o Pai de Todos” e a tudo e a todos deve servir!
E assim a vida segue.
Professores mal pagos.
Sistema de Educação Pública precário.
Médicos mal pagos.
Sistema de Saúde Pública precário.
E a culpa não é nossa, ótimo!
Um dos principais assuntos da mídia tem sido a polêmica criada a respeito da estratégia de enfrentamento ao crime organizado que está sendo desenvolvida pelo atual Governo Estadual.
Vozes favoráveis se erguem.
Críticas ferozes se alastram.
Artigos e manifestos se multiplicam.
E o que nós queremos na verdade?
Qual é a estratégia de enfrentamento ao crime organizado que nós queremos?
Nós, os clientes dessa estratégia, os patrocinadores do Estado Brasileiro.
Qual é a estratégia que a Sociedade Fluminense quer?
Essa resposta ninguém tem e a falta dessa resposta é mais um fruto da nossa omissão.
Queremos a PAZ!
Desfilamos em passeatas pedindo a PAZ, abraçamos a Lagoa Rodrigo de Freitas, fincamos cruzes nas praias, carpimos as vítimas das balas perdidas, promovemos cerimônias religiosas e estamos de luto pela morte de três heróis sociais, todavia, continuamos sem respostas.
Como queremos alcançar essa tão desejada e merecida PAZ?
Quais os sacrifícios que estamos dispostos a assumir e a enfrentar?
Quando decidiremos qual a estratégia que o Governo Estadual deve adotar?
Ou continuaremos a dar uma “carta branca” ao Governo Estadual para implementar estratégia que julgar adequada, como temos feito?
O que é mais fácil, considerando que voltamos à condição de espectador e não de ator.
E espectador tanto pode aplaudir, quanto vaiar.
A condição de espectador é cômoda, chega a ser fascinante, pela possibilidade da crítica e da formulação de propostas para serem implementadas pelos outros.
Infelizmente, cidadão fluminense, enquanto você não entender que você não é espectador, sendo na verdade ator e patrocinador de todos esses “acordos sociais tácitos”, eles continuarão vigorando.
E cada vez se multiplicando mais.
O uso das drogas, com as suas campanhas de liberação das drogas leves.
O usuário – o cliente – legalmente cada vez mais um doente e menos um alimentador do crime.
Discutimos a liberação ou não, mas não avaliamos como operacionalizaríamos essa liberação, se ela um dia ocorrer.
Você já pensou sobre isso, antes de falar sobre a liberação ou não das drogas?
O certo é que só alcançaremos a cidadania de todos, quando todos os cidadãos brasileiros participarem diretamente desse processo.
Enquanto optarmos pela posição de espectador, nada mudará.
E pior, continuaremos a ser os patrocinadores desses “acordos sociais tácitos” que não estão funcionando.
Continuaremos achando que prisão preventiva é pena, é condenação, apenas para citar mais um exemplo.
Se você quiser conhecer um pouco mais sobre esses “acordos sociais tácitos”, pesquise na grande rede sobre as últimas estratégias para o controle do crime organizado, sobretudo o tráfico de drogas, no Estado do Rio de Janeiro, nos últimos governos.
Você constatará que as estratégias se alternam e o problema persiste.
A grande invasão social do estado nas comunidades carentes, a grande solução apregoada, ainda não aconteceu, mesmo defendida como solução por tantos.
E os dias passam.
Os heróis sociais operadores desse controle continuam morrendo, ganhando mal e com inadequadas condições de trabalho.
E a culpa é de quem?
Em minha opinião, nossa!
A foto que ilustra esse artigo simboliza como poucas a grande polêmica criada em torno do controle da criminalidade violenta.
Falar da culpa de cada cidadão fluminense que ano após ano, permite que os heróis sociais não sejam tratados como heróis sociais.
Sim, a culpa é de todos nós, isso é uma verdade!
Quem não sabe que os heróis sociais ganham muito mal?
Quem não sabe a situação das nossas viaturas, que circulam pelas ruas?
Apenas para citar dois fatos.
E o que cada um de nós tem feito a respeito disso ao longo dos anos?
Essa é a pergunta que devemos fazer, diariamente, como clientes da segurança pública.
Cada um de nós precisa assumir a responsabilidade de ser um cidadão brasileiro, com seus direitos, porém também com os seus deveres para com a cidadania.
A nossa omissão acaba se transformando no pretensiosamente denomino de “acordos sociais tácitos”.
Devo dizer que gostaria de denominar como “contratos sociais tácitos”, porém acredito que sugeriria a pretensão de um transformar esse artigo em uma discussão filosófica, o que não é a minha intenção.
Eu conceituo como “acordo social tácito” todo aquele sistema que funciona, mal ou bem, e que a sociedade o aceita, sem tentar mudar o equilíbrio existente no sistema, seja ele bom ou mal.
A sociedade aceita a homeostase (equilíbrio) e segue vivendo.
O fato de o herói social – Policial Militar e Policial Civil - ganhar mal e não possuir as adequadas condições de trabalho interfere no Sistema de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro?
Não tenho dúvidas que a maioria responderia que sim.
Nós, cidadãos fluminenses, estamos satisfeitos com o Sistema de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, nos últimos anos?
Mais uma vez, a maioria daria a mesma resposta, nesse caso, não.
