BELTRAME: OS CINCO ANOS DE SUCESSO DO “SHERIFE” DO RIO.

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José Mariano B. Beltrame, Policial Federal, comanda a segurança pública do Rio de Janeiro há quase cinco anos, sendo o secretário de segurança de maior sucesso em termos de mídia de toda história.

Beltrame é o cara!

Eu pertenço a um diminuto grupo, certamente composto por desinformados, que ousam tecer críticas contra a sua maravilhosa gestão pacificadora do município do Rio de Janeiro.

O fato de criticar duramente Beltrame fez com que optasse por escrever esse artigo, como se fosse uma autocrítica, no qual só citaria as grandes realizações do secretário no seu período de gestão. Para obter mais subsídios sobre o tema, solicitei o apoio dos leitores no sentido de que indicassem realizações na área da segurança pública fluminense. Apesar de ter reiterado o meu apelo no blog, não recebi nenhuma contribuição dos leitores, portanto tive que limitar as minhas considerações apenas com relação às ações que relacionei inicialmente.

No intuito de ser o mais justo possível, preliminarmente, faço uma redução.

Beltrame não pode ser considerado secretário de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, isso nunca, pois as suas ações "positivas" se limitaram ao município do Rio de Janeiro. Portanto, o tratei como um secretário municipal de segurança, não cobrei a sua inércia em termos estaduais.

Não tratei também da valorização ou da qualificação dos Policiais Militares e dos Policiais Civis, pois nesses cinco anos ele não teve tempo de investir nessas áreas. O simples fato de continuarmos sendo os policiais mais mal pagos do Brasil, após cinco anos de gestão, representa bem que nada foi feito na direção do policial.

Na busca por uma análise justa, centrei nas conquistas mais festejadas pela imprensa.

As Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) são o carro chefe de Beltrame, a medida que deu fama ao secretário. Ele aproveitou uma modalidade antiga de policiamento na PMERJ, os Grupamentos de Policiamento em Áreas Especiais (GPAEs), mudou o nome e multiplicou várias vezes o efetivo que era empregado. Beltrame pegou os jovens PMs e os colocou nas comunidades, tendo containeres como base e alojamento, alegando urgência na aplicação do projeto. Para evitar os confrontos com os traficantes, Beltrame deu aviso prévio aos traficantes, o que permitiu que todos saíssem com seus fuzis para outras comunidades, inaugurando uma nova tática de policiamento: a transferência de traficantes e de armas. A venda de drogas continuou nas comunidades com UPPs, mas a exibição de armas foi terminantemente proibida. No começo do projeto, no intuito de diferenciar UPP de GPAE, chegaram a vender a ideia de que os GPAEs tinham como principal problema o envolvimento dos PMs com o tráfico de drogas, o que não ocorreria com as UPPs, compostas por PMs sem vícios. Tal conceito foi destruído recentemente com a divulgação de um mensalão pago por traficantes para integrantes de UPPs do Centro do Rio de Janeiro. No estágio atual do projeto, menos de dez por cento das comunidades carentes possuem a UPP como forma de policiamento.

As UPPs são a grande vitória da gestão Beltrame.

A retomada do Complexo do Alemão também faz parte das suas vitórias midiáticas, embora tenha sido ofuscada em parte pela “Operação Serra Pelada”, como ficou conhecido o maior saque promovido por forças policiais em comunidades carentes do Rio de Janeiro. Quem não lembra das dezenas de traficantes fugindo pela mata, aliás, devem estar fugindo até hoje considerando que os presos na retomada não encheram uma kombi, contando os que se entregaram. Atualmente, o Complexo do Alemão é uma área do Rio de Janeiro que está sob intervenção federal branca, pois quem manda no local é o Exército Brasileiro, embora a intervenção não tenha sido oficializada.

Eu tinha relacionado como conquista da era Beltrame a diminuição de alguns índices criminais, conforme os números divulgados pelo Instituto de Segurança Pública, órgão vinculado ao secretário de segurança. Todavia, como a redução de homicídios anunciada foi contestada dias atrás, melhor não seguir esse caminho, em face dos possíveis erros nos índices.

Penso que no campo operacional, essas três sejam as grandes conquistas de Beltrame nesses cinco anos.

Por sua vez, no campo administrativo, só consegui encontrar uma, certamente em razão das minhas deficiências na memória: a terceirização de parte da frota operacional da Polícia Militar.

Todos lembram o estado das viaturas da PMERJ no primeiro ano do governo Sérgio Cabral (PMDB), isso em 2007, quando eram verdadeiras sucatas ambulantes, herdadas do governo anterior. Beltrame ao invés de tentar resolver o problema fornecendo verbas específicas para a Corporação consertar as suas viaturas, algo que não acontecia e que resultou no sucateamento, pois os poucos reparos eram feitos com a verba da comida; resolveu “inovar” e trouxe para o Rio de Janeiro o modelo adotado na Bahia, inclusive contratando a mesma empresa, apesar de na Bahia o contrato ter dado cadeia para muita gente, inclusive Coronéis da PMBA. Assim, terceirizou a compra e a manutenção de parte da frota operacional, o que fez com que nós pagássemos quase R$ 120 mil por cada viatura marca VW, modelo Gol, em trinta prestações. O contrato é alvo de um Inquérito Civil Público (ICP) instaurado pelo Ministério Público (MP). Novamente, tentando ser justo e considerando o ICP, esclareço que nem todas as viaturas operacionais da PMERJ foram incluídas nesses contratos, uma grande parte continua sendo consertada com a verba destinada para a comida, assim como, todas as viaturas das áreas correcional, inteligência e administrativa são consertadas com os recursos que são economizados na alimentação dos PMs.

Penso que essas sejam as principais conquistas da gestão Beltrame nesses cinco anos, conquistas que o transformaram no melhor secretário de segurança que o (município do) Rio de Janeiro já teve, situação que resultou em algumas premiações e incontáveis reportagens.

Para alcançar todo esse sucesso, em pouco mais de quatro anos, Beltrame nomeou quatro Comandantes Gerais da Polícia Militar, três Chefes da Polícia Civil e um falso Tenente Coronel do Exército.

Em quatro anos e sete meses dessa maravilhosa gestão Beltrame, 30.810 pessoas foram assassinadas no Rio de Janeiro, mas ele não tem nenhuma responsabilidade sobre esse “genocídio”.

Beltrame é o cara!

JUNTOS SOMOS FORTES!

PAULO RICARDO PAÚL

PROFESSOR E CORONEL

Ex-CORREGEDOR INTERNO