terça-feira, 25 de outubro de 2011

PESQUISA DO IPEA DESMORALIZA A "FARSA" DA REDUÇÃO DOS HOMICÍDIOS NO RIO DE JANEIRO.

JORNAL DO BRASIL:
Falsa queda de homicídios no Rio é escândalo, diz membro do Ipea.
Ana Claudia Barros
Autor do estudo que identificou indícios de manipulação nas estatísticas oficiais de criminalidade do Rio de Janeiro, o economista Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), espera que o trabalho funcione como um alerta para evitar distorções de dados no futuro.
Em entrevista a Terra Magazine, ele explicou o que o levou a se debruçar no tema: o alarde em torno da suposta significativa queda das taxas de homicídios no Estado. Nos números oficiais, a quantidade de óbitos ocasionados por agressões de terceiros havia recuado de 7.099, em 2006, para 5.064, em 2009, conforme o divulgou o Instituto de Segurança Pública (ISP).
A pesquisa desenvolvida por Cerqueira, entretanto, levantou suspeitas em relação aos índices, que indicavam um decréscimo de 28,7% nos assassinatos entre 2006 e 2009 no Rio de Janeiro. E mais: observou que, a partir de 2007, início do primeiro mandato do governador Sérgio Cabral (PMDB), houve um crescimento considerável de mortes violentas sem causas esclarecidas.
"É um verdadeiro escândalo. Para se ter uma ideia, em 2009, foram registrados 5.064 homicídios no Estado do Rio de Janeiro. E foram registradas 3.615 mortes indeterminadas. Destas, 538 morreram por perfuração feita por arma de fogo, mas mesmo assim, os óbitos foram classificados como indeterminados."
O pesquisador do Ipea acrescentou: "Um outro dado estarrecedor: dessas 3.615 mortes indeterminadas, em 2.797, o sistema médico legal não conseguiu definir qual foi o instrumento ou o meio que gerou o óbito. Então, sabe-se que foi uma morte violenta, mas não sabe se foi arma de fogo, facada, envenenamento, pancada. Não tem a definição do instrumento. Isso é uma afronta ao Estado de Direito, ao direito do indivíduo de ter reconhecido corretamente o fim de sua existência. Então, nós fomos investigar e tentar, além disso, entender quem são esses caras que morreram de morte indeterminada e se seria possível fazer aquilo que o sistema médico legal do Estado não fez: determinar qual era a causa da morte. Fizemos todo um trabalho estatístico para reclassificar aqueles óbitos oficialmente registrados como indeterminados."
A partir da reclassificação, a pesquisa chegou à conclusão que além dos 5.064 homicídios notificados em 2009, teriam acontecido naquele ano, outros 3.175 óbitos ocultos. Ou seja, havia 62,5% a mais de assassinatos no Rio de Janeiro do que apontavam as estatísticas oficiais.
Indagado se essa discrepância teria sido motivada por incompetência ou fraude, respondeu:
"Só existem essas duas possibilidades. Agora, não sei te dizer qual é. Sei te dizer, por exemplo, se a moeda está viciada. Agora se está viciada porque na hora de produzi-la alguém calibrou o peso de forma errada, fez isso de propósito, não sei."
Confira a entrevista (leiam).
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

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