E o que fazemos para mudar esse sistema?
Nada.
Alguns talvez respondessem que tem votado sistematicamente na oposição, a cada eleição, quando os governantes não conseguem mudar esses sistemas.
E só, nada mais.
Agora temos um culpado, o governante, um alvo facilmente atingido, sobretudo em um país em que a população ainda acredita que o “Estado é o Pai de Todos” e a tudo e a todos deve servir!
E assim a vida segue.
Professores mal pagos.
Sistema de Educação Pública precário.
Médicos mal pagos.
Sistema de Saúde Pública precário.
E a culpa não é nossa, ótimo!
Um dos principais assuntos da mídia tem sido a polêmica criada a respeito da estratégia de enfrentamento ao crime organizado que está sendo desenvolvida pelo atual Governo Estadual.
Vozes favoráveis se erguem.
Críticas ferozes se alastram.
Artigos e manifestos se multiplicam.
E o que nós queremos na verdade?
Qual é a estratégia de enfrentamento ao crime organizado que nós queremos?
Nós, os clientes dessa estratégia, os patrocinadores do Estado Brasileiro.
Qual é a estratégia que a Sociedade Fluminense quer?
Essa resposta ninguém tem e a falta dessa resposta é mais um fruto da nossa omissão.
Queremos a PAZ!
Desfilamos em passeatas pedindo a PAZ, abraçamos a Lagoa Rodrigo de Freitas, fincamos cruzes nas praias, carpimos as vítimas das balas perdidas, promovemos cerimônias religiosas e estamos de luto pela morte de três heróis sociais, todavia, continuamos sem respostas.
Como queremos alcançar essa tão desejada e merecida PAZ?
Quais os sacrifícios que estamos dispostos a assumir e a enfrentar?
Quando decidiremos qual a estratégia que o Governo Estadual deve adotar?
Ou continuaremos a dar uma “carta branca” ao Governo Estadual para implementar estratégia que julgar adequada, como temos feito?
O que é mais fácil, considerando que voltamos à condição de espectador e não de ator.
E espectador tanto pode aplaudir, quanto vaiar.
A condição de espectador é cômoda, chega a ser fascinante, pela possibilidade da crítica e da formulação de propostas para serem implementadas pelos outros.
Infelizmente, cidadão fluminense, enquanto você não entender que você não é espectador, sendo na verdade ator e patrocinador de todos esses “acordos sociais tácitos”, eles continuarão vigorando.
E cada vez se multiplicando mais.
O uso das drogas, com as suas campanhas de liberação das drogas leves.
O usuário – o cliente – legalmente cada vez mais um doente e menos um alimentador do crime.
Discutimos a liberação ou não, mas não avaliamos como operacionalizaríamos essa liberação, se ela um dia ocorrer.
Você já pensou sobre isso, antes de falar sobre a liberação ou não das drogas?
O certo é que só alcançaremos a cidadania de todos, quando todos os cidadãos brasileiros participarem diretamente desse processo.
Enquanto optarmos pela posição de espectador, nada mudará.
E pior, continuaremos a ser os patrocinadores desses “acordos sociais tácitos” que não estão funcionando.
Continuaremos achando que prisão preventiva é pena, é condenação, apenas para citar mais um exemplo.
Se você quiser conhecer um pouco mais sobre esses “acordos sociais tácitos”, pesquise na grande rede sobre as últimas estratégias para o controle do crime organizado, sobretudo o tráfico de drogas, no Estado do Rio de Janeiro, nos últimos governos.
Você constatará que as estratégias se alternam e o problema persiste.
A grande invasão social do estado nas comunidades carentes, a grande solução apregoada, ainda não aconteceu, mesmo defendida como solução por tantos.
E os dias passam.
Os heróis sociais operadores desse controle continuam morrendo, ganhando mal e com inadequadas condições de trabalho.
E a culpa é de quem?
Em minha opinião, nossa!
A foto que ilustra esse artigo simboliza como poucas a grande polêmica criada em torno do controle da criminalidade violenta.
A foto de Nívea Souza/Terra foi extraída do site: http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI2062185-EI5030,00.html
O representante da ONU, o fiscal dos direitos humanos, recebendo uma miniatura do veículo blindado para transporte de tropa, tão criticado como símbolo do extermínio dos excluídos.
E os “acordos sociais tácitos” seguem sendo firmados pela nossa omissão.
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL
CORREGEDOR INTERNO
CORONEL
CORREGEDOR INTERNO
7 comentários:
Coronel,o senhor esta de parabéns mais uma vez pelo seu pronunciamento.Entretanto a maior culpa desta situação no nosso Estado é do Estado que não valoriza os seus POLICIAIS e da própia SOCIEDADE COMPOSTA POR ARTISTAS,FALSOS INTELECTUAIS,ONGS,OAB E OUTRAS ASSOCIAÇÕES que não cabe nen serem mencionadas.Eu como pai de Oficial da PEMERJ,hoje vivo a base da calmantes pois a covardia não tem hora para acontecer, mas lamento a situação que estamos hoje vivendo e mais, a presença deste senhor como fiscal da ONU,não entendi,pois teria mais valor esse senhor estar fiscalizando Angola, Congo,Moçambique,Nigéria, Africa do Sul ,Cuba e outros países da África onde realmente acontece o exterminio, o que ocorre hoje na sociedade do RJ nada mais que enfrentamento dos POLICIAIS com os fora da LEI que são os bandidos, que nada mais respeitam.Agora quererm acabar com os carros BLINDADOS é uma brincadeira de PÉSSIMO gosto,hoje nossos POLICIAIS já não possuem o básico imaginar que os BLINDADOS vão acabar ,aí sim será o EXTERMÍNIO dos POLICIAS.Neste caso então os carros oficiais dos governadores, empresarios ,politicos e até do presidente devm também acabar,desta forma seremos todos iguais.
