sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

PONTOS DE AUTORIDADE - TENENTE DE POLÍCIA BARRIM

O artigo que posto a seguir foi copiado do blog www.diariodeumpm.net/
Esse blog tem como autor o TENENTE DE SOUZA e o artigo é da lavra do TENENTE BARRIM.



"Antes de eu começar o assunto, vou elencar alguns fatos sobre a “reação” à passeata de domingo:
1. Havia uma tropa de choque baseada no pátio do 23º BPM à postos a “usar os meios necessários” contra os manifestantes.
2. Foram escaladas
policiais femininas (no serviço extra, logicamente) para “usar os meios necessários” contra as outras combatentes do sexo feminino manifestantes ou, quiçá, contra as mulheres e mães dos policiais militares presentes.
3. Foram escalados todos os oficiais subalternos do 23º BPM e para eles foi paga a seguinte missão: identificar somente os oficiais mais modernos presentes à manifestação.
4. Isso tudo após a “recomendação” da cúpula da PMERJ acerca de possíveis punições administrativas para quem comparecesse à passeata.
5. Depois do evento, a mídia deu destaque acima da média ao evento. Em um crescendo a reportagem principal do “
O Dia Online”, do “Globo Online”, do portal “G1”, etc. Porém, depois do clássico estadual, começou o adágio que virou lento no dia seguinte que poderia ser definida numa headline: “Ameaças de punição esvaziam protesto de PMs”, e ficamos nesse ritmo até agora.

A palavra Autoridade é um conceito que deriva do latim auctoritas, que por sua vez é antônimo de potestas. Potestas significa a o poder coercitivo do Magistratus (questor, censor, pretor) romano, muito bem retratados em filmes como Ben – Hur, Calígula ou Spartacus. Esse conceito coercitivo confunde-se com a primeira definição contemporânea de Bobbio sobre “Autoridade”, que seria a definição de diretrizes sob pena de sanções físicas. Já a auctoritas é o poder do Senador romano, do representante do povo, do embrião do Legislativo moderno.
Como um pai que espanca o filho ou o marido que bate na mulher, a autoridade do comandante geral vem mudando de perfil. Quando é necessária a aposição de forças de choque para controlar uma parte da tropa ou até familiares dessa massa, e mesmo assim, haviam pessoas dispostas a se manifestar pacificamente, percebe-se que nem a potestas está funcional. O antigo comandante geral, em 2007, fez um pedido ao mesmo grupo que não se realizasse uma passeata. Embora largamente discutido, antes e depois do momento, o pedido foi aceito de fato. Ficou claro que este, sim, tinha autorictas, tinha ouvidos a lhe escutar até entre oficiais “rebelados”.

O poder do atual comandante geral, como disse anteriormente, parece que se deslocou para uma forma de imposição meramente punitiva, saindo da definição racional-legal consagrada pelo sistema democrático. Parece lógico que este poder baseado na sanção administrativa não funcione, pois não tem receptividade num estado democrático de direito. O atropelo das liberdades e garantias não está resumindo-se apenas aos manifestantes. O cerco militar à Rua Aristides Espínola, creio eu, que tenha causado transtornos aos próprios moradores do Leblon. Enquanto isso a passeata deslocou-se pela rotineiramente interditada área de lazer da orla marítima, e, estava acertado previamente que a passeata não adentraria a rua onde reside o governador.

Alguns não percebem, mas o perfil do
Policial Militar mudou nos últimos anos. Para o desespero de alguns, até os Soldados mais modernos possuem nível superior, por exemplo. A grande maioria está esclarecida quanto aos seus direitos e garantias de cidadão pleno. A CRFB/88 não estabelece exceções para quem é cidadão ou não o é. Além das headlines, manchetes, fatos e versões: mesmo com ameaças ilegais de sanção, a marcha democrática foi um sucesso.
Texto de autoria do 1º Tenente Barrim. Mais uma de
suas ótimas contribuições. O primeiro de uma série de textos que virão por aí."
Parabéns Tenente de Polícia DE SOUZA.

Parabéns Tenente de Polícia BARRIM.

JUNTOS SOMOS FORTES!



PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CIDADÃO BRASILEIRO PLENO

2 comentários:

Anônimo disse...

É, Cel Paúl... como se vê, o atual modelo de Segurança Pública está esgotado. E aqueles que querem mantê-lo não resistem mais à confrontação dos fatos: estão velhos, anacrônicos e obsoletos.

Turma 76

Anônimo disse...

Será que se fosse uma Marcha do MST teriam usado aparato tão "forte". Duvido que usariam, ois seriam taxados de antidemocráticos. Como se vê é fácil controlar quem tem registro funcional e endereço certo!!!!!