Tenho a certeza que esses vermes de bandidos que exterminaram nossos POLICIAS devem ser presos ou eliminados em breve pois tenho a certeza que os POLICIAS já saibam onde encontrar esses covardes, mas espero que se esses vermes não acatarem a ordem da LEI e forem eliminados que não me venham com OAB,ONGS,ONU e nenhum canalha mais para falar besteira.Fiquei emocionado com o filho do POLICIAL esterminado sendo abraçado pelo Comandante Geral.vamos acreditar que DEUS existe e assim acabarmos com esses vermes bandidos.
João Meier
Sr Cel
Enquanto a PM fornecia à autoridade da ONU um mimo (coisa, aliás e desgraçadamente, muito peculiar à Corporação), o MP/RJ, na pessoa do Procurador Geral, buscava nele mais um "advogado" para sua principal demanda.
O Sr sabe dizer o que a PM apresentou à Organização das Nações Unidas como sua principal necessidade?
SENHORES IMAGINEM SE ESTA CARTA FOSSE DE UM PM QUE TIVESSE DEIXADO A CORPORAÇÃO:
Prezado Comandante,
Esta carta foi escrita como uma última tentativa de mudar o que não consegui em quase uma década. Meu desânimo, que culminou na desistência da minha carreira, foi cultivado sistematicamente dia após dia, através da observação e vivência de atitudes que desprestigiavam meu bom-senso, capacidade crítica e intelecto, sobre os quais passarei a discorrer mais adiante.
Após ter sido aprovado, em 1998, num dos concursos mais concorridos daquela época, ingressei na Escola Naval, tendo preterido uma carreira de engenheiro eletrônico na UFRJ. Julgava que a carreira naval se mostrava mais promissora, com estabilidade, interstícios bem definidos e ainda um certo prestígio junto à sociedade. Esse foi o espírito com o qual fui admitido na Marinha do Brasil. Após cinco anos de formação, e apenas um de oficial, já havia tomado a decisão: não havia como permanecer nesta carreira, a não ser, literalmente, "com o sacrifício da própria vida". Um sacrifício contínuo, que eu via se abater sobre todos os meus colegas de Praça d´Armas, fossem eles Segundos-Tenentes, Capitães-Tenentes ou até Capitães-de-Mar-e-Guerra. Não estou falando de um sacrifício honrado, merecido, daqueles que se vêem nos filmes e são inerentes aos heróis. Não, o sacrifício de que falo, nessa carreira que insistem em chamar de "sacerdócio", era um sacrifício inócuo, quixotesco, cujos maiores feitos eram a contagem correta e ilibada – quase obsessiva - de vidros de mostarda no balanço de paiol e a maquiagem bem feita, a qual custou toda uma noite em claro, para o recebimento de uma autoridade que só se importava com a idade do whisky que iria ser servido.
Todos esses fatores me levaram a buscar uma carreira extra-Marinha, o que consegui, com a ajuda de meu Senhor Jesus, quando fui aprovado para o cargo de Analista Administrativo do TRE-RJ, o qual estou exercendo no momento. Mas o que me impressiona mesmo é que, a despeito da minha anterior posição, no início de uma brilhante carreira que se desfraldava para mim, nenhuma autoridade se interessou em descobrir por que eu havia decidido abandonar a Marinha. Eu não era um desempregado em busca de um trabalho tampouco um estudante recém-formado em direito, mas um Oficial de Carreira das Forças Armadas que resolveu, como já foi me dito, "trocar os botões dourados por uma salinha suja numa repartição". No mínimo, é inquietante que a Diretoria de Pessoal esteja realizando pesquisas de satisfação cujo resultado seja que esse êxodo deve-se à "falta de cursos no exterior" e ao "sucateamento dos meios". Esses não são, nem de longe, os reais motivos. E, pelo menos, quanto à oficialidade da Marinha, também não o é a remuneração. A prova disso é que pelo menos metade dos oficiais que estudam para concursos também busca carreiras de nível médio, cuja remuneração é menor, mas possuem maior qualidade de vida em relação ao regime semi-aberto que se tornou a carreira naval. Se nós formos buscar os reais motivos dessa insatisfação coletiva, porém velada, veremos que são causadas por problemas estruturais, e não conjunturais. Sua causa não está nos baixos salários, embora eles estejam realmente abaixo da média do funcionalismo público federal. Nem no reduzido orçamento, que de fato está sendo cortado ano após ano. E muito menos na redução da quantidade de meios operativos. O valor desta carta reside neste ponto: todos os problemas que serão abordados podem ser resolvidos dentro de casa, através de iniciativas internas, independentes de orçamento, e – o pior – em pouquíssimo tempo, por meio de decisões administrativas simples, que não são tomadas por má-vontade, orgulho, miopia administrativa ou apego demasiado a uma tradição caduca, que emperra e desagrega esta Força, ao invés de uni-la em laços comuns, na medida em que origina ações e ordens contraproducentes que contribuem sobremaneira para o mau andamento do serviço.
Compreendemos que as Forças Armadas, conceitualmente, exercem um papel primordial na manutenção da paz, na dissuasão de hostilidades estrangeiras e na consecução dos nossos objetivos estratégicos como nação – assim como consta nas tão festejadas apostilas da Escola de Guerra Naval. Ainda mais, acreditamos e gostaríamos que essas metas fossem alcançadas, com seriedade e profissionalismo. O problema é que também compreendemos quão diametralmente opostas desses objetivos estão as decisões e atitudes tomadas por nossas autoridades, que destinam porções generosas dos recursos para a pintura incessante de equipamentos que já não funcionam por falta de recursos. Que se apropriam das já parcas etapas de alimentação e as transformam compulsoriamente em "sobras lícitas", de modo que possam comprar parafusos, tinta, cera e bancar coquetéis para almirantes que festejam a decadência da própria Força. Que investem milhões de reais do contribuinte na compra e manutenção de meios já defasados, que onerarão ainda mais o orçamento, já que os próprios países de origem não toleram seu custo-benefício, isto se considerando que são países ricos. E, o pior, cada atitude dessa vem travestida de honradez e pundonor. A pintura de piso, de sucata, de ferrugem (somente para o dia de uma visita), se reveste do caráter de limpeza e organização, de modo que não fira os olhos de uma autoridade que reluta em não ver a realidade. O saque da nossa mesa vira espírito de sacrifício, o que vem acompanhado de manipulação das notas fiscais para que a comprovação de gastos com solda seja transformada em aparelhos de TV para a tripulação. E a aquisição de "novos" meios deteriorados é motivo de orgulho das autoridades, que se gabam de fortalecer a instituição em tempos de dificuldades, ainda que tenham comprado o refugo de outros países. Esses meios NÃO irão contribuir para a soberania da nação – não andam, nem funcionam, e ainda exporão a vida da tripulação a um risco desnecessário, pois nossos navios não possuem mais portas estanques, nem sistemas de combate a incêndio eficientes, e suas instalações funcionam na base do "gatilho", sendo isto um dos grandes geradores da sobrecarga de trabalho à qual nossas praças e oficiais de baixa patente estão submetidos.
A chave para se compreender o choque de gerações que ocorre em nossos tempos é a divulgação da informação. O movimento conhecido como Tenentismo , um conhecido de longa data, se manifesta atualmente enriquecido e ligeiramente modificado, uma vez que não se utiliza mais do embate das armas, e nem possui o fervor patriótico de outrora. Com a Internet, ficou muito difícil para o sistema de formação de oficiais privar os alunos e aspirantes da realidade reinante, como acontecia antigamente na chamada "bolha". Hoje, é praticamente impossível realizar uma lavagem cerebral completa, que torne o militar subserviente o necessário, pois a visão de mundo que um jovem tem não o permite – e essa é a causa de tantos oficiais superiores reclamarem que "não se fazem mais tenentes como antes". Eu e meus colegas enxergamos a Marinha como mais um órgão estatal, que tem suas funções específicas definidas em lei, e atualmente não está executando-as de forma adequada; não vamos tomá-la pelas armas, nem nos insurgirmos em revoltas. Não, nós não amamos a Marinha acima de nossas próprias vidas, pois isso sequer faz sentido. E entendemos que o mercado de trabalho também mudou, inclusive na iniciativa privada, onde ninguém mais tem um emprego para a vida toda; aplicamos isso em nossas vidas particulares e decidimos que podemos trabalhar onde melhor nos convier, seja por pagar melhor ou ter uma rotina de trabalho mais agradável, e isso sem o peso na consciência de largar o "sacerdócio". É muita inocência achar que iremos abdicar, conhecendo nossa capacidade, competência, potencial e qualificação, de carreiras públicas que nos oferecem dignidade pessoal, respeito profissional, horário de trabalho justo e, de quebra, remuneração inicial de Contra-Almirante.
Para estudar para meu concurso, tive de fazê-lo em oculto, sob pena de ser execrado do convívio da Força ou perseguido. E fui punido por não ter comunicado minha inscrição, assim como preconiza a retrógrada legislação vigente. Porém, fica o aviso de que o número de oficiais descontentes que agora estudam escondidos é muito maior do que os mais de 30 tenentes que cancelaram seu Curso de Aperfeiçoamento nos últimos dois anos e do que a turma somente de Aspirantes que fechou uma sala exclusiva na Academia do Concurso Público.
Há de ser ressaltado que a geração de oficiais superiores e almirantes atualmente no comando foi formada durante o regime militar ou no pós-regime, uma época bem mais intensa nos valores e também nas arbitrariedades. O mundo mudou, as relações sociais, econômicas e empregatícias também, mas a Marinha insistiu em cristalizar-se novamente em suas tradições, e quanto mais o tempo passa mais esta instituição se afunda num anacronismo intenso. O mundo realmente pode ter mudado muito rápido para que algumas autoridades pudessem ter absorvido, mas é para tentar mudar um pouco essa mentalidade que passo a discorrer sobre algumas das principais causas de insatisfação na Marinha do Brasil:
SERVIÇO
· As Forças Armadas possuem uma singularidade em relação a outros órgãos e empresas, sejam públicas ou privadas: submetem seus militares a mais de 24 horas de trabalho contínuas. Isso seria simplesmente imprescindível caso estivéssemos em tempo de guerra. Mas considerando-se que nossos maiores inimigos são a sujeira do piso e o amarelo por fazer, não há respaldo para essa prática. Após o serviço, o militar não deve cumprir o expediente normal, visto que foi privado da sua noite de sono, tempo de lazer e convívio com a família. Médicos e policiais cumprem seus plantões (e muitas vezes conseguem descansar neles), são rendidos pela manhã e vão para casa. A carga horária semanal não deveria, constitucionalmente, exceder as 44 horas semanais – embora batamos com orgulho no peito nos vangloriando de que não possuímos direito algum – mas, com apenas um serviço na semana essa carga sobe para 56 horas. Numa escala muito comum, 3 por 1, o militar pode chegar a cumprir 80 horas semanais, sem nenhum tipo de compensação. É comum que cabos e marinheiros concorram a escalas de 1 por 1, sendo liberados, como um favor, ao meio-dia do dia de sua rendição. Eles cumprem 108 horas semanais, 145% a mais do que permite nossa Constituição, que defendemos com o sacrifício da própria vida.
· Durante o serviço nos fins-de-semana, é comum a prática de detalhar "faxinas" a serem realizadas no tempo vago – seja lá o que isso for. Durante o dia, o militar deve se desdobrar em 2 quartos de quatro horas, sendo um de madrugada, além de cumprir os adestramentos previstos. Nessas oito horas, ele permanece em geral em pé, no calor do sol e no frio da madrugada, e, para que não consiga se refazer entre um quarto e outro, é colocado para tratar conveses, limpar corredores ou soldar chapas no seu tempo vago. Será que perder o seu descanso semanal remunerado não é o suficiente, o militar tem que sentir dor o tempo todo? Nesta Força existe um conceito muito errado de que nossos militares são máquinas que devem produzir em tempo integral e de que qualquer tempo ocioso, incluído o de descanso, é desperdício.
· Os oficiais são obrigados, em geral, a permanecer em pé no portaló durante seu serviço – desde 06:00h, para fiscalizar(?!) o quarto d´alva –, visando basicamente a realização de cerimonial para visitas de autoridades não-anunciadas e a manutenção do alerta vermelho máximo para a passagem de lanchas de almirantes. Considero isso um desrespeito à minha formação e capacidade intelectual, uma vez que sou relegado a um mero soldado de chumbo, enfeitando um portaló, enquanto sou subaproveitado nas minhas tarefas administrativas. Cabe às autoridades definirem: o que é mais importante, um cerimonial que pode vir a acontecer ou a realização das tarefas administrativas vitais do navio? Sempre achei que tivesse estudado demais para ter simplesmente a função de ficar em pé por mais de 10 horas seguidas. O oficial de serviço pode sim, muito bem, ficar volante no navio, e atender situações que realmente façam jus à sua presença. Quanto ao procedimento das visitas não-anunciadas, já está na hora das autoridades se conscientizarem de que a máquina estatal não pode ficar completamente mobilizada simplesmente aguardando seu repentino aparecimento, de modo a louvá-las e engrandecê-las.
· É comum que se avalie a escala de serviço como "muito cochada", se arbitre uma satisfatória e depois se inventem postos desnecessários para se justificar esse aumento, de modo que não fiquem militares à toa, "sobrando", como se a folga da escala representasse mão-de-obra ociosa. Lembro também de quando estava na Escola Naval, onde o segundo-anista não poderia pegar menos serviço do que o terceiro-anista, e então criaram um "plantão do bar" para piorar a vida do segundo ano, e, comparativamente, melhorar a do terceiro (redistribuindo, assim, as cotas de infelicidade). Essa prática é muito comum também na Esquadra, matriz do "Caldeirão Naval", onde a escala do oficial não pode ser maior do que 5 por 1 e já houve caso de mais de três oficiais estarem de serviço em um mesmo dia desnecessariamente. Sei que um oficial pode se qualificar para concorrer à escala em mais de um navio, assim como eu mesmo já fui qualificado, e sem muito esforço; durante o expediente, cada navio poderia ter seu próprio oficial de serviço para resolver problemas administrativos, e, após, somente um dos oficiais se responsabilizaria pelos navios durante o pernoite. Ou então, os oficiais de serviço poderiam simplesmente ficar de sobreaviso, com um celular. Como a manutenção do Grupo de CAv geralmente é citada como impeditivo para a diminuição da tabela como um todo, lanço a V.Sas. um desafio: arquitetar um plano de combate a incêndio efetivo que se utilize somente dos militares de serviço. Isso se mostra na prática inviável, pois combater um incêndio com doze ou oito militares dá no mesmo – teremos que disparar o Halon ou chamar a brigada de bombeiros e GSE. Ressalto que a quase totalidade dos incidentes decorre da presença de pessoal a bordo, ou seja, quanto mais gente houver na tabela de serviço, maior será a quantidade de pessoas necessária para cuidar da tabela de serviço. Só haverá incêndio na cozinha se ela for utilizada, incêndio na coberta se esta estiver habitada, rompimento de rede se estiver pressurizada. A manutenção de uma tabela de serviço que pernoite a bordo é a causa mater dos sinistros, e sua diminuição ou extinção alteraria sobremaneira o paradigma do CAv. E, afinal de contas, se CAv fosse tão importante, as tomadas de incêndio não deveriam estar entupidas com Kaol.
COMISSÕES
· Sem esquecermos que, dentre as profissões do mar, só os pescadores são mais mal-remunerados do que nós, podemos fazer algumas considerações.. Se é fato que nossa compensação pecuniária é irrisória, então que haja compensação como há na Petrobrás: seja adotada a escala de 15 por 15, pelo menos (ou seja, um dia de licença para cada dia de comissão), sem se falar na escala de 14 por 21 adotada por aquela empresa, que é considerada de vanguarda até no âmbito internacional, e, logicamente, deve possuir uma capacidade administrativa de referência. Realmente somos homens de madeira em navios de ferro, e merecemos descanso depois desta atividade tão ingrata, que é se fazer ao mar, já que nem fazemos jus à compensação orgânica. Seria implausível abrir mão dos militares por tanto tempo? Creio que não, considerando que em cada dia de mar estamos 24h a serviço, período de tempo três vezes superior ao nosso expediente normal. Se a Marinha inventou tantos obstáculos administrativos de modo que uma tripulação operativa não possa se ausentar para ter descanso, que se transfiram essas responsabilidades para uma unidade administrativa, bastando uma alteração em DGPMs, SGMs, ou qualquer outro pedaço de papel. Afinal, alguém deve dar suporte aos nossos militares, ou não?
· Sendo o mar um ambiente inóspito por natureza, os tripulantes ainda são obrigados a cumprir expediente entre o enjôo e o serviço, embora o navio esteja em um período dedicado à vida operativa. Um mínimo de descanso e conforto é necessário ao marinheiro para que realize suas tarefas a contento e ajude a diminuir o stress que naturalmente surge em condições de afastamento e confinamento.
· Por último, o que considero mais desrespeitoso: obrigar a tripulação a baldear e pintar o navio no dia do regresso de uma comissão, sem ao menos terem tido a chance de verificar como estão seus familiares. A pintura não pode ser - ou transparecer que é - mais importante do que nossas famílias.
ROTINA E ADMINISTRAÇÃO
· Consideramos como nossas prioridades administrativas a desburocratização, a impessoalidade (nisto também subentendida a extinção do queromarinst, a mais arbitrária, arcaica e amadora forma de gerência existente), a definição de objetivos claros que devam ser alcançados e de prazos razoáveis a serem cumpridos – todas as nossas tarefas costumam ser "pra ontem", revelando o descompasso do nosso planejamento organizacional – , e o uso racional do dinheiro público. Por isso, não aceitamos pintar o piso para a visita de uma autoridade, ou pintar o navio antes mesmo de atracar, após três meses de comissão, como se retornasse da Terra-do-Nunca: isso é desperdício. Não aceitamos que se sirvam banquetes para autoridades, e depois compensem com semanas servindo macarrão com salsicha para a tripulação: isso é desrespeito. Inclusive, se há a coragem moral nesta Força de que tanto se ouve falar nas Praças d´Armas, então que se sirva para as autoridades extra-MB que visitarem nossas OMs o mesmo rancho que comemos diariamente. Esta é a melhor maneira de protestar pelo corte de nossos recursos. E, que, finalmente, a Marinha entenda que manutenção de limpeza e arrumação não é nossa função constitucional. Enquanto houver Capitães-de-Fragata passando os dedos com luva em cima de armários não poderemos nos concentrar nas tarefas que realmente importam.
· Assim como eu chego sem atrasos todo dia, em um horário definido, gostaria que a licença fosse cumprida desta mesma forma. O licenciamento não é um favor, muito menos concessão do comando: é uma obrigação com o militar que já cumpriu seu expediente diário. Não há como solucionar todos os problemas da MB em um único dia (e cabe ressaltar que a maior parte dos nossos problemas são explicitamente gerados pelas idiossincrasias de nossos oficiais superiores e almirantes, que desejam governar este órgão como melhor lhes parecer, satisfazendo suas prioridades pessoais e relevando as da organização). E se for necessário ficar após o horário, que haja compensação noutro dia. Além disso, a maior humilhação à qual me sujeitei durante estes mais de quatro anos de oficial foi suplicar, diariamente, para poder ir embora após cumprir meu expediente. Nós simplesmente não temos que nos despedir, como um ato de educação, mas ficamos atrelados a uma AUTORIZAÇÃO para irmos embora, o que gera um mal-estar horrível após ser repetido duas centenas de vezes, e ainda nos atrasa, em pelo menos, quarenta minutos por dia, tempo médio para vencer as filas dos nossos superiores nas mais diversas instâncias.
· Num passe de mágica, algumas autoridades pensam que podem apagar, através de confraternizações, o dia-a-dia estressante que impõem aos oficiais subalternos e intermediários, tornando todos "uma família" imediatamente. Essas confraternizações são marcadas, em geral, fora do horário de expediente, e são compulsórias, tornando-se um prolongamento (realmente longo) deste. Minha geração não troca o convívio de suas famílias por amigos de copo, e amizade verdadeira não exige comparecimento contrariado. Se todos estivessem satisfeitos, o congraçamento seria conseqüência natural. Quando o coquetel é realizado durante o dia, mostra-se mais um revés interessante: passam-se três horas ou mais de expediente no evento, e julga-se que isso não é errado – esse tempo desperdiçado exige, invariavelmente, uma dedicação suplementar para resolver as tarefas negligenciadas. Mas quando é necessário a um oficial sair mais cedo para resolver um problema, ele fica sendo mal visto. Isso é um exemplo clássico da nossa cultura: pode-se matar o expediente para beber, mas não para tratar de nossa vida pessoal.
· Como resultado de alguma carência afetiva, certas autoridades ficam nervosas se não receberem o bom dia, ou o boa noite. Esta é uma frivolidade que deve ser encarada da seguinte forma: as pessoas têm coisas mais importantes para fazer do que dar boa noite compulsoriamente umas às outras. Esse evento ocorre naturalmente ao haver um encontro fortuito entre duas pessoas educadas, e não deve ser objeto de recomendações intimidadoras ou ordens de parada.
· Por se falar em parada, esta consiste em uma das melhores formas de desperdiçar mão-de-obra. Como se ninguém soubesse sua função na OM, reúnem-se os oficiais para se despacharem ordens geralmente de caráter individual, ou se fazem verdadeiros grupos de discussão sobre assuntos aleatórios e fantásticos, enquanto todas as praças aguardam em formatura. Em suma, a OM fica parada por quase uma hora e depois se estende o expediente após o horário. Definitivamente, isso não é GQT. A parada pode ser feita por e-mail e os assuntos individuais, tratados individualmente...
· Assunto grave e delicado: caixa de economias. Se, hoje mesmo, o governo dobrasse nossa etapa de alimentação, melhoraríamos o padrão do nosso rancho ou dobraríamos nossa receita? Se é difícil trabalhar na escassez do orçamento, que se apliquem pelo menos os recursos corretamente na sua previsão legal. Não existem "sobras lícitas", pois na realidade não há sobras. Esta sobra artificial é criada quando se estipulam metas financeiras a serem atingidas em detrimento da qualidade de vida de nossas tripulações; como, então, exigir comprometimento? Como ser leal com quem nos retira o bife para comprar parafusos, tinta e souvenires para autoridades? Se não há previsão orçamentária para nossas despesas correntes e manutenção dos meios, então que nossos almirantes parem de ter medo de apertar quem se deve, nosso governo (se bem que apertar a própria Força é mais fácil e não arrisca a nomeação para cargos na ONU), e EXIJAM que sejam repassados os recursos necessários. Mas o que vi todos esses anos é que é mais cômodo exigir a excelência dos mais modernos, exaltando a "criatividade", como ouvi em tantas Ordens do Dia, quando na verdade não existem ferramentas adequadas, computadores em condições de uso ou nem sequer pano para limpeza, que deve ser reaproveitado até depois de rasgado. Esse é o exemplo de coragem e abnegação a ser seguido no Bicentenário de Tamandaré?
· Finalmente, o mais grave, por se tratar de crime: química. É inadmissível que se exija dos subordinados que se mascarem notas fiscais a fim de burlar o controle orçamentário que a própria Marinha idealizou e exportou para a Administração Pública com tanto orgulho. É desnecessário me aprofundar neste tema, mas eu alerto a todos que julgam que "os fins justificam os meios" que a grande quantidade de oficiais descontentes que foram aprovados como Analistas do TCU e na Polícia Federal recentemente pode vir a mudar o destino de quem tem grande prazer em resolver os problemas de bordo a qualquer custo, se achando acima da lei, ou que pensa que pode se explicar a um magistrado dizendo que o fez "em prol do serviço". Oficiais que desejam fazer o que julgam correto são mal vistos e retirados de suas funções para não atrapalharem o "bom" andamento do serviço. E isso também se aplica à venda ilegal de óleo combustível.
Embora não haja espaço nesta carta para citar todos os nossos vícios, como, por exemplo, a forma amadora de condução do reparo de um navio, esses são, no meu ponto de vista, alguns dos principais problemas geradores da desmotivação que se alastra pelos Oficiais Subalternos e Intermediários na Marinha, e são a causa do êxodo que vem ocorrendo. Eles são mutáveis, pois são concernentes à postura das nossas autoridades. A pena que as FFAA e, em especial, a Marinha, pagará, se não corrigir este problema postural, será ter uma lacuna irreparável em seus postos a médio e longo prazo. Se nossos almirantes decidirem descer dos pedestais e encararem a situação como homens valorosos que são, entenderão que este é um momento de guerra e medidas difíceis devem ser tomadas. Entendam: esta Força, como hoje conhecemos, não vai subsistir, nem de um modo, nem de outro. Se essas mudanças não forem feitas agora, as baixas em massa serão cada vez mais freqüentes e mais fortes, e, quando o remanescente da minha geração chegar ao comando, as fará. Se forem tomadas agora, a Marinha se tornará um lugar agradável de se trabalhar e muitos corações que hoje estão inclinados a sair podem retroceder. Não se enganem, existem Aspirantes do 2º ano estudando para concursos, e também Capitães-Tenentes em postos-chave, sendo que a média de espera para aprovação em um concurso é dois anos. É uma decisão a ser tomada rápido, antes que haja um colapso administrativo, e não existe como prender as pessoas com ameaças de indenização de cursos – o que, aliás, é inconstitucional.
É hora de rever as políticas de motivação e de aposentar o "Manual de Liderança da Marinha": parar de movimentar militares contrariados quando houver voluntários; respeitar a programação de férias que o militar fez com sua família com seis meses de antecedência; não tocar regresso geral fim-de-semana para comparecer a uma regata (teoricamente, isso é lazer); não exigir de todos nós que demos um "jeitinho" quando não houver previsão orçamentária (o famoso "fazer no amor"); não colocar como prioridade do nosso serviço o apito para lanchas de autoridades, sob o risco de receber uma mensagem exigindo apuração do fato; parar de achar que nossa oficialidade vai ter como sonho de vida tão somente esperar talvez ser Almirante dentro de trinta anos. Estas medidas surtirão muito mais efeito na qualidade do nosso trabalho do que qualquer "Programa Netuno", recém-divulgado, que já nasce com uma incongruência típica: enquanto toda a Administração Pública Federal terá oito anos para sua implementação, a Marinha implementará seu "pacote de qualidade" em um ano, com a famosa fórmula "embrulha e manda", se valendo do mascaramento de índices e avaliações.
Quanto a mim, sei que vou servir melhor ao meu País no TRE do que na Marinha, porque cansei de servir com amadores. Cansei de jogar dinheiro pelo ralo e de ver boas idéias se perdendo num labirinto de vaidades, priorizando-se limpeza e arrumação ao invés de segurança nacional. Cansei de pertencer a um celeiro de alcoólatras e pais ausentes; terei efetivamente tempo para me dedicar à minha família e viver dignamente, como não faço desde 19 de janeiro de 1998. E se alguém que ler esta carta se propuser a refutar meus argumentos, estarei à disposição, pois nunca fui de me fechar ao debate por uma simples questão hierárquica.
MARCIO DE ABREU PRAÇA CARDOSO
Primeiro-Tenente (RM2)
Analista Administrativo TRE-RJ
Os Barbonos vão deixar tirarem o CMT Geral? Vamos mostrar força ...juntos somos fortes.
Coronel,hoje na PEMERJ,já temos muitos 1º Tenentes e Capitães,estudando em faculdades para concluirem o 3º e outros que já concluítam o 3º estão em cursos preparatórios de concursos públicos,isto quer dizer que a grande maioria não está mais satisfeita com os salários ridículos,as condições de trabalho péssimas,a falta de reconhecimento do ser humano PM, a falta de respeito da sociedade com a PM,a falta de incetivo da corporação nun geral para com os PMM.Acredito que muito em breve,teremos desfalques de HOMENS QUE SERIAM IMPORTANMTES NESTA INSTITUIÇÃO CHAMADA PMERJ COM 200 ANOS.
DESTA FORMA ESTOU DE ACORDO COM O EX TEN DA MARINHA,POIS ASSIM NÃO DÁ.
OU MELHORA OU ENTÃO VAMOS A FICAR VENDO NAVIOS EM ALTO MAR.
JOÃO DO MEIER
Cel. Paúl:
Estou à dias para fazer este comentário, mas acabo sempre achando que ele seria desnecessário. Hoje abro sua página e leio novamente o artigo, falando sobre ACORDOS TÁCITOS, e dentro do referido artigo, mais uma vez o Sr. fala da morte dos policiais covardemente assassinados.
Cel., fui ao sepultamento dos Heróis Sociais, e como pude observar, noto que mesmo diante da barbárie, parece que nossos Policiais ou já estão cansados da rotina do Cemitério Jardim da Saudade, ou não tem idéia que mesmo não conhecendo os colegas assassinados, poderiam estar lá fazendo com sua presença, mesmo que silenciosa, um grande "Grito" para que nossa Sociedade e nossos Governantes entendam melhor o problema que passam.
Achei que haviam poucos Policiais. Naturalmente os que ali estavam, representaram muito bem a PMERJ, mas achei pouco em quantitativo. Precisamos de muitos...
Se os próprios Policiais não tomam uma posição de união, mesmo diante dos colegas de farda tombados, quem o fará????
Quando morre um marginal, a comunidade toda comparece.
Quando morre um (dois) HERÓI, onde está a sua comunidade????
Um abraço,
CHRISTINA ANTUNES FREITAS
CHRISTINA ANTUNES FREITAS,mais uma vez parabéns, vc falou a verdadde , se a comunidade PM não está unida o que esperar dos outros?temos que concientizar estes homens,PRINCIPALMENTE CADA COMANDANTE DE BATALHÃO NESTAS HORAS DEVERIA DESIGNAR POLICIAIS MESMO DE SERVIÇO PARA RENDEREM HOMENAGEM A ESTES HERÓIS.A CONCIENTIZAÇÃO TEM QUE PARTIR DO TOPO E NÃO DA BASE.
TEMOS QUE MELHORAR A CONCIENTIZAÇÃO DE CADA COMANDANTE DE BATALHÃO,PARA QUE TENHAM MAIS CORAGEM E PERMITAM QUE COLEGAS PARTICIPEM DESTA HOMENAGEM.
JOÃO MEIER
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